Nessa mesma noite tive alguns pesadelos, trabalhar naquele sítio não seria tão fácil como tinha imaginado.
Quando estava a cair no sono, fui acordada pelo som estridente do meu despertador, bufei e levantei-me com preguiça da cama. Teria um longo dia pela frente...
A minha mãe fez questão de me levar ao hospital e deixar-me mesmo em frente à porta principal. Subi as escadas e cumprimentei um pouco seria o segurança, confesso que a sua expressão fria me fazia um pouco de confusão.
Continuei a caminhar e fui até ao escritório de D.Emily. Assim que bati à porta, ouvi um "entre" e empurrei a porta como dizia o sinal colocado nesta.
Relembrou-me de algumas regras e entregou-me uma lista com os nomes dos pacientes que ali estavam internados. Levantou-se e eu acompanhei os seus passos, desta vez mostrou-me a cantina e uma sala onde os pacientes costumavam pintar, reparei particularmente num deles, era alto, o seu cabelo estava pintado de verde e fazia imensos gestos ao mesmo tempo que refilava com o responsável pela actividade.
Assim que reparou em nós, senti os seus olhos cinzentos percorrerem-me e todo o meu corpo se arrepiou.
Não conseguia desviar o meu olhar do dele, de repente levantou e dirigiu-se à janela pela qual o estava a ver e começou a bater nela com os seus punhos fechados. Rapidamente dois seguranças chegaram e enquanto o seguravam uma enfermeira injectava o que penso que seria um tranquilizante
-Muitas vezes têm estas reacções, talvez por causa do tempo. Aproxima-se uma grande tempestade-diz D.Emily enquanto atravessávamos a "sala de estar dos malucos".
Há hora do almoço ajudei a distribuir as refeições pelos doentes e em alguns casos recebi sorrisos. "Nada mal Beth" pensei para mim mesma.
Até que quando pus o tabuleiro em frente ao rapaz que já tinha conhecido, vi o mesmo voar e partir-se contra a parede.
O rapaz ou tinha sérios problemas ou simplesmente não gostava de mim
- Vais arrepender de ter vindo- uma voz soa ao fundo da mesa. Percorro a mesa com os olhos até chegar ao indivíduo que me ameaçou?! Lá estava ele, com os seus olhos azuis, e o seu cabelo loiro a olharem-me, por momentos senti medo, até que uns senhores, funcionários do sítio o agarraram.-Uma noite na solitária, Hemmings. Espero que estejas satisfeito!-um dos funcionários falou com um sorriso no rosto.
-Isso não me impede de aparecer nos teus pesadelos-- diz antes de sair.
Wow,wow,wow, espera lá! O que é que ele disse?! Nota mental, dar sempre ouvidos à minha mãe. Ela bem disse que iria para um sítio onde só existiam malucos, e olha que ela não se enganou.
Vi o tal rapaz ser arrastado à força e continuei a servir os doentes. Assim que entreguei o tabuleiro a uma rapariga um "obrigado" saiu da boca dela. Olhei-a, vendo os seus olhos castanhos e o seu cabelo loiro pintado, sei que era pintado pois notava-se a raiz escura, provavelmente não recebem tratamentos de beleza.
-Ora essa. -sorri-lhe.
Ao final do dia recebi comentários de agradecimento, afinal o dia não me correu tao mal como eu pensara
Antes de sair, ouvi um som, alguém a cantarolar. "Não sejas cusca, não sejas cusca" ok, tarde de mais já eu me encontrava junto de uma porta em aço por onde se ouvia a musica, ia bater mas fui interrompida por um dos seguranças:
- a menina não pode estar nesta área
- ah...ah... Pe-ço i-i-imen-sa desculpa e-u-u...
- nada de desculpas da próxima vez avisarei o meu superior - disse me friamente
Assenti com medo e comecei a andar devagar
A voz parou de cantarolar e uma voz rouca soa:
" já de saída princesa?"