Assim não

1.9K 188 145
                                    

"Tell me why then, why should it be that we go on hurting each other?" (Hurting each other - Carpenters).

O resto da segunda-feira Juliette passou se sentindo completamente deprimida e culpada. Ela tinha o direito de não querer Sarah em sua vida, tinha o direito de respeitar seu próprio tempo e aceitar que ainda não conseguia esquecer e que aquela história ainda a machucava. Mas ela não tinha o direito de fazer o que fez, de ceder ao próprio sentimento, de ceder à vontade que tinha de Sarah e machucá-la ao não querer ir adiante. Aquilo não era o que Juliette era, ela pensava no outro, ela se preocupava, não podia agir assim, sem levar em consideração os sentimentos de outra pessoa daquela forma.

Mas não tinha feito de propósito, tinha sido inevitável, ela não conseguiu resistir ao contato de seu corpo com o de Sarah, elas encaixavam tão bem, como se tivessem sido feitas uma para a outra, e tinha sido tanto tempo, esperando, imaginando como seria, que tinha sido uma das coisas mais intensas que ela já tinha experimentado na vida. Pois é, agora tinha isso. Já era difícil antes, só imaginando. Agora que tinha experimentado estar com Sarah, aquelas sensações eram um verdadeiro martírio. Ela queria deixar tudo para trás, conseguir passar uma borracha e se entregar inteira. Era o que mais queria, porque sentia seu corpo mais necessitado da apresentadora a cada segundo que passava. Por que diabos ela não conseguia esquecer e ceder?

Já tinha chegado à noite, Juliette tinha se mudado para a cama e se colocado debaixo do edredom, mas seguia do jeitinho que Sarah a tinha deixado: nua, com o corpo esgotado, a mente confusa e a sensação de que ainda não estava satisfeita, que precisava de mais do que a brasiliense tinha oferecido a ela.

Juliette não lembrava de pensar sobre Sarah de forma assim tão carnal nenhuma vez durante todo o ano que passou. Mas a verdade é que depois de provar daquelas sensações, a morena quase conseguia isolar a culpa que sentia e se imaginar de novo com a mulher que a tinha feito gozar mais cedo. Só de lembrar, ela sentia seu centro esquentar e uma vontade desesperada de tocar-se. Ela ouviu o telefone tocar, o que a distraiu daqueles pensamentos por uns instantes.

- Oi, Debra - ela atendeu ao identificar quem era.

- Peste, tu almoçaste? - a ruiva perguntou.

- Comi uns lanchinhos aqui do frigobar - mentiu a morena.

- Oxente, tá errado. Tu não vai aguentar o ritmo se comer mal, Juliette. Vou pedir jantar pra nós.

- Quero não, Debra. Deixa eu quietinha, vou curtir essa noite só, aproveitar que a gente só pega o voo de manhã.

- Tá tudo bem? - Deborah se mostrou preocupada - aconteceu alguma coisa com Sarah? - perguntou, lembrando-se que a loira tinha ido falar com Juliette poucas horas antes.

- Sarah? - Juliette devolveu, sua voz falhou um pouco.

- Sim, ela passou aqui pra deixar um presente pra você, ela não entrou, não? Só deixou na porta, foi?

- Foi - Juliette mentiu mais uma vez, se sentia péssima por isso, mas não tinha condições de conversar sobre Sarah, até porque teria que contar muita coisa que nunca tinha se atrevido a contar para sua melhor amiga.

- Se ela nem entrou, é porque teve problema mesmo. Se desentenderam de novo, foi?

- Não. Não tô boa pra conversar, Debra. Tudo que aconteceu com Sarah, lá na casa, ainda me machuca - ela tentou ser honesta.

- Tu consegue guardar umas coisas, mas perdoar outras de forma tão fácil. Por que tá guardando isso de Sarah? Será que é por que ela importa mais do que qualquer outra pessoa que você se desentendeu lá? - Deborah provocou e ouviu Juliette suspirar do outro lado da linha - sou tua amiga e te conheço, Juliette. No dia que você quiser conversar, eu vou tá aqui, como tô sempre, inclusive hoje aqui nesse mesmo corredor de hotel.

Hold on a little longer (sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora