Capítulo Dois

36 1 0
                                    

É sexta-feira da primeira semana de aula, mas Mylena já não aguenta mais. Sua colega de quarto é uma pessoa... peculiar. Ambas costumavam ser mais unidas no começo do ano anterior, mas se afastaram por conta de outras amizades. Inicialmente, Mylena estava aliviada por ter caído num dormitório com alguém que conhecia, mas não imaginava que essa pessoa seria uma colega de quarto com hábitos tão excêntricos. Aquele monte de barulhos e cheiros esquisitos tomaram conta do cômodo e impediram Mysa de dormir plenamente desde que retornou à A.T.F. Depois de enrolar para levantar, a jovem de cabelos coloridos finalmente toma coragem e sai da cama. Sua colega de quarto, que já está de pé arrumando seus lisos cabelos castanhos, a cumprimenta com um sorriso:

— Bom dia, My.

— Não, papo reto. Como caralhos você consegue acordar tão de boa depois de passar todas essas noites mexendo nesse monte de treco e fazendo esse monte de coisa, hein minha filha? — questiona Mylena sem nenhuma paciência enquanto coça os próprios olhos.

A colega de quarto de Mylena acha graça da situação. Enquanto ainda arruma seus cabelos, a jovem diz:

— My... é que eu tô terminando de montar meu laboratório...— argumenta a jovem — O carnaval está chegando, preciso dar um gás na produção.

Mylena direciona um olhar mortal para sua colega de quarto e respira fundo.

— Produção? E minha produção de serotonina após uma noite bem dormida? — questiona Mylena — Será que nisso você pensa, Paola?

— É claro que penso! — exclama Paola — Olha, My. Eu quero ter uma boa convivência contigo, vai. Pelos velhos tempos, quando a gente andava junto com a Danda, lembra?

— Golpe baixo você resgatar essas lembranças, mas é nelas que eu vou me apegar para não acabar te esganando até o fim do bimestre. — diz Mylena.

— Tá bem, olha, não vai durar muito tempo a barulhada. Eu ainda estou arrumando minhas tralhas aqui no meu laboratório, como te falei. E é muita garrafa, muito galão e tudo mais... e eu toda desastrada acabo deixando cair também... mas os barulhos em breve vão parar, confia. — diz Paola encarando Mylena enquanto agarra os ombros da colega.

— Tá, mas e os cheiros estranhos? — pergunta Mysa com apenas uma sobrancelha erguida.

— Sobre eles, não posso fazer nada.

— Porra! — exclama Mylena cruzando os braços e batendo com o pé esquerdo no chão.

— Calma! — pede Paola dramaticamente — Calma. Isso aí cê acaba se acostumando depois. E poxa, os cheiros nem duram tanto tempo assim, vai... é que eu preciso que algumas frutas fermentem, às vezes vou precisar que o álcool evapore, misturar alguns ingredientes...

— Paola... — diz Mylena irritada enquanto sacode a cabeça negativamente.

— My, me diga, qual é sua fruta favorita? — questiona Paola com um sorriso no rosto.

— Morango. — responde Mysa sem nem pensar muito.

— Tá certo. Vou te presentear em breve.

— Não pense que vai me comprar com cachaça que nem fez com o Pedro. Não tomo cachaça. — afirma Mylena.

— Mas o que acha de uma batidinha de morango mais tarde, meu bem? Uma batida não faz mal a ninguém...

— Deus do céu... me deixa tomar banho, vai. — diz Mylena suspirando e indo em direção ao banheiro.

— Vou encarar isso como um sim! — diz Paola animada.

Às sextas, após o horário de café da manhã e dos dois tempos de aulas de livre escolha, os estudantes da A.T.F. têm aula de artes. As artes no colégio se dividem em artes plásticas, música e teatro. Durante a renovação da matrícula, todos os estudantes podem escolher as disciplinas que querem se dedicar além das obrigatórias. Artes visuais é a aula mais querida de todas, é a aula com o maior número de pessoas inscritas.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 20, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Colégio A.T.F.Onde histórias criam vida. Descubra agora