Capítulo 3

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Ao passar pela porta de casa, definitivamente não estou preparada para o abraço que recebo antes que tenha tempo de perceber.

Minha mãe. Ela passa seus braços pelos meus ombros e me dá um abraço quente e acolhedor. Eu me sinto estranha, a princípio. Não é mesmo uma coisa que acontece no meu normal.

— Oi, mãe — olho para frente, vendo meu pai sentado no sofá. Ele está sorrindo.

— Filha, seu pai me contou que você encontrou um trabalho — ela se afasta, levando as mãos ao peito. Parece emocionada, como se eu tivesse conquistado um feito mundial. — Eu fiquei tão feliz por você!

Abro um sorriso e aceno que sim com a cabeça.

— Uma padaria me contratou. É uma confeitaria, também. Eu fiz dois bolos hoje, para festas infantis — divido o olhar entre ela e meu pai. Ele estão, tipo, muito sorridentes ao meu ouvir. — Os meus chefes ficaram satisfeitos com o resultado. Uma equipe bem grande me ajudou. Eu senti um frio na barriga — dou risada, percebendo que também estou empolgada por dividir essa emoção com meus pais.

Faz tempo que eu não dialogo com os dois. E se meu pai contou para minha mãe, significa que eles conversaram, o que também é uma coisa ótima. E agora os dois estão sorrindo, aparentemente alegres.

Isso me deixa exultante.

— Você tem quantos chefes? — meu pai pergunta.

— São dois, eu acho. Tem o chefe maior, que é o dono da padaria e manda em todos, e a namorada dele, que supervisiona a parte da confeitaria. Eles são bem legais, mas a namorada é mais simpática, aparentemente.

— Um casal trabalhando juntos — meu pai aprova —, muito bom. E você se divertiu, querida?

— Eu fiquei nervosa demais — dou risada e minha mãe me acompanha, segurando minha mão nas suas. — Mas deu tudo certo. Foi bem desafiador.

Não me diverti ainda. Quase comecei mal o dia de trabalho, fazendo o dono bonito se esbarrar em mim. Foi um acidente, mas são coisas que se devem evitar. Claro que a porta era larga, mas claro também que a minha largura cooperou para o acidente. Mas essa parte eu não digo para meus pais.

— Nós estamos esperando você para jantar — minha mãe me incentiva a caminhar com ela. — Fiz uma jantinha especial.

— Sério? — tenho certeza que meus olhos estão brilhando. — Obrigada, mãe. Estou mesmo com fome — olho para meu pai no sofá. — O senhor vem também?

— Com certeza, querida — ele deixa o controle da TV de lado e nos acompanha.

E eu sinto meu coração pular no peito, dançando em alegria pelos milagres desse dia.

♡♡♡

Na manhã seguinte, chego quinze minutos adiantada. A Padaria&Confeitaria Chase já está hiper lotada. Eu dou bom dia para quem me ouvir ao passar pelas portas do balcão, e algumas moças sorriem para mim, mas parecem ocupadas demais para responder com voz.

Vou até meu armário, guardar a minha bolsa e pegar um dos três aventais limpos que Jeny me deu ontem. Me uniformizo adequadamente e vou para o salão de confecção dos bolos.

As pessoas já estão com a mão na massa, trabalhando. Não sei o que fazer de início, então me aproximo do segundo homem que falou comigo no dia anterior. Ele está cortando as capas de cima de alguns bolos.

— Oi, bom dia — chamo sua atenção, conseguindo também um sorriso simpático dele.

E isso é muito estranho. Quero dizer, é mesmo muito esquisito e surreal que eu esteja sendo ouvida sem ser ridicularizada. Esse homem parece querer me ouvir e não rir de mim. É muito estranho.

— Bom dia, Aurora — ele continua com sua ação, suas mãos sendo rápidas. — Posso te ajudar?

— É, sim — passo a mão na testa, sentindo que meu coração também bate mais forte. É adrenalina de uma coisa simples. É a primeira vez que chego até um homem para falar alguma coisa. — Eu estou perdida. Não sei o que fazer hoje.

Ele ri, balançando a cabeça.

— Eu entendo. A Jeny não demanda funções quando não temos pedidos de bolos. Fiquei assim no meu primeiro dia. Mas você pode me ajudar aqui, o que acha? — aponta uma fileira de bolos de diversos formatos que estão pelo restante da enorme mesa metálica. — Esses bolos vão para a vitrine depois que decorarmos. Eles tem um padrão, mas eu te ensino, não se preocupe.

Solto o ar, aliviada. É tão novo receber um acolhimento fácil assim. Uma mão para ajudar. Tão diferente que me sinto com uma sensação que não sei explicar.

— Obrigada — dou a volta na mesa, para chegar ao seu lado.

O rapaz continua em seu trabalho, me estendendo rapidamente uma outra faca de cortar bolos.

Começo a imitá-lo, tirando um bolo quadrado da forma, que tem sua base amparada por papel manteiga. Coloco na mesa, e começo a cortar a capa.

— Você trabalha há muito tempo nisso? — ele quer saber.

— Não, é a minha primeira vez — dou um sorriso. Desde ontem, tive muitas primeiras vezes a partir do momento que coloquei meus pés neste lugar. — E você?

— Também é minha primeira vez — ele me olha e ri. — Estou há três meses só.

— E está gostando? — tento segurar o diálogo.

— Paga as contas, então não vou reclamar.

— Entendo... — o olho de relance, vendo que está familiarizado com sua função. — Qual o seu nome?

— Joshua. Joe para os íntimos — ele pisca para mim, o que é tão inusitado que não sei como reagir.

Joshua volta a sua tarefa, mas eu… Começo a respirar como uma pessoa sedenta e necessitada de água. Alguém deu uma piscadela para mim. Sem eu esperar. Depois de uma conversa comum.

— Aurora, preciso falar com você — uma segunda voz me faz levantar a cabeça. É o dono da padaria. Alan. E ele me olha de um jeito esquisito depois que o encaro, me avaliando. — O que há com você? Está com falta de ar?

Eu abro a boca para responder, mas ele balança a mão, desdenhando da própria pergunta.

— Preciso de você — emenda. — Me siga.

Eu olho Joshua, que me dá um outro sorriso, que me tranquiliza. Mal sabendo que me fez quase sentir o coração pular pela boca.

Deixo a faca na mesa e vou atrás do chefe, não acreditando que vou precisar fazer um esforço maior para não parecer uma pessoa de outro mundo.







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Coitada da Aurora

Perdeu o ar com uma piscada

Imagina quando receber a picada

Imagina quando receber a picada

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brinks

Bom diazinho, amoresss! <3<3<3

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