01. Ligeiramente confusa

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Henry Hart era lindo, isso Charlotte Page não poderia negar; seu melhor amigo era extremamente bonito, com um sorriso fácil que por vezes a deixava desconcertada, ele possuía uma energia leve que atraía quase todos que estavam ao seu redor e sempre encontrava um jeito, por vezes até estúpido, de animar uma noite chata. Ela poderia listar inúmeras qualidade de seu amigo, passar a noite repassando todos os pequenos momentos que compartilhou com ele, mas nada daquilo faria sentido naquele momento porque só serviria para aumentar ainda mais a sua frustração.

Suspirou profundamente se logo arrependendo em seguida, parecia uma daquelas garotas apaixonadas dos livros que sua colega de apartamento amava. O que deveria frisar era que 1, ela não estava apaixonada e 2, a mera ideia de se apaixonar por seu melhor amigo era clichê demais até para ela. Rolou de barriga para cima, o teto de seu quarto estava coberto de estrelas de papel brilhante que Rupi fizera questão de colar, a garota era algo ainda não nominável e Charlotte nunca conseguia dizer não para a mais nova.

Sentiu seu celular vibrar, sentou-se torcendo internamente para que não fosse Henry, não estava com a mínima vontade de conversar com ele, de preferência o ignoraria o máximo possível até sua cabeça voltar ao lugar e aquela atração estúpida evaporar de cada célula de seu corpo. Ao virar o aparelho em sua mão, franziu a testa quando viu o nome de Bysh Bilsk brilhar em letras maiúsculas.

- O que houve?

Indagou preocupada, não era normal sua amiga ligar para ela, o máximo que a Bilsk fazia era mandar mensagens a cada quinze dias sobre assuntos aleatórios que faziam a Page ou gargalhar ou se preocupar que ela fosse presa novamente.

- Lottie! - o grito animado fez a desconfiança se espalhar por seu corpo. - Você não vai acreditar no que acabou de acontecer comigo!

- Por favor, me diga que não tem nada a ver com uma possível prisão. - pediu meio brincando, ainda estava cautelosa, principalmente pela voz da amiga estar sendo abafada por gritos e uma música eletrônica que provavelmente não teria sentido.

- Adivinha!

- Você sabe que eu sou péssima nisso, então diz logo, Bysh.

- Só não mando você ir à merda porque estou imensamente feliz! - declarou gritando e novos gritos puderam ser escutados de onde quer que ela estivesse. - Eu vou casar, Lottie!

- Você vai o quê?

- Casar! Encontrei alguém maravilhosamente rico, ele perguntou e eu disse sim!

Charlotte afastou o celular de sua orelha, olhou para a tela descrente e retornou à ligação.

- Bysh, quem é esse cara?

- Um novo rico aqui da cidade. - a escutou se afastar da comoção de vozes e ir para um lugar mais calmo.- Nos conhecemos em uma festa de uma amiga em comum. Ai, Charlotte, ele é tão lindo e rico. Acho que estou apaixonada.

Quis rir, mordeu o lábio para impedir a risada que borbulhava em seu peito. A mera ideia de Bysh Bilsk se casar parecia surreal e ao mesmo tempo esperada. Descobriu que a garota era uma romântica escondida desde a conhecera melhor anos atrás, chorava ao assistir filmes onde os protagonistas terminavam sua história com um grande casamento ou um esperado bebê. Quem a via, imaginava que ela renegava todo e qualquer sentimento, mas bastava conhecê-la para saber o quão mole o seu coração era. Mas a veia ambiciosa nunca a deixava, afinal, ela era uma Bilsk.

- E quando vai ser o grande dia?

Não adiantava tentar conversar com ela, quando Bysh colocava algo na cabeça não havia como fazê-la voltar atrás, então só restava a Charlotte torcer para ninguém ser preso por assassinato.

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