Rocinha

Problemas

Pedro On

Eu olho a cidade movimentada nessa sexta feira enquanto tenho Flor silenciosa com a cabeça encostada na janela do carro. Eu estaciono o carro e ficamos cerca de uns 5 minutos em silêncio.

- Flor - A chamo tocando em seu braço - Vamos subir, assistir um filme legal e descansar - Digo acariciando sua coxa

- Eu era uma viciada Pedro! - Afirma fechando os olhos deixando algumas lágrimas caírem

Eu a puxo pro meu colo vendo ela chorar feito criança. Seus braços me cercam como se eu fosse sua tábua de salvação.

- Se você não quiser mais ficar comigo eu vou entender - Ela fala com a voz entrecortada pelo choro

- Flor - Suspiro - Eu jamais me afastaria de você por uma bobeira dessa. Afinal, o filho de bandido e alcoólatra sou eu - Falo secando suas lágrimas e arrumando o cabelo que cai em seu rosto

- Alcoólatra? - Ela questiona tocando meu rosto com sua mão que faço questão de beijar

- Sim! Você não me reconheceria bebado - Sorrio sem graça tentando descontrair

- Pedro .... - Me encara sem palavras - Você só tem 21? Não pode ser alcoólatra - Afirma tocando o meu rosto me fazendo fechar os olhos suspirando

- Flor, tem coisas que eu ainda não posso te contar. Não sei se está pronta e nos conhecemos tão pouco ainda - Respiro fundo - Eu não tiro você da minha cabeça, tudo entre nós está indo rápido demais, tão intenso - Afirmo e ela fecha os olhos

- você quer ir embora! - Afirma rude saindo do meu colo já abrindo a porta do carro não me dando chance de entender nada

- Flor - A chamo tentando alcançar sua mão - Ei - Desço do carro rápido dando a volta no mesmo - Eu não vou embora - A alcanço perto do portão onde ela procura a chave veio desesperada na bolsa - Está me escutando? - Digo novamente e ela nem olha pra mim

Eu tomo a bolsa de sua mão a puxando pela cintura. Vou andando até prensar seu corpo no meu carro onde ela geme baixinho.

- Estou falando com você mulher! - Falo com seus lábios roçando nos meus

- Você não precisa ficar por pena - Fala de forma atrevida fazendo-me jogar sua bolsa pra dentro do carro pela janela que está aberta

- Você escutou o que eu falei? Não tiro você da cabeça Flor - Afirmo fazendo um carinho em sua bochecha

- E concluiu com um "Estamos indo rápido demais" - Ela debocha sorrindo. Mulher endemoniada - Já entendi! Já me comeu mesmo né Pedro. Agora pode ir - Ela me empurra enquanto ainda estou digerindo suas palavras

- Eu não sou esse tipo de cara Flor! - Digo puto da vida. Ela nem me conhece caralho. - Está me escutando porra? - Perco a linha falando mais alto enquanto ela está agarrada as grades de frente ao seu prédio chorando

- Já chega Pedro! - Ela pede baixo fazendo minhas mãos virem a cabeça. Onde que você está se metendo Pedro Henrique?

Eu penso em ir embora mais meu coração mantém firme meus pés no chão. Escuto seu choro aumentar tornando meu coração minúsculo. Eu gosto dela.

- Vem cá vem - Digo quando a abraço por trás desejando que ela realmente veja que estou aqui por ela e para ela - Vamos subir - Digo pegando em seu rosto e enxugando algumas lágrimas - O que você acha? - Questiono e ela assente olhando pra baixo

A puxo para o carro e ela abre o portão da garagem com o controle. Sua voz baixa me guia até a vaga e quando desligo o carro ela sai depressa batendo a porta.