A noite estava fria, o local da festa estava cheio, não estava lotado, mas cheio. Tinham pessoas de todos os estilos, famosos e sub. O prato cheio para às páginas de fofocas nas redes sociais. Alguns não tinham nenhum problema quanto a isso. Juliette não era mais tão nova naquele mundo glamouroso, tampouco desconhecida. Cativava todos com sua real carisma, seu jeito de engraçado, sua risada que contagiava. Juliette tinha amigos e colegas, muitos. Mas sabia com quem podia contar e o principal: sabia exatamente em quem podia confiar segredos.A festa não estava ruim, estava boa. O que não estava bom era ver a mulher loira desfilando com um tira colo do lado. Seus sentimentos estava ali. Não importa quem ela beijasse, transasse, namorasse ou o que fosse, seus sentimentos indubitavelmente pertencia a outra pessoa desde sempre e toda vez que ela via o rapaz segurando em sua cintura, dando beijos no rosto lindo, Juliette sentia seu interior se remexer.
Como elas conseguiram chegar naquele ponto? Como doía esperar o primeiro passo de alguém. Juliette não vivia como vítima, mas ela teve o suficiente de Sarah pra ter a incerteza do que podia ou não fazer, e por isso, durante meses ela espera que a consultora de marketing mande ao menos uma mensagem, porque ela sabe que a loira não gosta de conversar.
— Certos aprendizados são pra sempre. — sussurrou para si mesma antes de sorver um pouco de seu drink.
A morena não estava sozinha, estava acompanhada de um belo e lindo rapaz, mas ele estava mais para amigo do que para amante e aquelas pessoas ali não precisava saber disso. Rael fazia o que tinha que ser feito, segurava em sua cintura, dava alguns beijos em seu rosto, dançavam. Ele era respeitoso mas sabia que a advogada não estava na dele e ele não coloca parecer ou impunha para que parecessem um casal de fato. Rael estava contente de estar na companhia de Juliette, muitos homens queriam aquilo.
— Ela não parece muito contente ao lado dele. — Comentou o rapaz.
— Às vezes acreditar as pessoas acreditam tanto nas mentiras que elas contam pra si mesmas que chega uma hora que elas passam a crer que é verdade. — Juliette respondeu antes de comer um pequeno pedaço de pão.
— Meus gatos têm mais química juntos.
— Rael, às pessoas nunca vão comprar um relacionamento que acontece do nada. — virou-se de lado para o amigo — Pessoas que viram famosas nunca e tiveram contato com famosos, porque eles não dão bola pra quem é anônimo, E do nada, magicamente, alguns meses depois, ela aparece namorando e jurando amor eterno? Ele não deve saber um terço sobre ela. Eu tô nesse meio o suficiente pra saber o que é contato.
— Você ainda tem sentimentos por ela. — afirmou — Por que você não vai chama-la para conversar?
— Porque eu já tentei. Eu tentei muito. Então prefiro eu ficar no meu canto. Eu já volto. Preciso espairecer. Não se preocupe, eu não passei desse único copo de martini. Logo volto.
Juliette saiu em direção a área externa do evento, o Gran Palace São Paulo era um dos maiores hotéis da cidade. Sua vista era majestosa, a área externa parecia com o quintal do Museu do Ipiranga, seu chafariz no centro com uma estátua grega, e a lua ao meio do céu. Aquela noite a lua era cheia. O inverno na cidade de São Paulo estava rigoroso e mesmo que estivesse vestida, o frio passava pelas camadas de pano e arrepiava os pelos de sua pele.
— Pensei que nunca ia te ver sozinha hoje. — Aquela voz. Aquela maldita voz. Ela reconheceria ao som de todo o barulho, ela sabia que nunca ia confundir aquela voz porque estava cravado em sua memória. Juliette não falou nada. Continuou de costas, queria ignorar a presença da outra ali. Estava cansada e mentalmente exausta. Criar um embate com Sarah ali seria péssimo para a sua noite.