TESSA.
Subo os olhos quando alguém senta do meu lado. Tô na aula de literatura e fico um pouco chocada de ver Hardin vindo assistir a aula também.
Franzo o cenho mas tiro meus olhos dele, voltando a ler a revista nas minhas mãos. Eu não me importo com a vida de nenhum famoso que aparece nas páginas, mas não há nada mais pra ler na minha mochila e eu com certeza não ia abaixar a cabeça pra esperar o professor.
Leio enquanto mastigo a unha do polegar, meu esmalte preto já desgastando de tanto que faço isso.
Levanto a cabeça de novo quando escuto um rock tocando abafado, me viro vendo Hardin encostado na parede atrás dele, batucando na mesa com uma caneta enquanto a música soa em alto e bom som nos fones de ouvido que eu sinceramente nem sei porque ele usa, tá todo mundo escutando a mesma coisa que ele de tão alto que tá.
Reviro os olhos e tento me concentrar nas palavras de novo, mas o som irritante da música em conjunto ao da caneta batendo na mesa me desconcentra.
Me viro e puxo um dos fones do ouvido dele, vendo-o se virar pronto pra bater em quem foi que o distraiu.
— Abaixa isso, tá me atrapalhando. –ele me olha por dois segundos antes de soltar uma risada.
— Tô te atrapalhando a quê? A ler a tua revista, mimadinha? –eu franzo o cenho e lhe dou o dedo do meio.
— Vai se fuder.
Volto a ler as palavras tremendo de raiva, pronta pra chutar as bolas desse imbecil.
E isso só piora quando escuto a música agora bem mais alta, me fazendo virar pra ver que agora ele tirou o fone do celular e colocou a música no alto falante, ainda batucando a mesa com a caneta.
Olho ao redor da sala pra ver se ninguém vai reclamar, mas só consigo ver um ou dois alunos se virando e quando olham pra Hardin se viram pra frente rapidamente.
— Escroto. –murmuro.
O professor abre a porta nesse momento, entrando em sala.
— Temos uma trilha sonora hoje? –fala rindo, mas ele é o único que ri da sua piada. Depois ele coloca suas coisas na mesa e se vira pra nós.– Scott, sei que a música tá legal mas já deu, agora preciso dar aula. –diz tentando ser gentil e eu não preciso olhar pro lado pra saber que Hardin não tá fazendo o que o professor mandou.– Não vamos fazer isso de novo esse ano, tá bom? Desliga a música e guarda o celular pra eu poder começar minha aula.
Agora a sala toda tá olhando entre o professor e Hardin, vendo até onde ele vai desafiar sua autoridade.
Quase sorrio quando ele aumenta o som e começa a cantar baixinho, como se nem sabendo que tem outras pessoas aqui e isso parece finalmente irritar o professor.
— Chega. Sai de sala. –eu abaixo o olhar pras minhas unhas, mas consigo ver o professor vindo até a cadeira ao meu lado e parando ao lado de Hardin.
A música para do nada e o barulho de cadeira arrastando no chão finalmente me faz levantar o olhar pra ver que o professor mesmo desligou o celular e Hardin tá olhando pra ele com um olhar de morte.
O professor é um pouco mais alto que eu, o que o deixa uns 20 cm mais baixo que Hardin, então quando eles ficam peito a peito, — ou peito a queixo — todos sabem que Hardin pode levar o professor como quiser.
— Não toca nas minhas merdas, porra. –Hardin diz raivoso.
— Sai da minha sala agora, você não pode falar assim comigo. –o professor responde mas posso ver que ele tá tremendo.
— Falo como eu quiser.
Eles se olham por um tempo até que o professor suba as mãos pra empurrar Hardin até a porta, mas isso faz com que ele revide rápido, o empurrando. Isso faz com que ele caia em cima de mim, e eu grito quando nós dois vamos pro chão.
— Porra. –xingo levando a mão pra cabeça que bati no chão.
— Você tá bem? –o professor pergunta também com uma cara de dor e eu não respondo, só aceno tentando me levantar.
— Calma. –escuto uma voz e vejo Mike, o menino que me ajudou ontem a achar a administração, vindo até mim pra me ajudar.
— Não, não precisa. –levanto minhas mãos e eu consigo rastejar até sair debaixo da carteira e fico em pé, tentando não cair de novo porque tô tonta.
Vejo os seguranças da escola chegando e eles puxam Hardin até fora da sala, enquanto ele os xinga e também ao professor.
Quando o professor levanta, ele puxa minha cadeira a colocando no lugar de volta.
— Quer ir na enfermaria? –balanço a cabeça que não e volto a me sentar.
Ainda tô um pouco tonta e sinto minha cabeça latejando, mas prefiro isso do que todo mundo me ver como uma fraca.
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RomanceTessa já passou por muita coisa, por isso tem certos traumas e finge ser uma pessoa que não é pra que ninguém descubra sobre eles. Hardin é literalmente um delinquente, faz só o que quer e não liga pra opinião dos outros. Por isso quando se conhecem...