the other boat ━━ hwang hyunjin

Three

— Eu não quero ela nas mãos do meu avô. Ela parece tão livre. Que injustiça o que o meu avô quer fazer. — Hyunjin comentava baixinho olhando agora as crianças da sua varanda. A garota de antes já não se encontrava lá, mas já tinha muita coisa espalhada sobre ela, chamando-a até de Peter Pan feminina, embora todos saibam sobre o quão mito ele é. — Será que eu levo outro estalo se não fizer isso? Aish, eu queria ser que nem ela. Assim, sem ninguém que me prendesse. Totalmente… Livre. — Se assustou quando ouviu risadas atrás de mim, vendo que duas crianças, incluindo a garota antes citada. — Ei! Não podem roubar comida! Isso é errado.

— Mas você vive numa ilha onde se rouba. — Falou enquanto se saboreava no muffin roubado. — Já agora, seja mais discreto, estávamos ouvindo do outro lado. Quer ir connosco? Daqui a pouco vamos embora.

— Ele parece muito velho, ew. — A que parecia mais nova, falou, fazendo uma careta enquanto mastigava uma pastilha elástica.

— Mas a nossa líder já é maior de idade, irmã. — O mais alto entre todos, mas com rosto bem infantil, comentou.

— Mas eu gosto dela, ela é da família.

— Pera, pera. Vocês são irmãos? 

— Uhum. Porque quatro crianças andariam por aí? Somos cinco filhos.

— Nossa… Eles dois são gêmeos? — Apontou para os que não ligavam nenhuma para o que estava acontecendo, apenas comiam.

— Sim, supostamente são os irmãos do meio. Eu sou o segundo mais velho, e esta pequenina aqui é a mais nova.

— E eu sou a mais velha. A que todos andam procurando. — Sacou um sorriso. — Eu sou estranha, não sou? Então… Somos filhos do Peter Pan, mas só eu que sei voar como ele, pois sou especial, na visão dele e de todos.

— Peter Pan é um mito, garota. E também, você… — Interrompeu-o.

— Então porque é que ele é o meu pai? — Riu. — Crianças, qual é o nosso pai?

— Peter Pan! — Hyunjin arregalou os olhos.

— Só acredito vendo.

— Ouvi dizer que você quer ser livre. O que acha disso…? — Estalou seus dedos e os pés de Hyunjin levitaram, o assustando.

— E-Eu… O que você fez? M-Me coloca no chão por favor. — Estalou os dedos de novo, colocando o garoto no chão.

— Acho que ouvi errado, acho que não era você que queria ser livre.

— Eu sou um pirata!

— Mas nunca quis ser.

— O que você sabe, garota idiota!?

— Um pouco mais de respeito, devemos ter a mesma idade. Você é um Gancho? Sua aparência não é nada parecida com os Gancho.

— Sou filho de uma prostituta… — Assim que falou, Hyunjin sentiu um nó na garganta se formar. 

— E eles vão te matar futuramente, não vão?

— Você sabe demais, não acha?

— Não, sinceramente eu estava escutando a porta do seu avô também, ele tem lá muffins, queria roubar, mas vi que tinha o no seu quarto e viemos aqui.

— Saia daqui, ele quer te capturar. Vai embora por favor.

— Hyunjin… — O garoto arregalou os olhos quando ela pronunciou seu nome. — O que foi? Falhei seu nome?

— Você pronunciou igual à minha mãe. — Segurou a gola da sua blusa, assustando-a de leve, mas não deixou os irmãos intervirem. — QUEM É VOCÊ? — A garota jurou que Hyunjin tinha cuspido nela enquanto falava, mas não se afastou, muito menos se moveu, apenas fechou os olhos por segundos quando ele falou daquela maneira, que praticamente foi a gritar.

— Já pensou que eu posso estar aqui por uma razão e com essa razão eu saiba o seu nome? — Ela falou sério, totalmente diferente do que estava à pouco, totalmente risonha. Hyunjin a soltou. — Tome. — Tirou algo do seu bolso, entregando ao garoto. Era uma fotografia, mas já meio machucada. E nessa fotografia estava Hyunjin. Um pouco mais novo, mas era ele. Todos os detalhes do garoto estavam ali presentes naquela foto.

— Quem te deu isso?

— Leia atrás. — Hyunjin rapidamente virou a fotografia e viu o nome da sua mãe depois de uma pequena frase.

“Por favor, volte para mim.” 

— Você está brincando com a minha cara, não é? Ela foi-se embora para se proteger, esquecendo por completo que tinha um filho.

— Ela mudou a sua vida, tem um homem para cuidar dela. Teve uma menina e ela lembra completamente de você. Sei que não vai acreditar em mim, tanto que pensei noutras formas de te convencer, mas ao ter falado que queria ser livre, eu afastei todos os planos que tinha. O primeiro era te impressionar, fazer acreditar-se que o Peter Pan era um mito, que estava sonhando. Consegui. Arrisquei a vida dos meus irmãos para te encontrar, pois mais vale dez olhos do que só dois. Também somos piratas, mas piratas diferentes, piratas do bem.

— Piratas do bem? — Hyunjin riu. — Isso não existe.

— Existe e estamos bem à sua frente, Hyunjin. Se você quiser ser livre, venha comigo. — Estendeu a sua mão. Hyunjin ficou olhando uns segundo, até ouvir batidas na sua porta do quarto.

— Hyunjin com quem está falando? Abra a porta imediatamente.

— Eles descobriram. Irmãos, vão andando. — Estalou seus dedos e logo seus irmãos saíram. — Hyunjin, se decida. A Terra do Nunca é totalmente livre, você é um bom pirata, eu sinto isso. Por favor. Eu não quero desiludir a sua mãe e não quero que se arrependa da sua escolha.

— Você apanhou-a Hyunjin. Não, pera. Hyunjin, SEGURE ELA! — Hyunjin estava totalmente confuso, ele não sabia o que queria. Seu armário rapidamente tapou a passagem da porta, não deixando Harry Gancho entrar. 

— A escolha é sua. Diga à frente do seu pai que não quer ser pirata e que sabe que vai ser morto.

— Hyunjin Gancho se você não parar com esta palhaçada vai ser muito mau, meu gancho não perdoa.

— EU NÃO QUERO SER PIRATA COMO VOCÊ,PAI! VOCÊ ME DEIXA TOTALMENTE DESCONFORTÁVEL! EU NÃO SOU ASSIM, E EU SEI QUE VOU SER MORTO QUANDO A VAGABUNDA DA UMA PARIR. EU TE ODEIO, SABE? SEMPRE TE ODIEI! ODEIO TODOS VOCÊS. — Hyunjin acabou soltando, recebendo vários pontapés contra o armário, mas seu pai não conseguia entrar.

— SE VOCÊ SAIR DESSA CASA, NUNCA, MAS NUNCA TERÁ MEU PERDÃO. NUNCA MAIS PODE DIZER SER UM GANCHO. PREFERE ISSO?

— EU NÃO SOU UM GANCHO! EU NÃO SOU NADA! EU SOU UM MEDROSO INÚTIL APENAS! — Hyunjin segurou na mão da garota, que sorriu e o puxou dali, recebendo vários gritos dos Gancho, que saíram às pressas de casa, até mesmo seu avô.

— Você fez a escolha certa. — A garota sorriu e encaminharam até o barco, que logo também levitou. — Para a Terra do Nunca!