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Rainy Night Street 
Part Two (The hard way to heaven)
Capítulo Décimo Oitavo

        Não que estivesse se sentindo pior do que antes, os sintomas do resfriado e da febre tinham amenizado.

    Então, presumiu que devia ser efeito do remédio a sonolência fora do normal, sua cabeça estranha como se tivesse sido parcialmente esvaziada.

   Quase como se tivesse acordado de ressaca.

   Nem tinha ainda despertado totalmente quando a porta de correr do quarto abriu, a claridade momentânea deixou Lian confuso e irritado.

   Mas, tratou de se conter quando Sagano passou pela porta e a fechou em meio a investida de seus olhares, Sagano lhe sorriu com um cigarro aceso pendurado nos lábios.

_Que bom que acordou, tinha mesmo a intenção de averiguar se sua febre tinha cedido por completo.

     Lian ainda estava deitado na cama, seu corpo pesava sobre o colchão mais do que deveria. Não sabia exatamente o que dizer quando o professor sentou-se na beira daquela cama e mais uma vez tocou sua testa espalmando numa carícia a palma da mão.

    Não era apenas o toque que demorava um pouco mais que deveria, como também o cheiro do cigarro aceso, pendurado nos lábios de Sagano.

_A febre cedeu finalmente, Lian..._ O professor disse segurando o cigarro entre os dedos, sem deixar de perceber que o olhar de Lian seguia o cigarro._ Que cabeça a minha... Quer que eu apague o cigarro? O cheiro deve estar te incomodando.

_Na verdade..._ Lian retrucou sentando-se na cama, um pouco sem jeito por sua camisa estar totalmente aberta._ Poderia me arrumar um cigarro?

_Sério? Não fazia ideia que fumava... Pode ficar com esse, meu maço está no outro cômodo.

    Antes de responder, Lian se apossou do cigarro antes entre os dedos de Sagano e tragou tão forte que quase deixou o cigarro na guimba numa tragada apenas. 

   Na realidade fazia dois anos que não fumava e que não sentia um ímpeto tão forte de dar um trago, mal Lian sabia do quanto Sagano achava sensual dividirem o cigarro, suas salivas misturadas na ponta do cigarro era como um beijo indireto.

_Eu precisava disso..._ Lian retrucou expulsando a fumaça pelo canto da boca._Desculpe dar tanto trabalho, Sagano-Kyoushi.

     Deu mais um trago dos bons reduzindo o cigarro a uma guimba, se dando conta que não apenas sua blusa estava aberta, como também sua calça.

_Espero que não se importe... Tive que despir um pouco seu corpo por causa da febre.

    Achou num desvio de olhar casual um cinzeiro discreto no criado mudo e apertou a guimba ali, o que dizer afinal? Lian não estava ligando para nada, sua cabeça ameaçava a latejar e sentia-se péssimo de muitos modos. 

      Estava acima de tudo irritado consigo mesmo. 

   Como podia se permitir ficar tão miseravelmente perdido pelos atos estúpidos de Fake? 

   A ponto de não saber o que fazer caso levantasse daquela cama, estava de novo dependendo de alguém que pouco conhecia na verdade.

   Já não tinha visto este filme? E acabara muito mal.

   Em suas divagações intensas e íntimas, nem se dera conta de como o olhar de Sagano estava preso em sua pessoa, nem na proximidade de ambos sentados na mesma cama.

_Lian?... Não é apenas o resfriado, é?

_Não quero encher sua paciência com problemas pessoais..._ Lian retrucou evasivo, seus joelhos dobrados diante de seu corpo._ Já fez muito por mim.

_Já que parece estar tão grato... Me responde uma coisa? 

_O que?..._ Quando Lian pensava: "Adoraria que arranjasse outro cigarro, merda..."

_Por que mentiu para mim quando perguntei se era gay?

     De novo Lian se arrepiou, porque esse tipo de pergunta ou comentário sempre vinha num cochicho que o desnorteava e causava-lhe arrepios breves, mas marcantes.

_Eu não menti..._ Lian respondeu também com a voz baixa, abraçando os próprios joelhos.

_ Oh, mesmo? Então, por que seu namorado ligou para seu celular? Aliás, devo dizer que pelo tom da conversa... Parece que agora é seu ex.

    A voz do professor era tão calma, mas ao contrário dele Lian não conseguiu fingir calma alguma. 

  Fake tinha ligado! O que teria dito? Isso não apenas agitava Lian, mas o tornava vulnerável, irritadiço e triste.

_ Eu não sou gay, tá legal?_ Lian afirmou depositando sua raiva no olhar._ Não fiquei atraído pelo homem, mas pela pessoa por trás do homem... O que aparentemente foi um grande erro.

     Foi o que disse, quando preferia perguntar o que Fake tinha dito, se tinha deixado algum recado... 

      E o mais importante: O que Fake havia dito para fazer o professor pensar que tudo entre eles havia terminado?

     Por outro lado, tinha repetido mentalmente para si mesmo que estava tudo acabado.

     Era mesmo idiota, não podia crer em si mesmo.

     Depois de tudo, alimentava secretamente um fiozinho de esperança que o próprio Lian teimava em desprezar...
    

Fake ~ Rainy Night StreetOnde histórias criam vida. Descubra agora