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TESSA.

Arrumo meu cabelo loiro bagunçado no espelho do retrovisor do carro e suspiro olhando pra minha nova escola. A multidão de alunos andando em direção ao prédio com mochilas nas costas e celulares nas mãos.

Essa é a terceira escola que estudo nos últimos cinco anos, desde que minha mãe nos deixou, e nunca me acostumei com primeiros dias. Principalmente por ter que deixar minha irmã sozinha na escola dela.

Sou uma sophmore agora, finalmente fiz 16 e meu avô me deu o carro antigo do meu pai até eu provar que sou responsável o suficiente, quando isso acontecer ele concordou em comprar o carro que eu quiser.

No momento eu e minha irmã mais nova, Haley, moramos com minha única tia e sua família, desde que meu pai se afundou nas drogas quando acordou um dia e viu um lado do closet e uma vaga na garagem vazios, junto de uma nota de despedida em cima da ilha da cozinha.

A vida foi difícil pra ele, e eu entendo o que ele passa, mas eu queria que ele tentasse se reestruturar por nós, principalmente por Haley.

Eu tinha quase 11 anos quando aconteceu, mas ela tinha 3, então ela nem lembra o que é ter uma família completa, o que me quebra completamente.

Suspiro olhando de novo meu celular pra ver se não chegou alguma mensagem dela pedindo pra buscá-la, mas não há nada além de um bom dia da minha avó no grupo da família, desejando a mim, Haley e meus primos um bom primeiro dia de aula.

Quer dizer, é mais ou menos um grupo da família porque é claro que meu pai não tá nele.

Respondo a mensagem e puxo minha mochila do banco de trás, puxando minha bolsinha de maquiagem de dentro pra passar no meu rosto e assistindo enquanto a máscara que uso pra esconder tudo de todos cai sobre o meu rosto enquanto me arrumo.

Quando tô com cara de filha da puta, combinando com minha calça apertada e regata amarrada pra aparecer um pouco da barriga, posso sair do carro com minha mochila nas costas, abaixando meu óculos de sol sobre os olhos e andando em direção a entrada da escola enquanto sinto olhares caírem em cima de mim.

Isso não me assusta, mas tampouco gosto da atenção. Infelizmente é o que vem com ter que se encaixar em grupos que na verdade odeio todos só pra que ninguém descubra meu verdadeiro eu.

— Opa. –escuto uma voz antes de quase cair no chão por ter batido em alguém, mas sinto mãos envolvendo meus braços e me colocando no lugar de volta.– Desculpa, nem vi você. –um menino bem mais alto do que eu mas bem magro, com roupas escuras e óculos de grau no rosto pede.

— Relaxa. –passo a mão nos braços onde ele tocou e volto a andar.

— Você é nova, né? Nunca te vi aqui. –continua puxando conversa enquanto me segue pelo corredor até a sala de administração.

— Sou.

— Qual seu nome? Sou o Michael. –continua falando e estende a mão pra mim sem perceber meu revirar de olhos por baixo do óculos antes de aceitar sua mão.

— Tessa, prazer. –sorrio e solto logo sua mão olhando pra frente.

— Mike! –uma menina chama e corre até nós, ela é pequena e fofa e sinto que seria uma amiga boa pra verdadeira eu, mas isso nunca vai acontecer porque ela nunca vai sair de dentro de mim.

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