Um presente do passado

30 6 6
                                    

O vento soprava sobre os meus cabelos, eu podia sentir o sangue daquelas pessoas escorrer pelas minhas mãos.
Eu nunca tinha sentido remorso ao matar alguém, ainda mais pessoas de Kaito, até ouvir a voz daquela pessoa. Eu tinha deixado um escapar.

Me virei para ter a certeza de que não estava enlouquecendo, de que não estava ouvindo coisas. E lá estava ele, seus cabelos longos e ruivos voavam suavemente sobre a brisa, seus olhos em tons de violeta queimavam em fúria.
Ele era a pessoa que eu deixei fugir, o último sobrevivente de Kaito.
-"O que diabos você pensa que está fazendo? Saia de perto dessas pessoas! Quem é você?"- Dizia o homem vindo em minha direção, seus punhos estavam machucados e emanavam algo que parecia como raios, ele lutou contra alguma coisa.

- "Você não precisa se preocupar, essas pessoas já estão mortas. Enquanto a mim, bem, pode-se dizer que eu sou a "juíza" de Kaito."
- "Juíza? tá me dizendo que o que está fazendo, é 'justiça'?"
-"Exato."- Respondi enquanto tirava uma lança negra dos corpos.
-"Você matou pessoas inocentes! Acha mesmo que pode chamar esse massacre de 'justiça'?" - Disse ele vindo em minha direção, colocando sua mão em sua espada, pronto para me atacar.
-"Eu não acho que você vá entender, digamos que o que aconteceu com essas pessoas seja a consequência de suas ações."

-"Ações?"
-"Ha! Você não é daqui, não é? Somente uma pessoa que não é de Kaito não saberia oque aconteceu aqui."
-"Não me vejo na obrigação de explicar algo pra você." - Disse ele desembainhando a sua espada.
-"Ah, eu guardaria essa espada se fosse você." - Falei enquanto me aproximava.
-"E por qual motivo eu obedeceria a você?"

Apontei para as criaturas atrás de mim, suas formas eram semelhantes á de lobos, mas eram sombras, criaturas que podem ser invocadas por uma raça conhecida como Kabus.

-"Você os vê? Se levantar sua espada contra mim, seu destino será o mesmo destas pessoas. E além do mais..."- Avancei rapidamente socando o seu estômago, fazendo-o ficar de joelhos.

-"... Eu estou mandando você guardar a sua espada. Olha, eu não tenho motivos para matar você, então vamos fazer o seguinte: Você vai parar de me atrapalhar. E em troca, eu te dou um presente."
-"Presente...?"
-"Dois, na verdade; O primeiro será deixar você sair vivo, e o segundo é segredo, e então? Você topa?" - Ele deu um leve suspiro, guardando a sua espada.
-"... Tudo bem."
-"Ótimo." - Puxei os seus cabelos, deixando sua cabeça erguida. Em seguida abri um corte em sua mandíbula. Ele não expressou nenhuma emoção, ou sensação de dor, foi a primeira vez que vi alguém assim.
-"Antes de acabarmos, deixe-me dizer mais uma coisa, eu aconselho você a procurar um Clérigo para tentar curar isso aí, caso contrário, o corte irá se expandir até matar você. Você tem 3 dias, boa sorte."

Antes que ele pudesse falar algo, saí por um portal. A situação não era das melhores, só de olhar para aquele homem eu pude sentir meu corpo inteiro tremer, isso nunca tinha acontecido antes. De certa forma, isso me deixou feliz.

Soldier of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora