Escuridão, fria e interminável, era tudo o que existia e que podia ser observado, até que um segundo mudou tudo. O ar entrando em suas narinas era pesado e úmido, e a sensação de queimação causada ao entrar nos seus pulmões não era nada agradável também, e o que antes era apenas escuridão, tomava forma como uma sala lotada de aparelhos médicos e que aparentava ter sido abandonada a muito tempo, teias de aranha e poeira adornavam telas antigas e amareladas, mesas e instrumentos caídos ao chão davam uma sensação de caos a um lugar que deveria ser extremamente organizado.
"Mas o que são essas coisas? e como eu sei o nome de todas elas?" era um questionamento válido para quem acabara de acordar em um lugar estranho sem saber quem era ou o que era, e ao seu redor nada parecia querer ajudar, papéis estavam rasgados, telas mostravam dados incompreensíveis, o próximo passo lógico seria se levantar e procurar alguém ou algo que respondesse todas as perguntas, mas a fraqueza de um corpo que a muito não se mexia pesou e o chão beijou fortemente sua cabeça, após alguns segundos de desnorteamento, a pulseira no seu pulso fora notada, muitas coisas ali não faziam sentido, mas uma chamou a atenção PROJETO: Fikir.
"Fikir? sou eu?", os questionamentos continuavam, mas o chão gelado não era um bom lugar para continuar com eles e agora a força havia voltado ao corpo, se levantar não era mais um problema. A porta da sala estava destrancada, bom, isso é modo de dizer porque ela quase virou poeira ao ser tocada de tão velha que estava, e o corredor não era nada convidativo, tubos de alumínio adornavam o teto de pedra maciça, as paredes manchadas de algo vermelho continham buracos em padrões aleatórios, olhar aquilo não trazia uma sensação boa, e a decisão de ir para o lado contrário da maior parte das manchas pareceu a certa. Caminhar ali não era algo que normalmente se faria, corredores se ligavam e levavam a lugar nenhum ou a outras ligações com outros corredores, deveriam ter se passado horas desde que acordara, o ar do complexo era opressivo e os sons que vinham de longe apenas adicionavam a tensão, um ranger de porta, uma gota de água caindo ao longe, não podia parar, não deveria parar.
Mais algumas horas se passaram e nada de uma saída ou sinal de vida, apenas corredores e mais corredores, o frio começava a penetrar a pele e incomodar os ossos, as mãos e pés já estavam azuis, os lábios ressecados e os barulhos incessantes do desconhecido apenas pioravam a situação, eles estavam vindo ou indo? eram naturais ou alguém estava fazendo eles? Mas uma coisa parecia diferente, o ar havia mudado, o que antes era pesado, úmido e opressivo, agora era mais leve, e com uma fragrância quase imperceptível de pinheiro, com essa nova fagulha de esperança em seus pulmões, aumentou o passo quase em uma corrida pela sua vida, não sabia o que era mas sua barriga estava incomoda também, sentia que precisava de algo mas não sabia o que. O cheiro ficava mais forte, e agora uma pequena brisa batia em seu rosto, estava no caminho certo e esperava encontrar algo, qualquer coisa, não importava mais o que fosse, se fosse outra pessoa, um animal ou até mesmo uma tela que ajudasse a sair daquele lugar, mas o que aumentou ainda mais sua esperança não foi nenhuma dessas opções, mas sim uma luz, diferente das que havia visto nos corredores, uma luz dourada e quente, que parecia lhe dizer "Venha, eu posso lhe ajudar", e quanto mais perto chegava, mais se sentia acolhido por ela, subiu a escada que parecia dar nesse portal angelical, mas quando chegou no último degrau, escuridão, seu corpo não aguentava mais.
— Eita parceiro, parece que 'ocê se meteu numa presepada das maior.
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Jornada de Fikir
General FictionUm despertar repentino em um laboratório estranho, Um cowboy fajuto, máquinas estranhas e um cavalo robô falante. O que mais será que espera Fikir nesse mundo?