soul,

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[ !!!!!!!! TW: tentativa de suicídio, depressão !!!!!!! ]

21.02.2021. Busan, Coréia do Sul. Kim Sunwoo.

Sunwoo queria morrer.

Todos os dias, a todas as horas, em todos os segundos.

Sunwoo queria sumir, desaparecer junto com sua existência já irreal.

As pessoas lhe olhavam com os olhos pesados, as expressões borradas lhe julgavam a cada suspiro de uma respiração pesada. Seus pais o odiavam, seus irmãos não lembravam mais de sua existência e ele nunca teve amigos para contar. O sol quase não aparecia entre as nuvens e quando chovia tudo ficava frio.

Sunwoo estava fodidamente cansado de estar daquele jeito.

Mas não era por falta de tentativas, não mesmo — ele já havia tentado de todas as formas, cortes, remédios, sacolas velhas em volta do rosto. Mas parecia que seu corpo se recusava em acabar com seu próprio sofrimento.

Não havia mais nada que o prendesse naquela cidade, naquela vida. Tudo parecia sem graça, sem cor e sem gosto. Não haviam emoções, tudo soava estranhamente cinza e triste. Soava vazio.

— Porra – sunwoo bufou baixo com o pensamento — Vida infeliz.

— Do que você está falando, Sunwoo? — sua mãe exclamou, do outro lado da linha telefônica, a voz alta e grossa no tom que o Kim odiava.

— Estou falando de mim — revirou os olhos — Tô' falando que quero morrer.

— Pare de falar besteira, moleque inconsequente — a mulher gritou tão alto que a a cabeça de Sunwoo doeu — Você não faz ideia do que é sofrer, só sabe fazer drama. Por deus, o que eu fiz pra' merecer isso?

— Acho que você foi uma desgraçada na vida passada, mãe.

— Kim Sunwoo! — exclamou — Se comporte igual o adulto de 20 anos que você é! E faça o favor de pelo menos arrumar a casa antes de eu chegar.

Ela desligou sem tempo de resposta. Sunwoo ouviu o "tu, tu, tu" da linha se perdendo e agarrou o fio do telefone em suas mãos.

Ele enrolou o fio colorido em volta de seu pescoço e o apertou até que sua visão ficasse escura. Quando sentiu que ia desmaiar, o corpo de Sunwoo o forçou a respirar e ele tossiu jogando o telefone contra o chão, assistindo as peças desmontarem contra o assoalho de madeira.

— Inferno! – gritou, puxando os fios de seu cabelo longo demais — Inferno, inferno, inferno!

Ele gritou por minutos, apertando a mão contra o couro cabeludo, o corpo desesperado apoiado contra a parede creme. Sunwoo tentou respirar fundo, mas parecia quase impossível tomar qualquer que não fosse raiva, ódio de si mesmo e de todos que o cercavam.

Num súbito ataque de desespero, Sunwoo correu até a porta e a atravessou, correndo até a avenida mais próxima.

Ele não se importou com o sol se pondo e muito menos na escuridão que o alcançava pouco a pouco. Naquele momento, Sunwoo não se importou com nada.

Ele só queria morrer.

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