02 de agosto, 2005.
Ainda sinto o calor dos lábios do meu melhor amigo nos meus. Aquele fogo que senti em minhas pernas está nítido em mim. Desde aquele dia, estou em uma mistura de sentimentos e confusões. Estou mais avoada que o normal, pensando coisas que nunca havia pensado sobre Keisuke antes. Eu cheguei a me tocar pensando nele. Isto com certeza é fora do meu habitual. Tenho o evitado desde o ocorrido a três dias atrás. Não respondo suas mensagens ou vou em sua casa como ia todos os dias. Mal consigo o olhar nos olhos. Com clareza agora, parece que estou mesmo apaixonada nele. Então, aproveitando que tenho que dar reparos no meu uniforme, vou ir no colégio de Mitsuya, aonde ele costura. O platinado é um bom conselheiro, aproveito e o pergunto sobre.
— Ah, oi Nady! - ele fala sorrindo ao me ver.
— Oi Mit, preciso da sua ajuda...
— Lá vem... Rasgou o uniforme de novo, não é? - Mit faz uma pose de dona de casa, pondo as mãos na cintura, igualzinho minha mãe me dando sermão.
— Bom... - faço uma careta inocente.
— Passa pra cá - ele pega o uniforme em mãos. — Já é a terceira vez só esse mês mulher, desse jeito eu terei que inventar um uniforme de ferro para você.
— Em minha defesa, não foi minha culpa! - me sento na cadeira em sua frente.
— Nunca é né, espertinha - ele brinca se sentando na cadeira da máquina de costura. — Pensando melhor - ele levanta. — Vou te dar um novo, esse aqui tá cheio de reparos, tá feio. Passa na minha casa mais tarde, vou te entregar o novo que eu fiz, adaptado para você.
— Está beem - apoio minha cabeça no encosto da cadeira.
Mitsuya começa a costurar umas outras peças, colocando um óculos de grau no rosto. Observo em silêncio, pensando na melhor forma de abordar o outro assunto.
— Ei, platinado - o chamo. — Posso te perguntar uma coisa? Sobre um assunto meio... sei lá, estranho.
— Manda. Vindo de você eu espero algo como estar planejando um assalto a banco milionário, ou como vai implantar o comunismo na sociedade e até que você viu um gatinho na rua - ele continua costurando.
— É pior que isso, juro. É sobre Baji - no mesmo instante Mitsuya sobe o olhar, me olhando por cima dos óculos de grau. — Eu o beijei. Na verdade, tecnicamente ele me beijou.
— Nossa... realmente é pior - ele larga o tecido que segurava, cruzando as pernas e se concentrando em mim. — Vamos, conte tudo. Quero saber cada detalhe desse babado.
— O maior maria fifi que eu conheço, misericórdia - me ajeito na cadeira, tomando postura de quem vai contar a maior fofoca do mundo. — Então, ele disse que eu fui a primeira que ele beijou, até disse que não queria que fosse outra.
— Gente... que coisa não - Mitsuya faz drama na voz. — Eai, você fez o que?
— Nada ué, eu ia fazer o que? - desvio o olhar pro chão, falando mais baixo. — Eu acho que gosto dele Mit. Será que é isso mesmo?
— Mulher, com toda sinceridade? Só você não percebeu isso ainda. Porque por deus viu, você se apaixona e os outros que percebem primeiro. Afinal, seria surpresa se não estivesse, né?
— Ah, sai dessa. Nunca passamos dos limites, tá certo? É apenas uma amizade.
— Claro claro. Uma amizade maravilhosa pintada de rosa - ele revira os olhos.
— E além do mais, tem outra coisa - brinco com os dedos indicadores.
— Vixe, não me diga que superou a fase virjola? Usou proteção né, deus me livre ser tio com uma idade dessas.
— Ei! Nada a ver. Eu vou morrer virjola, tá louco. Pra deixar de ser virgem tem que perder algo, e perder é pros fracos.
— Está certo - Mitsuya ri engraçado. — Então o que é?
— Quando ficamos excitados, como é?
— Bom... - o platinado arruma os óculos, e eu presto atenção no que ele vai dizer. — Uma sensação de tudo está em êxtase ou câmera lenta, um calor diferente mesmo que esteja frio, e uma vontade de fazer... bem, você sabe. Diga, você sentiu isso?
— Digamos que sim...
— Saiba que é completamente normal. Principalmente quando é com a pessoa que nos sentimos confortáveis ou que temos algum sentimento romântico.
— Entendo... - ponho a mão no queixo, pensando.
— Converse com ele, talvez Baji seja o seu primeiro nesse momento e você seja a primeira dele. Isso é importante, e será melhor ainda já que ambos se conhecem a muito tempo e tem intimidade um com o outro - Mitsuya da de ombros. — Amiga, cai dentro.
— Não dá. Eu estou o ignorando totalmente - bufo.
— Meu deus. Tinha que ser uma bocó mesmo - ele revira os olhos.
Eu e o meu amigo ficamos conversando por mais um longo tempo, pondo as fofocas em dia. Quando fui embora, o pior aconteceu. Minha moto deu trava no motor, devido ao sistema de segurança que ela tem, morrendo na rua. Desci para ver o que houve, parei em um bairro desconhecido para mim. Em frente a um bar vazio, tinha apenas três pessoas lá dentro. Mal os olhei, continuando a fazer o que tinha que fazer.
— Problemas, moça? - uma voz com tom debochado diz atrás de mim, me viro vendo um cara absurdamente alto, com um topete loiro e o resto preto, fumando um cigarro. — Quer ajuda?
— Não, obrigado. Está resolvido - volto atenção a minha moto.
— Tudo bem então... - ele ri, parando ao meu lado. — Você é da Toman, não é? Que coincidência perfeita - o encaro de canto de olho. — Não que eu seja um stalker esquisito, ok? Mas é que você é... famosa. Principalmente por aqui - ele olha em volta.
— A fama nem sempre é desejada, mas ela vem. Fazer o que - bato as mãos na minha calça, indo para subir no banco.
— Eu gostaria muito de conversar contigo, estaria interessada? - ele apaga o cigarro, jogando na rua.
— No momento só tenho interesse em ir embora.
— Tem certeza? Eu tenho algo que seria de seu interesse - ele sorri largo, mostrando os dentes.
— Por acaso é dinheiro? Se for é sim - sorrio irônica.
— Dinheiro não é, não por enquanto - o cara leva a mão ao bolso, puxando um papel. — Mas uma carta, uma mensagem de um amigo querido seu de muitos anos. Kazutora Hanemiya. Esse é o nome, certo?
O olho desconfiada no mesmo instante, cerrando os olhos. Como ele conhece o Kazu? Estendo a mão, pegando a carta que ele apontava em minha direção, encarando o papel perfeitamente dobrado.
— O mesmo pediu para que só você leia o conteúdo que tá aí, e que leia com atenção - ele puxa outro cigarro de seu maço, que está amassado.
Assim ele dá passos para trás, para que eu possa arrancar com a moto. Antes de ir, o escuto dizer;
— Você é realmente do jeitinho que ele disse.

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ʟᴏᴠᴇʀs - ʙᴀᴊɪ ᴋᴇɪsᴜᴋᴇ
أدب الهواة𝘈𝘵𝘦 𝘰𝘯𝘥𝘦 𝘪𝘳𝘪𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘱𝘰𝘳 𝘢𝘭𝘨𝘶𝘦𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘮𝘢𝘮𝘰𝘴? 𝘖 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘵𝘰 𝘧𝘢𝘳𝘪𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘪𝘴 𝘭𝘪𝘮𝘪𝘵𝘦𝘴 𝘢𝘭𝘤𝘢𝘯ç𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘱𝘰𝘳 𝘶𝘮𝘢 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢? 𝘕𝘢𝘰 𝘦 𝘮𝘦𝘯𝘵𝘪𝘳𝘢 𝘰𝘶 𝘧𝘭𝘦𝘳𝘵𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘥𝘪�...