Capítulo 2 - Você é um o que?

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Em volta de uma fogueira, em meio a floresta na saída do complexo subterrâneo, as estrelas pareciam estar tão perto que poderiam ser tocadas, o ar frio era espantado pelo calor do fogo mas ainda assim era possível senti-lo, lobos uivavam ao longe e corujas piavam em resposta, ali ao lado vagalumes pareciam com inveja das estrelas e davam o seu máximo para brilharem, mas a mente continuava cheia de perguntas, e o homem estranho que o salvara não parecia querer respondê-las, tudo bem que ele providenciou roupas para um pobre desmaiado nu, mas por que ele estava ali no exato momento em que saíra do túnel, parecia muito conveniente para ser coincidência.

— Um cowboy sô, vindo diretamente da fronteira da... Não tem importância qual fronteira mas eu venho de lá. — Foram as palavras do homem estranho enquanto tocava um instrumento estranho cheio de curvas.

— Olha, eu agradeço a sua ajuda, e por me dar roupas mas quem é vo... —

Antes de terminar a frase, fora interrompido pelo homem.

— Quem sou eu? — perguntou o homem enquanto largava o instrumento. — EU SOU O INCOMPARÁVEL, INIGUALÁVEL, MARAVILHOSO, FABULOSO... FAULK! E ESTOU AQUI PARA PEGAR VOCÊ! — Ele agora se encontrava em pé, com os braços abertos como se esperasse os aplausos de uma plateia inexistente.

— Ok... Fausto, eu sou...— "Quem eu sou?" era a única coisa em sua mente agora, não havia achado a resposta até agora, a menos que... — Fikir, meu nome é Fikir.

— Nananinanão, é Faulk, F-A-U-L-K, não Fausto, e é bom te conhecer Fi, mas eu já sabia disso, to aqui pra pega ocê. — Disse ele se sentando e pegando o instrumento novamente, ao que parece havia voltado para o personagem de "cowboy".

— Você veio me buscar, mas por que? e quem te mandou vir me buscar? —

Fikir continuava sem entender o que tudo aquilo significava, e ainda mais com o que era um cowboy e porque eles falavam esquisito.

— Num sei, meu patrão mandou vir aqui buscar alguém, num disse se era homi, se era muié, se era veio ou jove, e como eu tô aqui faz uns dias e mais ninguém saiu, deve ser ocê. —

Ele não parecia estar mentindo, mas talvez fosse o pobre instrumento que ele gentilmente matava a cada passada de mão em suas cordas que estivesse distraindo o julgamento de Fikir, cada vez que uma nota era emitida, os lobos pareciam se aproximar, como se estivessem ouvindo um animal ferido nas portas da morte e quisessem aproveitar seu cadáver. Alguns momentos passaram e mais nenhuma das perguntas de Fikir foram respondidas, apenas uma: "Onde estamos?".

— Bom, isso vai ser difícil de responder sem te mostrar, então, aqui vamos nós... —

Faulk tirou de seu bolso um disco prateado com uma esfera negra em seu centro, que foi rapidamente colocado no chão em sua frente, o que fez com que uma imagem de um planeta com um único continente fosse projetado no ar.

— Atualmente nós estamos aqui — Ele tocou a imagem, que prontamente se aproximou da parte norte do continente, em uma cordilheira de montanhas.

— A floresta de Taurisaal. Não é um lugar tão amigável, mas é onde me mandaram te encontrar.

Fikir não conseguia acreditar no que estava vendo, as imagens a sua frente pareciam vindas diretamente de um sonho. Fikir tinha que tocar aquilo, queria saber que sensação tinha, e o que mais teria naquele continente maravilhoso.

— E pra cá? o que tem aqui? — Fikir tocou em um lugar aleatório do mapa, fazendo com que ele fosse para uma terra mística com castelos maravilhosos e torres altas.

— Aí é a terra "mágica" de Uparoe, um lugar maravilhoso a menos que você seja um forasteiro... ou um pouco diferente. —

Faulk disse enquanto fazia aspas com as mãos ao dizer mágica, não parecera que era um lugar agradável para Fikir, mas as imagens de seus castelos brancos reluzentes e de suas torres que pareciam ter km de altura ficaram gravados em sua mente como as mais belas coisas que já havia visto, o que não era difícil já que acordara a algumas horas. Após gravar essas imagens em sua mente, tocou em outro ponto do mapa, onde fumaça parecia ser expelida constantemente.

— E aqui? é um lugar agradável? — Fikir perguntou para Faulk, olhando para ele como uma criança que acabara de descobrir um brinquedo novo.

— Seja bem vindo a terra do progresso, Labris, onde carvão, óleo e aço são a base fundamental da sociedade e da economia, onde máquinas voadoras cheias de ar quente sobrevoam constantemente a cidade, galinhas de ferro carregam cargas para lá e pra cá, e carros andam sozinhos com o poder do... VAPOR! — Faulk fez toda uma apresentação junto com seu instrumento que Fikir achava que já tinha morrido a algum tempo atrás por causa dos maus tratos, colocando tanta ênfase na última palavra que o fez pular do tronco onde estava sentado.

— E aqui? — Fikir tocou em uma parte do mapa que estava com uma mancha negra por cima, sem nome, sem imagens e sem identificação.

— Ocê faz pregunta demais sô, tá na hora de tirar um ronco que amanhã bem cedinho nois vai viaja. — Falk disse fugindo da pergunta e apagando o fogo, a pergunta nem sequer teve chance de ser respondida.

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