Passou-se uma semana. Uma semana inteira que não fui ao hospital. A Dr. Emily disse que precisava de um tempo para mim e para pensar nas minhas atitudes. O Luke esteve durante esta semana toda na solitária. Ia vê-lo hoje o que me estava a assustar imenso. E se ele me culpa pelo que aconteceu?
Parei o carro em frente ao hospital que visto de fora nem era assim tão assustador. Fiz uma trança no meu cabelo e sai do carro em direcção ao grande portão.
Cumprimentei rapidamente o segurança e fui vestir o meu uniforme.
-Bom dia Bethany-ouvi uma voz já conhecida atrás de mim.
-Bom dia Dr. Emily.- disse sem me virar.
-Hoje ficas na sala de pintura.
Acenei e caminhei junto com ela ate à sala, antes de entrar avisou-me com o que se estava a tornar num tom de ironia -Espero que esta semana te tenha feito bem.
-Sim, estou melhor que nunca.-Tentei convencer-me mais a mim, do que a ela.
Assim que entrei na sala de pintura era possível ver pincéis e tintas por todos os lados, assim como folhas de papel.
Avistei um cabelo vermelho no fundo da sala e caminhei até Michael.
-De que cores precisas? - falei docemente.
Ele apenas retirou das minhas mãos os lápis que queria. O silêncio e a tranquilidade que ali pairava foram interrompidos com a chegada de um rapaz que só reclamava com a enfermeira que o trazia. Luke. Sorri ligeiramente com aquele comportamento.
Ele tentava fazer com que a enfermeira não lhe tocasse mas parou assim que o nosso olhar se cruzou.
Sentou-se numa das mesas sem desviar o seu olhar do meu. Respirei fundo e caminhei ate ele.
Parei de caminhar assim que a enfermeiro começou a falar com ele.
-Como querem que desenhe se tenho as mãos presas?- Luke falou alto.
Ri-me baixo e a enfermeira encarou-me séria e soltou as mãos de Luke e de seguida abandonou a sala.
Sentei me ao pé dele.
- Luke, eu lamento imenso pelo que aconteceu na semana passada... Eu não queria...
-Não ajas como se fosses diferente! És igual a todos eles!-atirou sem nunca me olhar.
- Eu preocupo me contigo Luke - falo calmamente
- É melhor saires daqui - fala e vejo-o cerrar os dentes.
- Luke....
- Sai daqui... Sabes o que acontece a raparigas como tu com malucos como eu?
-Mas tu não és maluco?
-Como tens tanta certeza?-encarou-me com uma expressão assustadora.
- Se fosses realmente maluco não revelavas a ninguém certo?
Ele riu.
- Diz isso às vozes que estão dentro da minha cabeça.- Disse sério.
-Toda a gente tem vozes na sua cabeça, Luke. Chamam-se o "eu interior".- Tentei amenizar o clima tenso que se fazia sentir.
- O meu "eu interior" está a dizer me neste preciso momento para colocar as minhas mãos nesse teu fino e frágil pescoço e aperta-lo, está a dizer me o quão satisfeito e excitado ficaria por te esganar. Achas isso normal?
Sem saber o que dizer apenas levantei-me e acabei por bater contra a mesa com as latas das tintas deitando tudo ao chão. Depois de sentir todos os olhares sobre mim corri até à casa de banho.
-
-Está tudo pronto ai, Bethany?- um dos seguranças perguntou-me.
-Sim, estou só acabar de arrumar as minhas coisas. O meu turno acabou agora.- Disse tirando a bata que nos obrigavam a usar por cima das nossas roupas.
Ia tao distraída que bati contra alguém e deixei cair a minha mochila.
- desculpa desculpa desculpa eu estava distraída por causa do dia horrível que tive....- Falava apressadamente enquanto apanhava as minhas coisas.
O meu olhar direciona- se para a figura que se encontrava especada a olhar para mim. Oh meu deus. Luke.
Levantei-me e andei o mais depressa que conseguia quase a correr.
-Espera...-ouvi a sua voz.
Continuei a andar rapidamente até me sentir ser projectada contra a parede. Gemi de dor depois das minhas costas baterem contra a parede fria.
-Desculpa! Ok? Eu sei que não devia dizer te tudo o que me vem à cabeça mas tu deixas me nervoso e não consigo controlar o que digo! - Grita me e eu automaticamente sorri.
-Eu estou a dizer-te coisas que faziam qualquer fugir ou começar a entrar em pânico e tu apenas sorris?-ele olha-me confuso.
-Mas querido, eu não sou toda a gente.- Sussurrei-lhe ao ouvido e sai do hospital o mais depressa possível sem olhar para trás.
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