waiting.

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capítulo 7

- Meredith, eu poderia chegar aqui e mentir pra você, dizendo que ela está atolada de coisas e não deu pra vir. mas estaria te enganando. Addison ainda está magoada, dê um tempo a ela, a deixe respirar, pensar.

- ela não se importa comigo.

- você já parou pra pensar no quão a vida dela mudou desde que você contou da gravidez a ela? - Meredith mantinha o olhar fixo no lençol jogado em suas pernas ouvindo o que Arizona dizia. - Mer, Addison é ridículamente apaixonada por você, e você vai e apronta uma dessas.

- amor, é bom deixar esse assunto pra outra hora. - Callie disse. Arizona ignorou e retornou a falar.

- você sempre teve tudo, tinha uma grande mulher do seu lado. uma mulher que nunca deixou te faltar nada. que se virava em duas pra pagar sua faculdade, contas de casa - pausa - será que é tão difícil ser leal a uma mulher assim, Meredith? o que deu na sua cabeça pra fazer isso? e, pelo amor de deus, não venha me falar que foi forçada a isso porque serei obrigada a me retirar desse quarto.

- às vezes cometemos loucuras. - se sentou na cama.

- e olha no inferno que virou sua vida por causa dessa loucura. poxa, você não é mais nenhuma criancinha não, sabia bem no que ia dar se fosse descoberta.

- amor, ela só tem dezessete anos.

- dezessete e não sete! eu poderia ficar aqui falando por uma hora, puxando sua orelha, falando e falando. mas não vou! não vou porque agora você terá que arcar com as consequências do que você fez, e espero do fundo do meu coração que você aprenda algo com tudo isso. que amadureça!

- eu errei, Arizona - baixou a cabeça - mas me arrependo do que fiz. não faria de novo.

- uau, nossa! ok, você se arrepende. - revirou os olhos. - como se isso fosse mudar alguma coisa. o arrependimento não apaga o que você fez. a mentira foi descoberta, o bebê está aí dentro de você. Addison está ferida, e aí? o que mudou depois que você se arrependeu? absolutamente nada. - Meredith a encarava. Callie mexia sua mão de cabeça baixa, sabia que não conseguiria fazer com que a mulher se calasse. - não que eu queira me meter na vida de vocês, mas você terá que ralar muito para conseguir Addison de volta e talvez nunca mais consiga a confiança dela novamente. se quiser tentar algo pare de encenar a vítima, a coitadinha.

- amor..

- Callie, calada por favor. e daqui em diante, comece a agir menos por impulso, pense e repense se valerá a pena, se arrependerá amanhã ou depois.

- com licença..

o assunto foi cortado, uma enfermeira entrou no quarto checando os sinais vitais de Meredith. como nas outras vezes, fez as mesmas perguntas rotineiras como: "sente alguma dor?" "diurese ou evacuação ausente ou presente?"

***

- eu realmente não aguento mais ficar nesse lugar. quero minha casa, minha cama e minha comida. vou acabar surtando entre esse batalhão de gente de branco.

- se aquieta e mantenha a paciência. doutora Hilary disse que iria avaliar o último exame e depois vinha te liberar ou não.

- ela disse isso de manhã, Callie. já são quase oito da noite! - bufou impaciente.

- você não é a única paciente desse hospital, querida. existem mulheres parindo nesse momento, outras sentindo dores do pré parto e você é a que só reclama. - Callie disse enquanto folheava a revista em mãos. - aquieta esse seu cu e durma que o tempo passa logo.

- mas eu não quero dormir - falou manhosa cruzando os braços abaixo dos seios. Callie observou os movimentos, focando nos seios fartos de Meredith.

- está bem de comissão de frente agora, hein - sorriu - aproveita que até isso é passageiro. uma hora está lá em cima, outra lá em baixo..

- muito obrigada por me lembrar dessa parte, amiga - fez um sinal de jóia. Callie sorriu junto de Meredith. o sorriso no rosto de Meredith foi morrendo aos poucos dando lugar a preocupação.
- Callie, eu não faço ideia de como amamentar. - disse apavorada.

- não é como se fosse a coisa mais difícil do mundo colocar o bico do seio na boca da sua filha, Meredith. - revirou os olhos.

- e se ela engasgar? e se eu não tiver leite? e o pior, e se ela não gostar do meu leite?

- Meredith! não pira! não comece a colocar coisas na sua cabeça. eu não sou mãe ainda, mas conheço várias que o extinto materno aflora assim que se torna mãe. que passam a fazer coisas que nunca foram feitas antes com muita naturalidade, como se fizessem a vida toda. então relaxe, quando for a hora você saberá o que fazer.

- espero mesmo - mordeu os lábios. - tenho tanto medo. - confessou.

- já pensou no tipo de parto?

- com certeza já. com toda certeza desse mundo e até de outro que desconhecemos quero parto cesárea. não tenho estruturas pra parir uma criança não. não suportaria a dor de sentir uma criança saindo da minha vagina. - Callie não aguentou e começou a rir. - é sério, você já imaginou uma cabeça saindo da sua vagina? - pareceu pensar - não.. não - interrompeu seu próprio pensamento - pior deve ser o ombro saindo. misericórdia!

- há quem diga que o pós parto doloroso  a sentir a dor de um ombro saindo da minha vagina.

- você quem sabe. eu optaria pelo parto normal. doer vai, mas depois que o bebê nascesse a dor acabaria.

- não sou mulher de colocar filho no mundo saindo da minha vagina não.

a conversa dos pós e contras dos tipos de partos fluiu. rendeu tanto que Hilary entrou no quarto cinquenta minutos depois e elas ainda falavam sobre isso.

- doutora, você como profissional experiente, recomendaria que tipo de parto?

- depende bastante. existem algumas coisas que precisamos avaliar antes disso. exemplo: uma mulher com a idade mais avançada, com problemas de saúde eu recomendaria cesárea. evitaria algum tipo de complicação. no seu caso, jovem, sem problemas de saúde, o mais indicado seria o parto normal. a não ser que eu veja que você não teve dilatação. - explicou - você já decidiu qual vai querer?

- se der certo cesárea. amém! - Hilary e Callie riram.

- bem mocinha, adivinha quem vai pra casa? - Meredith sorriu. - vou te liberar, mas com algumas condições.. quero você semanalmente no meu consultório para irmos avaliando a situação da perda do líquido. quero que fique de repouso absoluto e - frisou - Qualquer coisa, me avise. atenção redobrada para as roupas, a perda de indolor, pode acontecer e você nem percebe. quero que continue a tomar os antibióticos, na próxima semana quando for no meu consultório refaremos o exame de sangue para vermos se a infecção foi embora. ok?

- ok - respondeu animada. - já posso me arrumar e ir? - tentou se levantar mas foi impedida por Callie.

- vamos com calma. - Hilary sorriu - vou fazer a papelada da alta. vou deixar a receita com a medicação junto da enfermagem.

não demorou muito mais que vinte minutos para uma enfermeira gordinha e sorridente entrasse no quarto as liberando. entraram no carro e seguiram em direção ao apartamento que Meredith dividia com Addison.

pequena consequência | meddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora