Turn Of Fate

• um convite? •

2020. São Paulo.

- Você já tá pronta? - Alexia, tentando se equilibrar enquanto ajeitava seus saltos, conferia a cada dois minutos se o namorado havia lhe mandado alguma mensagem. - O Zezinho deve ter errado o caminho. Só pode.

- Alexia, ele acabou de ligar dizendo que já tava saindo de casa... - Tento acalmá-la, terminando de me arrumar diante do espelho do meu quarto. - A festa de lançamento da sua novela não vai começar antes da chegada da grande protagonista. Fica tranquila.

- Eu só não quero me atrasar... Já levou tempo te convencer a ir. - Ela se vira para mim, me analisando. - E você não cogitou mesmo em dar uma segunda chance pro Rafa? Você é minha amiga, mas infelizmente, meu amor, eu não vou poder te dar muita atenção lá... Não queria que você ficasse sozinha. Kyra Romantini sozinha é sinal de catástrofe, e nada pode dar errado essa noite!

- Alexia... - Respiro fundo, pronta para me defender. - Eu não vou causar nenhum transtorno. A Luna vai estar lá também. E sobre o Rafa, eu já te expliquei... - Me apoio sobre a escrivaninha, desanimada. - Ele é incrível, um homem maravilhoso... Mas é tão metódico e diferente de mim... Acho que eu me encantei pelo fato da gente compartilhar dos mesmos sonhos... Eu sempre quis casar, ter a minha família e...

- E eu não sei disso? Você é até enjoada com esse sonho, viu... Só te vi pensando em abrir mão dele uma vez na vida, quando descobriu que meu primo era estéril. - Sua fala faz meu rosto esquentar e meu coração disparar. Quis arremessar algo contra Alexia, como fazia, sempre que ela tocava naquele assunto. Mas, naquele momento, eu não tinha nada em mãos. - Minha Nossa Senhora dos Eternos Apaixonados, você ainda é louquinha por ele, né? - Pergunta, notando a minha tentativa estúpida de disfarçar minha reação.

- Quer parar com isso?

- Você foi uma tonta de perder ele pra Roberta. O meu primo também ficou caidinho por você naquele aniversário...

- Alexia, meu Deus, claro que não!

- Você não lembra, Kyra? Você foi a primeira pessoa pra quem ele olhou naquela noite...

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2016. São Paulo.

- Não é como se ele não conhecesse vocês... Eu sempre falo das minhas melhores amigas da faculdade. - Alexia comenta, enquanto guiava o carro até a casa de seu primo. Era seu aniversário e ela havia organizado uma surpresa típica, com um bolo, bebidas e balões. Chamou alguns amigos de Alan e à mim e Roberta, que o conhecíamos somente como o único e preferido primo de Alexia. Na verdade, foi mais uma intimação. Segundo ela, não havia melhor oportunidade para finalmente nos apresentar Alan e seu querido avô.

- Mas também não é como se fôssemos íntimas o bastante pra aparecer na festa de aniversário dele... - Respondo, mordendo ansiosa as pontinhas das minhas unhas. Roberta concordou, porém, parecia mais animada do que eu.

- Tudo bem, vai... Às vezes é divertido. Que programação melhor teríamos pra um sábado à noite? - Alexia sorri, concordando. Acabo me convencendo de que seria legal quando, ao decorrer da tarde, nos divertimos montando todo o cenário da festa. Entre balões estourando de tão cheios enquanto soprávamos e risadas garantidas com as pérolas do sr. Ignacio, conseguimos deixar tudo pronto a tempo de Alan chegar do trabalho. A maioria dos amigos convidados já se encontrava ali e não demorou para que ouvíssemos o aniversariante estacionar o seu carro. Alexia correu para apagar as luzes e todos nos colocamos a postos, esperando a entrada triunfal daquele que era o motivo para toda a comemoração. E, foi abrindo a porta da sala e acendendo a primeira luz que encontrou, que ele saltou com a mão no peito devido ao barulho do “lança confetes”. Os gritos de “SURPRESA!” não despertaram sua atenção tanto quanto a minha risada, ocasionada pelo seu susto. Ele me olhou, brevemente, antes de sua prima se jogar em seus braços e lhe desejar um feliz aniversário.