— Estou saindo! — respondeu Nimue aos gritos de Guillahard.
O jovem estava a cavalo e logo ofereceu uma mão para que Nimue subisse no mesmo. A galope foram os dois em direção a grande casa da família.
Nimue estranhou a movimentação, pessoas indo de um lado ao outro com um semblante extremamente preocupado. Guillahard a segurou pelo braço e foi a levando a reboque por corredores e portas até que adentraram a um grande cômodo em que encontrava-se um homem sangrando em cima de uma cama.
Toda a família ali estava e quando Nimue chegou, Eslayen suspirou em um misto de impaciência e alivio.
— Vamos menina! Cure-o! — disse ela impulsionando Nimue em direção a cama onde Serin estava deitado.
O homem abriu os olhos e mais uma vez um calafrio de medo percorreu o mais intimo de Nimue. O que há com estes olhos, era o que ela pensava.
— Mamãe! Desde quando acredita em faz de contas? Essa moça deve ser uma impostora! Vamos, tire-a daqui, estou bem, só preciso de uma boa noite de sono! — disse em tom de divertimento.
Nimue não gostou de suas palavras e nem da forma com que foram proferidas.
— Se não desejam auxilio, eu nada tenho a fazer aqui. — disse e iria virando-se para retirar-se do local quando Eslayen a parou.
— Ajude-o, não importa o que o meu filho irresponsável lhe diga.
Nimue acenou e olhou o ferimento que tomava seu ombro e parte do braço, era tão profundo que até parecia que alguém havia tentado arrancá-lo a força.
— É um ferimento muito profundo e você perdeu muito sangue. — disse em baixo tom como se falasse para si mesma.
— Está a ver? Todos nós sabemos disso! Vamos, bruxa, leia o meu futuro!
Nimue cerrou seus olhos com força, este termo, bruxa, era um xingamento para seu povo. Era uma forma de desmerecer sua história e a de seus ancestrais e os transformarem em farsantes.
— Caso não fique calado, seu futuro será quinze palmos abaixo da terra, talvez deva ir embora e deixar que ele se concretize, o que me diz? — Nimue proferiu rapidamente e em tom ríspido.
Serin nada mais disse. Ela fechou seus olhos e concentrou-se, pediu permissão para poder usar a energia que estava em si mesma, uma força sagrada conectada a vida do mundo.
Por alguma razão, algo em si mesma não quis curá-lo, queria que ele morresse. Mas sentiu que deveria curá-lo, então o fez.
Com suas mãos formigando como se agulhas estivessem ali, as molhou em um recipiente com água e as dispôs acima do grande ferimento. Bem diante do olhar atento daquela família de caçadores de dragões, a ferida foi fechando e cicatrizando até formar-se apenas uma pequena linha vermelha.
Eslayen não acreditava no que via diante de seus olhos. Já havia tido contato com sacerdotisas da chuva com potencia em cura, mas jamais como Nimue. No máximo elas iriam conseguir estancar o sangue e não curá-lo completamente.
Nimue sentia raiva e nojo de si mesma, não entendia o porque, estar na presença do filho mais velho de Eslayen a enojava de uma forma que nunca antes sentiu.
— Nimue! Ficará conosco em um dos quartos da casa! — Eslayen disse em tom alegre.
— Obrigada Milady, mas como a senhora mesma disse, me sinto mais confortável na choupana.
A resposta de Nimue não agradou em nada os presentes naquele recinto, principalmente a Serin e Eslayen.
— Se me derem licença, o dia foi cansativo. — Era tarde da noite ainda e Nimue sentia-se exaurida e suja por ter tido este contato com Serin.
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Elphest - A magia do mundo
FantasyEsse relato acompanha a vida de Nimue, uma jovem sacerdotisa marcada por um dragão desde o seu nascimento. Nimue nunca quis o poder ou estar a frente de guerras e revoluções, mas tudo sempre a colocava exatamente nessa posição. Caçada por uma famíli...