Prólogo

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A sensação da massa ultrapassando meus dedos é uma das coisas que me causa mais prazer no mundo. Leve ou pesada, fofa ou de manuseio mais difícil, as massas que se formam são poderosas; e eu amo tudo que inclua minhas mãos se movendo para criar algo delicioso. Pães, doces, o que for.

Trabalhar em uma das padarias e confeitaria do meu pai não é um fardo. Não é como se fosse uma hereditariedade. Eu gosto do que estou praticando e não fui obrigado a estar aqui. Desde pequeno me encantava vê-lo fazendo diversos pães. Minha mãe ajudava, fazendo bolos e tortas. Eu cresci em um ambiente de muita fartura e agilidade com os dedos, e acho que isso brotou em mim essa paixão. Pelo criar o que pode ser gostoso. Criar, modelar, pôr gosto e cor aos doces.

— Alan, temos um problema! — Jeny,  uma das confeiteiras e quase minha secretária, surge ao meu lado para dizer.

Não parando de sovar a massa e nem desviando o olhar, espero que ela continue.

— O Will não veio hoje. Ele ligou e disse que só vem amanhã, para pedir demissão.

Eu a olho, inclinando a cabeça, como se não tivesse ouvido.

— É verdade — ela balbucia. — Acabei de desligar o telefone.

— Ele o quê? — jogo a massa no balcão com toda a força. — Ele é o nosso confeiteiro chefe e não pode se demitir assim como um covarde filho da puta!

Jeny se esquiva e olha depressa ao redor, possivelmente para ver se alguém notou a minha exasperação. Quase tenho pena pelo seu corpo miúdo, mas isso foi sim uma covardia conosco. Que grande desgraçado abandonar o barco assim!

— Ele já vinha com essa palhaçada há tempos!

— Eu acho que ele queria a demissão, mas como você não a deu, ele preferiu se demitir.

— Ele foi bastante inteligente — ironizo e apoio as mãos na bancada, soltando uma lufada de ar. — Temos algo importante para hoje?

— Dois bolos de festa e um de casamento. O de casamento os outros confeiteiros conseguem fazer sozinhos, mas esses de festas são infantis e com temas específicos — ela murcha no lugar. — Acho que não vão dar conta sem um especialista. Eu posso tentar cancelar os pedidos.

— Não vamos cancelar porra nenhuma — tiro as luvas e marcho para fora da cozinha, indo ao escritório.

Jeny vem junto comigo, ficando parada em frente a minha mesa quando pego o telefone para ligar para Will. Mas, como infelizmente eu previa, ele não me atende. Nem mesmo na terceira tentativa.

— Você tem o número da esposa dele? — pergunto a Jeny.

— Não tenho. Eu acho que ele se separou, por isso está tão ordinário.

— Isso não justifica — boto o telefone no gancho, pensando no que fazer. — Quais os temas dos bolos?

— Batman, O Cavaleiro das Trevas, e Bob Esponja. Ah, esse do Bob a cliente foi bem específica em dizer que quer a esponja em um bolo de 3 andares.

Grunho, frustrado.

— Temos que achar outro confeiteiro.

— Eu posso dar uma olhada no e-mail de currículos. Mas assim, às pressas, não é muita garantia dar tempo.

— Tenta isso. Eu vou falar com a minha mãe e perguntar se ela pode ajudar na ala da confeitaria.

Jeny concorda e sai depressa, antes de eu capturar o telefone e ligar para a minha mãe.

Que grande forma de começar o dia!





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Olá, amores!!!

Este é o livro do Alan, o filho da Lili e do Aaron

Vamos ver em que se tornou o fruto desse amor tão linnndo 😍

Obrigada a quem estiver comigo em mais um enredo. Minha gratidão sempre e sempre!

Vamo nessa <3<3<3

À Deriva do Amor (NA AMAZON) #4Onde histórias criam vida. Descubra agora