CAPÍTULO 1

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  Tudo começou quando aquela garota chegou na sala de aula, ela era um mistério para todos, por semanas ninguém ouviu sua voz nem mesmo os professores, soube que professora Martha convocou uma reunião com seus pais mas ela não quis dar nenhum detalhe sobre a conversa para ninguém.

  O dia estava sendo como qualquer outro, cheguei na escola mais cedo como sempre para poder evitar que me vissem e fizessem algo comigo como me jogar em uma caçamba de lixo ou me encherem de ofensas, esse tipo de coisa começou a acontecer comigo na sexta série e dês de então só foi piorando. Não tenho muitos amigos no colégio e os poucos que tenho tentam o máximo ficarem afastados de mim quando estão no colégio, não os julgo, até eu me considero estranho.

  — Alex, o que faz aqui tão cedo? O inspetor pergunta enquanto tenta esconder a bituca de cigarro que a pouco fumava.

  — Tenho trabalhos para entregar. Digo soltando uma lufada de ar gelado.

  — É a terceira vez que isso acontece só essa semana, o que esses professores de hoje em dia pensam que são? O homem rechonchudo bufa.

  — Devo concordar com você, o professor Aristóteles é um dos professores mais exigentes que conheço.

  — Bom garoto, está na minha hora,  – diz olhando para o relógio – deixarei você entrar, mas esse será nosso segredo, se a diretora descobre que abri a escola duas horas mais cedo sou demitido no mesmo instante.

  — Garanto que isso não acontecerá novamente. Digo sorrindo.
O colégio Florence Maier é um dos mais renomados do país por sua excelente educação, suas regras rígidas, seus patrocinadores multimilionários e muito mais, apenas os de classe alta estudam aqui.

  Apesar de ser um ótimo colégio,  – em partes – os alunos que a frequentam são os da pior espécies, a grande maioria é esnobe, convencido, arrogante, vaidoso, fazem de tudo para que os menos afortunados e bolsistas – como eu – se sintam desprezados, reprimido, pisado, nos julgam pelo que temos e pelo o que não temos, todos são podres, menos ela, a garota misteriosa que ninguém havia ouvido a voz.

  Ao chegar na porta da biblioteca vejo que não sou o único a chegar mais cedo no colégio, a garota misteriosa também está aqui, penso se devo me aproximar, mas ao me escutar abrir a porta ela sem olhar para trás sai correndo deixando o livro que estava lendo para trás.

  Sem entender o que havia acabado de acontecer me aproximo do local que ela estava sentada confortavelmente a minutos atrás, me inclino para poder pegar o livro do chão, averiguo o livro intitulado de “a culpa é das estrelas”, folho as paginas amareladas e percebo que aquelas palavras já foram lidas milhares de vezes pela dona do livro, olho na capa traseira e vejo um nome escrito em letra cursiva e vários enfeites ao redor do nome.

  — Elis. – sussurro como se esse nome fosse uma poesia que só era capaz de ser lida se fosse suavemente. – Então esse é seu nome? Elis. Digo novamente.

  Guardei o livro na minha mochila e dei meia volta para sair da biblioteca.
  Durante a aula fiquei observando Elis, como sempre ela estava inquieta, envergonhada e algo mais que não consigo decifrar, algo me diz que ela guarda um segredo e que não quer que ninguém descubra.

  Durante o intervalo pego o livro da minha mochila e tento encontrar Elis para poder devolve—lo, mas não a encontro em lugar nenhum. Ao voltar para sala de aula vejo que suas coisas já não estavam mais em seu lugar.

Um momento de felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora