2- Medo E Arrependimento

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Depois que ele foi embora percebi que teria que voltar sozinha para casa e isso me deixou com um pouco de receio por isso liguei envergonhada, por ser bem tarde, para Mathew e pedi que ele me acompanhasse até em casa. Passando uns 15 min ele chegou e foi até mim.
-boa noite senhorita Rose, desculpe a pergunta mas o que a senhorita faz aqui a essa hora?
-Boa noite Mathew, obrigada por ter vindo mesmo sendo quase 1h da manhã, eu estava com minhas amigas e acabamos por perder noção das horas msm assim achei melhor vir com elas até à estação- eu não podia contar a verdade, ele podia contar aos meus pais, então preferi mentir.
-tudo bem, a senhorita fez bem em me ligar
Quando cheguei em casa dispensei o Mathew pelo resto da noite, não iria mais precisar de supervisão, tomei um banho quente me troquei e finalmente me deitei na cama, mas não estava conseguindo dormir, pois estava com medo do que tinha acontecido, eu podia engravidar, apanhar alguma doença eu sei lá e tudo isso porque queria dizer que não era mais uma criança e no entanto fui tão irresponsável, decidi que logo que acordasse iria na farmácia mais longe que tivesse comprar a pílula e em caso de emergência um teste de gravidez pois poderia sentir algum sintoma nos próximos 3 dias, estava me acalmando de tudo que tinha acontecido, da discussão com os meus pais, da minha irresponsabilidade e assim voltando a ser a garotinha organizada que eu sempre fui. Com a situação controlada, pelo menos psicologicamente, eu finalmente consegui dormir, na manhã seguinte acordei às 7:00h em ponto como era de costume mas dessa vez a minha manhã foi apressada, tomei um duche e me arrumei, coloquei uma roupa bem simples, quando saí do meu quarto fui surpreendida por Hanna que estava me preparando o café da manhã.
-bom dia senhorita, estou a preparar crepes com Nutella e morangos o que vai querer a acompanhar?
-pode ser um suco de laranja natural mesmo- respondi enquanto me sentava num banco à frente da bancada da cozinha e pousando minha bolsa sobe a bancada.
-vai sair senhorita? Ainda é bem cedo.
-eu sei, mas hoje estou com vontade de sair sozinha, passar no Starbucks pegar num café e ir até à biblioteca para estudar já que vão começar as semanas de provas. - terminei de comer o que Hanna tinha me preparado enquanto ela fazia suas tarefas- até já Hanna!!
- até já senhorita, não chegue tarde-ela respondeu, sorri enquanto me levantava do banco e me dirigi para o elevador, eu já tinha tudo planeado eu ia no Starbucks buscar um Frappuccino de baunilha e logo em seguida ir até ao outro lado da cidade, onde tinha uma menor probabilidade de ser reconhecida, procurar a farmácia, comprar dois testes de gravidez e a pílula, como era lógico, voltar para minha cidade para ir para a biblioteca como tinha dito a Hanna (bom pelo menos essa parte era verdade) e assim fiz.
12:19h
Depois de ter estudado na biblioteca por umas 2 horas e meia percebi que já estava ficando na hora de almoçar, peguei meu material de escrita que estava espalhado pela mesa da biblioteca e o arrumei dentro da minha mochila, na saída acenei à dona do estabelecimento (eu vou à biblioteca com bastante frequência mesmo assim ainda não sei o nome dela, só a trato por senhora) quando cheguei em casa Hanna tinha preparado um suflê, sinceramente eu prefiro comidas mais simples mas ela se dedica tanto para nos tentar agradar todos os dias que eu nem ligo mais, almocei com Hanna e no final a ajudei arrumar tudo, logo em seguida fiz o que sempre faço fui para o meu quarto voltar a estudar, ok, a minha vida não tem grande emoção é sempre a mesma rotina e quando tentei fazer algo diferente do meu habitual posso ter estragado a minha vida por completo. Não poderei ir para a faculdade sendo mãe solteira, meus pais me tratariam como "aberração" eu ia ficar por minha conta, afinal era muito provável que fossem cancelar os meus cartões de crédito, ou seja, eu ia ficar sozinha com um filho e sem dinheiro, o meu tempo ia ser dedicado a trabalhar para conseguir nos sustentar ao em vez de estudar, não quero que isso aconteça, mas é o que tiver que ser se ficar grávida não irei abortar de jeito nenhum afinal é minha responsabilidade e minha culpa também, não iria procurar o pai de meu filho não o quero atrapalhar.
Minhas amigas ficavam me mandando várias mensagens mas eu meio que me escondi delas, estava com medo que elas soubessem de alguma coisa, de não conseguir mentir, de ser julgada, eu não sei, muito provavelmente elas iam me ajudar mas eu sempre fui a amiga certinha e arrumadinha do grupo eu estou com vergonha de mim mesma. Passei assim o meu final de semana só me escondendo no quarto e estudando, não tinha tido sintomas até ao momento e tinha tomado a pílula certinha, até que bateu o 3°dia depois do acontecido. Acordei às 7h em ponto como era habitual mas dessa vez acordei com um mau estar na barriga, por isso voltei a dormir já que ainda teria 1:30h para ir para a escola, quando voltei abrir os olhos o mau estar piorou, comecei a sentir enjoos e foi quando percebi o que realmente poderia ser, fui a correr procurar os teste de gravidez que tinha deixado na minha mochila desde sábado, fui até ao banheiro e fiz o que tive que fazer agora o que me restava era esperar e ver o resultado. Aqueles minutos de espera eram infernais, mil pensamentos negativos passavam na minha mente foi então que comecei a ter falta de ar, leves tonturas, o meu corpo tremia por completo, comecei a me desiquilibrar e mal me aguentava em pé, um sentimento desesperador de sufoco me dominou juntamente com o medo de perder o controlo da minha vida. Aquilo era desesperador parecia que eu já nem conseguia mais pensar, mas logo em seguida percebi que estava tendo um ataque de pânico, eles são ataques abruptos de medo intenso ou desconforto intenso que atingem um pico em poucos minutos e são acompanhados de sintomas físicos e/ou cognitivos, ou seja,  era como se eu estivesse lutando comigo mesma, eu tinha lido bastante a respeito, afinal, quando eu era mais nova meu irmão tinha bastantes ataques de pânico, por isso aprendi estratégias terapêuticas para o puder ajudar a saber utilizar já que ele não queria que ninguém soubesse, hoje percebo que errei e deveria ter contado a alguém, mas tentei o ajudar a utilizar estratégias de comportamento, estratégias de relaxamento e estratégias de pensamento (cognitivas) que lhe permitia reduzir e controlar a ansiedade. Fiz como tinha lido e como ajudava o meu irmão, ajudou bastante, minha respiração estava a voltar ao normal, as tonturas estavam a parar, eu estava a voltar a mim. Quando me recuperei me levantei e peguei nos testes para ver os resultados, quando olhei me senti tão aliviada ao ver que tinham dado ambos negativo que logo de seguia saí do banheiro indo logo até meu quarto aos pulinhos, foi então que ouvi alguém bater à porta.
-Pode entrar- gritei
-senhorita está tudo bem? Reparei que a senhora hoje não foi para a escola- falou Hanna enquanto abria a porta e ia espreitando.
-estou me sentindo enjoada só isso, pode ter sido  algo que eu tenha comido, sei lá.-falei enquanto me voltava a deitar na cama para descansar mais um pouco.
-ah tudo bem, quer que lhe traga alguma coisa?
-talvez um chá de camomila
-eu já lhe trago o que pediu- respondeu Hanna enquanto saía e voltava a fechar a porta. Finalmente após 3 dias sem conseguir dormir direito, eu iria ter um sono realmente tranquilo.

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