Capítulo II

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Já faziam 2 dias desde que encontrei aquela garota no reino de Kaito, ela não estava brincando quando disse que esse corte só iria crescer...
Apenas 2 dias e essa droga já tomou uma boa parte do meu rosto.

Passei por quase todos os curandeiros das "melhores" vilas de Kaito, já foram mais de 20, e nenhum deles conseguia fazer essa coisa parar. O corte não era profundo, mas a cada vez que ele aumentava eu sentia uma dor indescritível...

Eu estava perdido em meus pensamentos enquanto vagava em direção ao último vilarejo.

- "Quem era aquela garota? Seu rosto estava coberto com uma máscara que parecia com uma raposa, ela também vestia uma roupa completamente preta que cobria todo o seu corpo."

- "Senhor?"

- "E aquelas coisas que estavam com ela? Pareciam lobos mas eram totalmente negros e destorcidos..."

- "Senhor, você está bem?"

Senti uma mão fria tocar o meu ombro, e sem querer, acabei socando a pessoa que estava tentando chamar a minha atenção.

- "Qual o seu problema?! Não pode chegar assim nas pessoas! Você me assustou caramba!"

- "MEU problema?! Você quase quebrou o meu nariz! E eu só tava querendo te ajudar!" - Disse o homem enquanto tentava parar o sangue que escorria de seu nariz.

- "Desculpa, foi reflexo. Mas espera aí, que merda de mão fria é essa? Nem tá frio hoje, você é o quê? A merda de um defunto?"

- "Depois desse soco, talvez eu seja mesmo."

- "O que você quis dizer com "tava querendo te ajudar"? Ah, usa isso." -Disse eu enquanto entregava um lenço a ele.

- "Sua cara tá dormente ou você é burro? Seu rosto tá sangrando. E eu não quero essa droga de lenço, vai saber onde você passou ele."

- "Ah, então é isso... Bem, me desculpe por ter socado o seu rosto, não fiz de propósito." - Dei um sorriso irônico ao ver ele falhar miseravelmente ao tentar parar o sangramento. - "Você vai morrer desse jeito. Aliás, você conhece algum curandeiro dessa região?"

- "Não, caso não tenha notado, eu não sou daqui, mas posso lhe ajudar. E eu não vou morrer por causa de um nariz sangrando, viu? Já parou." - Ele sorriu orgulhoso, como se tivesse vencido uma maratona.

- "Ah desculpa, tenho duas bolas mas nenhuma delas é de cristal. E como diabos você vai me ajudar? Você não me parece um curandeiro."

- "E você me parece um bandido, vai me assaltar? Não sou um curandeiro, mas sou o único por essa região que pode arrumar isso aí."

- "... Tá bem, mas por quê você quer tanto me ajudar? Eu literalmente quase quebrei o seu nariz."

- "Nenhum motivo em especial, eu poderia facilmente deixar você vagar por aí e morrer em 1 ou 2 dias, mas aí eu me sentiria culpado por poder ter feito alguma coisa e mesmo assim te deixei morrer." -Disse ele com um tom sarcástico enquanto nos dirigíamos ao fim do vilarejo.

Seu sarcasmo não foi suficiente para esconder a tristeza que seus olhos demonstravam, era como se ele já tivesse passado por isso.

- "Estamos saindo do vilarejo, aonde exatamente estamos indo?"

- "Ah não se preocupe, não é longe daqui."

Andamos por alguns minutos e chegamos em uma pequena barraca, ela não era das melhores mas ainda era boa o suficiente para uma ou duas pessoas passarem uma noite.

- "Chegamos, pode sentar onde quiser." - Disse ele enquanto abria a porta da barraca. - "Não é um hotel cinco estrelas mas é alguma coisa."

- "Okay, posso sentar aqui?" - Disse apontando para um banco que ficava ao lado de um colchonete.

- "Não."

- "Mas você não disse que eu podia sentar em qualquer lugar?!"

- "Sim, mas não aí."

- "Por que não?" - Falei enquanto me sentava em um dos colchonetes.

- "Porque eu não quero que você sente aí, simples." - Ele dizia enquanto fuçava alguma coisa em uma mochila de aventureiro.

- "Você disse que não é daqui, de onde você é?" - Perguntei enquanto me deitava.

- "Lugar nenhum, só fico vagando por aí curando pessoas. E não se deite, você vai sujar tudo de sangue, que saco." - Ele pegou algumas ervas e as esmagou, fazendo algum tipo de creme.

- "Levanta daí, preciso passar isso na sua ferida."

- "E isso é...?" - Me sentei novamente para que ele pudesse passar aquela coisa em mim.

- "Creme de Nãote." - Dizia ele enquanto esfregava a coisa gosmenta em minha bochecha.

- "Nãote?" - Perguntei curioso.

- "Não te interessa."

Passamos vinte minutos em silêncio, apenas esperando o "remédio", se é que eu possa chamar disso, fazer efeito.

- "O corte não era profundo, mas mesmo assim vai ficar uma cicatriz. O remédio só retira o efeito do encantamento. Se você não se cura, vai precisar que alguém faça isso por você."

- "Encantamento?"

- "A pessoa que fez esse corte colocou um encantamento de corrupção, é por isso que o corte só crescia com o tempo."

- "Entendi, você vai me curar?" - Dei um sorriso sarcástico enquanto ele me olhava com desprezo.

- "Não, não possuo magia de cura, agora se não tiver mais perguntas, pode ir embora."

- "Tenho só mais uma, qual o seu nome?"

Ele suspirou, como se quisesse se livrar de mim o mais rápido possível.

- "Zack, meu nome é Zack."

- "Sou Daiki, desculpa pelo seu nariz, e obrigado pela 'gororoba' que você passou na minha cara. Estou indo agora, até um outro dia."

Zack permaneceu em silêncio e apenas assentiu com a cabeça.
Quando saí da barraca acabei esbarrando em uma garota, seu cabelo era rosa com duas mechas brancas e seus olhos eram rosa com tons avermelhados.

- "Vem cá, qual o seu problema não sabe olhar por onde anda?" - Disse ela enquanto me analisava com raiva.

- "Ah foi mal, você é tão pequena que eu não te vi."

Depois de passar 5 segundos em silêncio, ela deu um leve sorriso.

- "Sou Akali, e você é?"

- "Daiki, e estou de saída." - Enquanto me distanciava dela eu pude ouvir ela dizer a seguinte frase:

- "Cuidado, não vai querer que essa cicatriz se abra de novo."

Ela tinha uma voz familiar, e o fato de saber que eu já tinha ouvido aquela voz antes me deixou inquieto.

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