Capítulo 3

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Saber que eu a conheceria por intermédio de Nigel afetou-me por completo, Niguel fora categórico quanto ao assunto. Andrea Sachs era de fato uma escritora conhecida no meio editorial, após ler alguns textos por ela escritos me surpreendi com sua escrita bem formada mesmo sendo uma jovem mulher.


Apesar de saber que Nigel a conhecia, eu não estava pronta para ter uma "conversa" a três. Ele não duvidou nem por um minuto do que havia dito, todavia era surreal dizer para as demais pessoas:



- Eu vejo Andrea. Vejo almas? Gente morta? Desaparecida? No mínimo me achariam louca ou pelo menos a maior suspeita pelo desaparecimento de uma mulher que nem ao menos conheço. Coincidência demais a mulher que alugou o castelo logo após o sumiço dela ser a única que a vê. Essa é ótima! Era para serem as melhores férias desde que fiz 30 anos e me tornei Miranda Priestly e não mais a pobre menina Miriam Princhek, nascida no east end de Londres de família judia. Eu merecia um descanso, certo? – Meus olhos posaram no jardim, a pouca iluminação focava nas roseiras bem a minha frente. As horas passaram voando sem que eu notasse.


- É impressão minha ou você não trouxe seu amigo para nos ajudar? – As aparições delas não me assustavam mais, ao menos, não se eu estivesse vestida e descente. – Suspirei revirando meus olhos para ela, apesar de tudo tinha que manter minha muralha de gelo, confesso que não tinha efeito negativo com ela, pois Andrea sorria do meu mau humor.


- Você é intragável! Alguém já teve a decência de lhe avisar? – Falei seca. – A propósito, meu amigo disse que conhecia você, então não achei de bom tom trazê-lo logo após dizer que eu a vejo, seria um choque para ele. Além do mais, já imaginou se ele não conseguir vê-la? Que tese iremos ter?

- Seu melhor amigo é Nigel? Aquele bandidinho, claro.... Miranda Priestly! – Sabia que seu nome não me era estranho. Você é a mulher durona que Nigel queria me apresentar, esse louco! Quer dizer não me leve a mal, mas ser escrava de uma mulher carrancuda nunca esteve no meu top 10 oisas do que fazer antes dos 30.


- Como é? Pelo amor de Deus sua criaturinha petulante! Sinto informar a pobre noviça, mas Nigel não queria apenas nos ver juntas profissionalmente. – Ela congela no mesmo instante. Seus olhos castanhos arregalados me fitam aflitos.


- Qual é o problema dele? Meu Deus... Não acredito que ele pensou nisso. Só porque não me arranjei com nenhum homem até hoje não quer dizer que eu goste de mulheres e pelo amor ... Seria quase um encontro com minha avó! – Escutei suas palavras serem vomitadas sem filtro, como resposta mordi minha bochecha, talvez tentando manter a minha personalidade gélida.


- Acabou? Bem, senhorita Sachs, não tenho culpa se seu amigo teve essa idéia débil, não fui eu quem pediu por isso, sem contar que estou com idade o suficiente para saber que não quero mais trocar fraldas de meninas choronas, ainda mais uma garotinha como você. Prefiro mulheres que saibam do que gostam e saibam me fazer bem. Sem tempo para ensinar...aff. Então, vamos para o que nos interessa? – Falei abrupta. Ela permanecia desnorteada e dava para notar o quão estava arrependida por ter falado demais.


- Precisamos saber claramente quando você sumiu e por onde andava, mas não posso investigar sendo quem sou, pedirei para Nigel me dizer os por menores, bem como entrar em contato com seus familiares. Ele irá vir amanhã, se você quer saber. Isso é tudo. – O tom frio de minhas palavras obviamente a atingiram. Levantei lentamente amarrando meu robe com força. Não olhei para trás, todavia meus ouvidos escutaram seu fraco e tímido agradecimento.  

Destino - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora