Capítulo 1- Preservativos

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Alexandre andou de um lado para outro no corredor, um cigarro já pela metade entre seus dedos e o nó de sua gravata frouxo. Ele tragou profundamente, observando as portas do quarto abrindo-se.

O alfa apertou a bituca contra o cinzeiro antes de caminhar ao encontro do médico, que fechou a porta do cômodo de forma cautelosa.

— Então, doutor? — indagou Alexandre, esfregando uma mão contra seu rosto, incomodado — Como estão as coisas?

— Seu marido está fora de risco, senhor Vieira, eu parei o sangramento e administrei um remédio para dor — informou de forma calma, trocando sua maleta cirúrgica de mão — Mas é claro, mas é claro, para que ele continue fora de risco ele deve se manter em repouso, sem surpresas ou emoções muito fortes.

— E o bebê? — interrompeu Alexandre ansioso.

E então o médico se calou, lambendo seus lábios de forma pensativa.

— Seu marido sofreu um aborto espontâneo, senhor Vieira, eu lamento muito.

Alexandre afundou as mãos em seu cabeço, comprimindo os olhos, sentindo a mais pura frustração dilacerar seu coração. Exalou profundamente, sentindo lágrimas se formarem no canto de seus olhos, as reprimindo.

— Merda — ele murmurou, e então abriu os olhos, fitando o homem mais velho — E o que era ele? O bebê? Dava para dizer já?

— Sim...era um pequeno ômega, era tão pequeno que fez pouco estrago mesmo no estágio avançado da gravidez.

Alexandre apertou a raiz de seu nariz, comprimindo seus olhos.

— E tem algo mais que preciso discutir com o senhor — o médico pousou uma mão no ombro do alfa mais novo, indicando-os a se a afastar da porta do quarto — Com relação a saúde de seu marido, senhor Vieira, podemos dizer que ele é um tanto delicado, e as gravidezes anteriores foram brutais com o corpo dele.

Alexandre escutou ansioso ao o que o alfa mais velho dizia, e eles se prostraram a frente da janela, longe o suficiente para que nem o ômega ou os empregados curiosos pudessem ouvi-los.

— O que você quer dizer com isso doutor? — pressionou Alexandre, pousando as mãos na cintura.

O homem mais velho exalou de forma pesada, arrumando seus óculos.

— Talvez fosse melhor não tentar ter mais filhos, senhor, pelo bem da saúde de seu marido, ele claramente não pode carregar mais uma gravidez até o fim, e se insistir pode levar a morte dele.

Alexandre exalou pesadamente, caminhando pelo corredor, dando as costas ao médico, tentando por em ordem a bagunça de pensamentos na sua cabeça.

— Eu vou passar uma receita para que o senhor compre preservativos, você deve usa-los em qualquer relação sexual com o seu ômega, mesmo fora do cio. Eu vou deixar com o seu mordomo, junto dos remédios que seu marido deve tomar pelas próximas semanas.

—Qual o ponto de fazer sexo se não para reproduzir? — Alexandre refletiu amargurado, tirando outro cigarro da carteira.

— O que senhor? — indagou o médico.

Alexandre se virou, acedendo o cigarro, tragando antes de responder.

— Nada, doutor — exalou a fumaça — Agora, o senhor já terminou? Eu tenho trabalho para fazer ainda hoje, afinal eu tive de sair às pressas da fábrica, pelo infortuno com o meu marido.

— Sim, por hoje só — Alexandre pousou uma mão no ombro do homem, indicando-o as escadas — Ah, só mais uma coisa, senhor Vieira — parou subitamente, olhando o alfa mais novo — Um aborto é um golpe muito grande para alguns ômegas, seu marido vai precisar de uma atenção especial, principalmente do alfa dele.

O Estranho no Ninho- ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora