Capitulo 2

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                  Hold On - Justin Bieber

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                  Hold On - Justin Bieber

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Minhas mãos doem ao fechar a caixa registradora, conto silenciosamente todas as moedas que foram deixadas no balcão e ouço Sammy cantarolando enquanto limpa a cozinha.
Já são onze horas da noite, e o pequeno café onde trabalho toda noite esteve mais movimentado hoje do que no resto da semana.

Sempre achei que as pessoas preferiam ficar em casa no Natal, e não passando suas noites natalinas sozinhas em uma mesa aos fundos de um café meia boca com três opções de sanduíche.
Pelo visto não sou a única que corre de feriados.

Desde que minha mãe morreu a três anos tudo perdeu um pouco da magia, papai tenta dizer que está tudo bem, tenta agir tranquilamente nessas horas. Mas consigo ouvir seu choro quase todas as noites. Não é algo que conseguimos deixar para atrás tão facilmente.

Limpo minhas mãos depois que passo um pano com álcool no balcão e me despeço de meu chefe que ainda limpa calmamente a cozinha.
Com o dinheiro de gorjeta que recebi hoje e as moedas do balcão, fico satisfeita. Não sou ruim de vida, muito pelo contrário, mas tento fazer de tudo para que meu pai não tenha que arcar com minhas despesas ou com meus luxos.
Tenho uma paixão grandiosa em algumas pessoas famosas , e gastar meu dinheiro nisso é quase que uma terapia. Tudo que eles lançam eu compro, tudo que eu vejo sobre eles, compro. Sou uma consumista, mas uma consumista apenas nesse quesito.
Por isso passo minhas noites servindo bebidas e sanduíches para pessoas que são quase tão solitárias quanto eu. 

A caminhada até em casa não é longa, acho que consigo contar meus passos quando não estou com a cabeça tão atolada em pensamentos. Dessa vez tento caminhar mais lentamente, não sei se estou afim de ir rápido e lidar com a casa vazia no Natal.
Morar em Johns Creek não é ruim, uma das cidades mais grandes do estado da Geórgia, e estranhamente segura. O que facilita muito eu andar sozinha a noite sempre que saio tarde do trabalho.

[...]

-Pai ?- chamo assim que passo pela porta da frente. Consigo sentir um cheiro delicioso por todos os cômodos até que chego na cozinha.

Vejo meu pai com um pano de prato no ombro, uma taça de vinho, a bancada da cozinha com um enorme prato de salada e uma tigela com massa e molho.
Meu pai parece animado, o que me deixa feliz. Não imaginava essa energia boa hoje.

-O que é tudo isso? Achei que já estivesse dormindo - pergunto tirando minha bolsa pelo ombro e me sentando de frente para ele.
Meu pai não é de cozinhar, nossos almoços sempre são comidas enlatadas e nossos jantares pizza ou algum sanduíche que trago do trabalho.

-Essa é nossa ceia de Natal querida, fiz a massa exatamente do jeito que você gosta- ele diz calmamente e meu peito se enche de compaixão.

O Natal sempre é difícil pra ele, mas mesmo assim ele colocou o melhor sorriso no rosto e preparou isso apenas para nos sentirmos bem. Admiro meu pai. Embora seja difícil para mim também, consigo esconder meus sentimentos. Não deixo que minha tristeza e luto o afetem e o arrastem para o fundo do posso mais ainda, se é que isso é possível.
Levanto e o ajudo a pegar copos e pratos e logo nos sentamos para comer.
Ligo a TV que tem na cozinha e coloco em qualquer programação boba que não esteja em clima natalino. Um programa de stand up, o que tira boas gargalhadas do meu pai.

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