Quando viu que Samanta e Marta estavam bem, Gabriele se afastou das duas e foi ao encontro dos outros amigos. Logo foi apresentada a Clara, e todos começaram a conversar.
- Qual era o plano mesmo? - Felipe agora ria de toda a confusão. - Eu sei que não é para rir, mas Deus me defenderay. Era só pra gente se entupir de purpurina e mexer a raba ao som da Pabllo. Como é que tudo isso aconteceu?
- E, pelo visto, não acabou. - Helena comentou olhando na direção da rua. - Aquele ali não é o Thor, Gabi?
Gabriele olhou para onde Helena olhava, e viu o seu suposto namorado com um dos braços ao redor de uma garota loira, muito bonita, e aparentemente cis. Ela não soube bem o que fazer diante da cena, e ao vê-lo beijar a loira, sentiu seu estômago embrulhar. Várias imagens de alerta surgiram em sua mente. Lembrou de todos os encontros, em lugares meio escondidos, porque ele dizia ser discreto. De todas as recusas em apresentá-la a seus amigos, porque dizia que eles eram invejosos. Em todas as desculpas que ela, mais uma vez, acreditara. Vê-lo ali, praticamente engolindo aquela garota, a fazia entender o quanto foi estúpida.
- Gabi, eu sinto muito. - Helena se aproximou, afagando o seu ombro.
Gabi assentiu, sem tirar os olhos da cena. Samanta percebeu a movimentação, e se aproximou, acompanhando a direção do olhar da amiga.
- Que porra é aquela?!
- Vai sentar, Samanta. - Gabriele pediu. - Você ainda não se recuperou.
- Não, eu estou ótima. Limpa essas lágrimas que a gente vai lá. - ela então se virou para Marta e pediu que a mãe a esperasse. - VAMOS, GABRIELE!
Os outros quatro não ousaram desobedecer. Seguiram Samanta, que caminhava em marcha na direção de Thor, da loira, e de seus amigos. Todos riam e se divertiam, tomavam as suas cervejas, e comentavam como a Pabllo, apesar da voz "esganiçada", conseguia agitar a plateia.
- Primeiro, dobrem a língua para falar da Pabllo! - Felipe gritou tomando a frente.
O olhar de Thor encontrou os de Gabriele, e ele parecia petrificado.
- Hey, calma, amigo. - um dos meninos pediu erguendo os braços. - Cada um com os seus gostos. Respeito demais a artista que ela é, tá tudo bem.
Gabriele e Thor continuavam se encarando. Gabi tentava achar as palavras certas. Thor tentava encontrar um meio de fugir dali antes de ser exposto. Mas sabia que não conseguiria.
- Te liguei inúmeras vezes hoje. - Gabi falou, e sua voz parecia um eco. - Te mandei mensagens também.
A loira encarava Gabriele como se ela fosse uma aberração, e Samanta estava pronta para esbofeteá-la se continuasse com aquele olhar.
- Eu não sei do que você está falando, moça. - Thor respondeu com a voz trêmula. - Desculpe, a gente se conhece?
- Como é que é?! - Samanta gritou tomando a frente.
- Sam, deixa que eu resolvo. - Gabriele a puxou para trás e se aproximou do casal. - Tem certeza que não sabe quem sou eu, Thor?
Os amigos do casal começaram a rir quando Gabriele pronunciou o nome dele, e a garota loira consertou a postura, pronta para enfrentar Gabriele.
- Sabe o que mais me dói, Thor? - agora Gabi chorava. - É saber que, apesar de tentar, você nunca me enganou. Eu sempre soube que você nunca me assumiria, que você mentia para mim.
- Cara, por que você nunca contou para a gente que você era bissexual?! - um dos amigos parecia indignado. - Eu sou o seu melhor amigo, merecia saber!
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CONTOS DA PARADA
Short StoryQuatro amigos estão a caminho da Parada LGBTQIA+, e prontos para viver grandes histórias.