[ Capítulo 4: Flores.]
Enquanto descia pela avenida movimentada o ômega de fios loiros olhava o chão de concreto sem realmente focar em algo específico. A voz desesperada de Vanilla lhe enchia os ouvidos e a mente, mas Jimin parecia tão atônito e absorto que nem se tocava daquilo.
O caminho foi feito de forma mecânica e sem prestar atenção em sons ou pessoas ao redor. O Park se desculpava caso tivesse esbarrado em alguem sem querer, pois realmente não percebeu.
O choro alto de seu lobo lhe acordou. Piscando os olhos surpreso e saindo de seu estupor, ouviu Vanilla chorando alto, com lamúria após lamúria e perguntando porque o loiro saiu correndo de Nero. Podia ter ficado com certa raiva do lobo negro mas não queria dizer que não o queria perto.
Sendo sincero, o loiro não tinha ideia do que tinha ocorrido ali mas não se sentia feliz por saber que seu Vanilla estava querendo estar perto de Nero – que pelo o que havia entendido era o lobo de JungKook. Um suspiro pesado saiu pelos lábios grossos e vermelhos, assim como os olhos castanhos se fecharam em descontentamento.
"Vanilla, querido, eu não sei o que foi aquilo e tenho medo de saber, mas, o humano de Nero não é uma pessoa boa. Não podemos ficar perto dele."
Mais um ganido alto fez Jimin franzir o cenho, seguidos de choramingos que foram ficando cada vez mais baixos. Mas inacreditavelmente, Vanilla se calou. Não deixou nem que sua respiração fosse ouvida pelo loiro. O lobo branco se deixou deitar e se encolher no canto da consciência alheia, com sua cauda balançando de forma triste, assim como a respiração pesada do choro recente.
O Park sentiu o peito apertar, mas o que podia fazer? Jeon era alguem duvidoso e sem muitos neurônios que funcionassem plenamente, deixar seu ômega lhe guiar para ficar perto dele era pedir para ser humilhado.
O celular do loiro tocou no bolso de sua mochila laranja. O toque alto reverberando a voz de um cantor latino - que no momento não recordava o nome - e que lhe agradava os ouvidos pela forma que as palavras e a música ficavam em forma harmônica. Se deixando embalar pelo som gostoso, o garoto percebeu o nome do pai alfa iluminando seu écran.
– Alô? – Meio duvidoso ele atendeu a chamada sem saber o que esperar, naquele horário o pai estaria em plantão no hospital. – Algum problema, pai?
– Eu que lhe pergunto! Aonde você está, Jimin? – A voz do alfa saiu em uma mistura de ansiedade e até certo medo. Desde que havia sido descoberto como ômega os cuidados de Park KangJun e de Park Hyuna haviam sido dobrados, descobrir que Jimin era um ômega lúpus, então? Teve sorte de seu pai ômega ser o que tinha escrúpulos naquela família.
Naquele segundo um estalo de fez presente na mente do loiro. Seu pai iria busca-lo na escola hoje! No entanto, foram tantos acontecimentos que se esquecera totalmente de seu pai e da consulta que teria logo depois da escola.
– Eu esqueci. Vanilla ficou estranho o dia inteiro e ainda teve o lobo do Jeon me seguido e tudo mais. Me desculpa, pai. – O loiro se mantinha falando de forma atropelada e sem parar, sem nem se tocar no que dizia, apenas despejando toda aquela incógnita por sobre o pai.
– Certo, certo. Esta tudo bem, filhote, só me diga onde está 'pra que eu possa te buscar. – A voz calma e paterna causou uma sensação boa no adolescente, parte de seu desconforto fora em bora por saber que seu pai estaria ali. Por outro lado, KangJun se mantinha escondendo a angústia e certa raiva apenas por ouvir o nome do alfa citado.
Jimin era uma máquina de falar e por vezes chegou em casa dizendo como o Jeon herdeiro era um alfa ruim, alem de um ser humano pior ainda. Aquele era o último pretendente que queria ao seu filhote, se possível, que jamais estivessem perto um do outro.
– Na avenida ao lado do colégio, na frente da floricultura. – Os olhos castanhos cairam sobre a vitrine bem enfeitada e com um cheiro bom, olhou os jarros de rosas e os enfeites com flores de lavanda. No entanto, seus olhos cairam por sobre as gardênias brancas em um buque simples, mas que era belíssimo. – Posso comprar gardênias? Papai iria adorar.
Park HoSeong era um ômega peculiar - De acordo com ele mesmo. Apesar de já ter passado dos 40 anos e ter dois filhotes perto dos vinte, o homem se mantinha com cabelos coloridos de um roxo fortíssimo. O dono de uma empresa de moda era excêntrico e procurava o peculiar, o fora do padrão como beleza. Para ele não havia padrões, se todos eram diferentes então por que a moda deveria ser só uma?
– Sim, aproveite e vê se tem as rosas amarelas que sua irmã gosta. Chego ai em alguns minutos 'pra te ajudar. – Jimin pode ouvir a voz animada de seu pai, lhe fazendo sorrir pela empolgação do homem em fazer seu marido e filha felizes com um presente.
Quando a chamada se encerrou, o ômega se pôs a caminhar para a chamativa loja e que deveria pertencer a alguma franquia a julgar pelo tamanho.
– Park! Park! – A voz grossa era baixa pela distância, mas grave e com pressa. Podia ouvir JungKook correndo pela rua e Jimin se sentiu travar no lugar.
– Aí, caralho! – As pernas do menino loiro se tornaram gelatina e pela primeira vez em muito tempo, sentiu medo. Havia um alfa, nervoso e vindo até si com uma face assustadora e que não era para uma simples conversa. Sentia o corpo tremer e implorou para que algum ser divino lhe ajudasse, porque julgando os olhos azuis gelidos do Jeon estava com muitos problemas.
O alfa estava só a menos de um metro de si, o mundo corria lentamente, seu medo era tanto que o próprio Vanilla ficava em alerta e amuado.
– Jimin? – A voz grossa do alfa mais velho chegou aos ouvidos do loiro, ao olhar para o lado viu dois olhos castanhos claros assim como os seus. Seu pai havia acabado de descer do carro e lhe olhava de forma preocupada. Os olhos do pequeno ômega quase se marejaram em alivio. Abraçou o pai em resposta, sentindo sua respirar voltar a se regular na medida em que seus hormônios de medo paravam de se alastrar. – Meu amor, o que foi? Esta tremendo? Filhote, ei, fala comigo! – Seu pai o apertou nos braços, mas parte de suas perguntas se responderam ao ver o olhar de julgamento que um certo alfa de olhos gelidos lançava para si. – Posso ajudar, rapaz?
– Preciso falar com ele. – A carranca do alfa mais novo fez um rosnado nascer na garganta do pai do ômega. Que pirralho petulante! Estava vendo que o loiro estava desconfortável e mesmo assim ainda queria estar ali. Que belo bastardo.
– Não vai acontecer, pirralho. Saia de perto do meu filho antes que eu te mande para o inferno! – KangJun não esperou nada para querer por o filhote dentro da Mercedes azul escura. Jimin tremia e seus olhos brigavam pelo rosa e pelo castanhos, Vanilla se mantinha partilhando o medo do dono encolhido e chorando pela situação.
– Não! – Nero tomou conta do Jeon. A voz grave do lobo negro foi áspera e raivosa, no entanto o estopim foi o ganido alto de dor e medo que saiu dos lábios do loirinho. Nero se calou e se pôs a ganir amuado, havia feito não só Jimin como Vanilla sofrerem. Era um idiota assim como JungKook e não suportava isso.
Senhor Park tambem tremia, mas de raiva. Com todo o cuidado do mundo ele pôs o ômega loiro no banco de trás de seu carro, de uma forma perfeitamente confortável e instável, fazendo questão de deixar seus feromonios e cheiro presentes no ar para acalmar o filhote e afrontar o pirralho que ainda os olhava com cara de bunda.
Com a porta fechada e com Jimin acomodado, KangJun respirou fundo e olhou para o adolescente que se achava ter o mundo sobre os pés. Viu o Jeon engolindo seco e sorriu feliz por isso.
– Escute bem o que vou dizer, porque não quero gastar saliva com alguem do seu tipo. – O Park mais velho pôs o dedo indicador por sobre o peito do outro, mantendo sua presença o maior possível, vendo JungKook encolhendo os ombros pela presença mais poderosa. – Não sei quem pensa que é, mas saiba que seu tipinho é nojento! Acha que o mundo gira ao seu redor? Acha que tudo e todos trabalham para você? Não seja estúpido, seu fedelho! – Os olhos amarelos do senhor Park eram assustadoras e hipnóticos. Podia idealizar um lobo marrom e gigantesco, mostrando as presas e garras para si. Um alfa agressivo e com um instinto assassino para proteger seu filhote. – Se eu sonhar que meu filhote se amuou por sua causa, eu caço você. Me entendeu? – Após um suspiro resignado, o alfa menor apenas meneou a cabeça concordando. O corpo travado pelo medo.
Quando deu por si, Jimin havia ido embora novamente e o som do choro alheio rondando sua mente de forma frequente. Honestamente, JungKook se sentiu um verdadeiro lixo pela primeira vez.
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Louco por Ele.
FanfictionÉ mais do que clichê um alfa e um ômega se esbarrarem e ali nascer o amor. Mas e se nascesse o ódio? Amor é algo imprevisível de mil e uma formas, a prova disto é que ele pode vir a nascer do mais profundo ódio.