Pero te Extraño

Nada a dizer

Ela foi embora.

Eu a mandei embora.

Não pertencia mais naquela casa.

Nunca havia sentido tão fortemente o arrependimento batendo em minha porta como naquele momento fatídico.

A certeza do que foi feito seria de difícil conserto, me doía ainda mais. Ainda estava recente, mas doía como inferno. O buraco que está em meu coração é de incalculável tamanho, ela se foi. Saber que dei a cartada final, fui covarde a ponto de não pedir que ficasse, que tomei a escolha errada e insisti.

Vivia um luto muito interno, minha vida estava percorrendo sem cor, mas continuará. Estava no escritório olhando para um email que escrevi, mas não tive coragem de mandar. Entrei nas mensagens e o rascunho denunciava a tamanha vontade que tenho em entrar em contato, mas ela provavelmente não iria querer me ver.

Uma semana dolorosa e sem cor, ela se foi e levou qualquer possibilidade de mudança, voltei à antiga Ana Servín de sempre. Guardei os aprendizados com tanto carinho e leveza, mas de forma muito egoísta, apenas para mim.

Não abri os exames, não teria coragem sem ela. Mariana me injetou coragem, liberdade e cor. Sim, ela soube me fazer sentir especial, única e amada sem se esforçar muito. Deixei no testamento a guarda das crianças, caso ocorra o que estava esperando.

Covarde!

Como tirei conclusões sem abrir os exames? Sentia estar perto ou que estava acabando todo o tempo restante para mim.

Mariana não deu um sinal de vida em suas redes sociais nesta semana, me encanta não ter me bloqueado em todas. Todavia desfez amizade comigo em todas!

Juan Carlos apareceu nesta semana para tentar reconciliação, mas ele sabe muito bem que não desejo nada mais dele, apenas que seja um bom pai para nossos filhos e consigamos sobreviver com esse único laço que nos liga.

A semana toda Mariana rondava meus pensamentos, espera... Estou sendo modesta, ela permeia meus pensamentos todos os segundos, minutos, horas dessa infernal semana. Estou cem por cento, focada no serviço, voltei a empresa.

Jorge me fez uma proposta quase irrecusável, aceitei. Agora, qualquer coisa era um tanto faz. Mariana, o que você fez comigo? Me tornou quase dependente da sua presença e doçura que emanava sem ao menos perceber.

Detalhes...

Você o percebe depois que tudo se acaba. A importância também, ela começa te tocar, arranhar e depois abrir um buraco.

Tentei manter a normalidade da nossa casa. Não, minha casa! Meus pensamentos insistiam em fazer a permanência dela, estendiam todos esses 7 fodidos dias.

Não voltamos a normalidade, só parecia ser e estar normal. Estava com saudades da Regina, me cortava o coração saber que muito provavelmente sentiria falta, pois Valentina chorava quase que constante por falta, eu a entendia.

Ainda não sei o que fazer com isso tudo, o buraco no coração, a dor, a falta do seu amor.

Amor...

Talvez, não seja concreto, mas Mariana estar apaixonada por mim, seria quase utópico. Uma mulher tão jovem se apaixonando por uma mulher que não é fácil, não é dócil e, provavelmente, não faria tudo da forma que esperasse.

Isso ainda não entrava em minha cabeça. Eu a amo? Sim? Minha intuição dizia sim! Não só a amo, como sinto falta, completamente.

Cecília e Rodrigo me perguntavam com frequência do porquê Mariana ter saído da mansão, ter nos deixados. Respondi que ela assim desejou, mas a verdade me crucificava o peito.