Sátiro

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     Taehyun soltou um pequeno gemido quando sentiu, de novo, aquele toque em sua virilha. Ele não tinha certeza do que estava acontecendo, e estava com muito sono, não queria abrir os olhos.

     Ou, pelo menos, era assim até escutou mais um gemido... não era dele.

     Ele abriu os olhos no exato momento em que todas as memórias da noite anterior inundaram sua mente como uma avalanche. Ele se assustou, seus olhos se abriram ligeiramente encontrando o cabelo escuro de Beomgyu deitado confortavelmente em seu peito.

     Ele mexeu um pouco as pernas, percebendo imediatamente o motivo de seus gemidos e de Beomgyu: os dois estavam com as pernas emaranhadas, então era de se esperar que suas virilhas ficassem grudadas e se esfregassem constantemente. Não demorou muito para ele perceber que não conseguia se mover, pois os braços de Beomgyu estavam firmemente em volta de sua cintura, deixando-o imóvel.

     Ele fechou os olhos com força, tentando pensar em uma ideia do que diria a Beomgyu e como ele poderia reagir à história não trágica que Taehyun teria que contar a ele. Ele queria que Beomgyu entendesse o motivo da sua atitude fora do comum da noite passada.

     Não seria uma coisa fácil de dizer, porque o mais velho provavelmente iria rir dele. Mas ele gostava de Beomgyu... e queria tentar algo com ele. Por mais que isso custasse seu autocontrole, ele desejava que com Beomgyu não fosse apenas algo sexual.

     — B-Beomgyu?

     Beomgyu olhou para ele naquele momento, Taehyun temeu que pudesse ouvir a batida forte e inquieta de seu coração, porque tinha ficado visivelmente agitado quando viu o rosto adorável de Beomgyu acabando de acordar, com grandes e lindos olhos preguiçosos entreabertos, seus lábios delicados e rosados como sempre e os cabelos apontando em todas as direções, dando-lhe uma aparência mais do que preciosa.

     — Bom dia, Tae. – Beomgyu murmurou, subindo em Taehyun para dar um beijo em sua bochecha. — Como você dormiu?

     Taehyun olhou para ele pasmo. Ele tinha esquecido o que aconteceu ao amanhecer? Era verdade que ele queria que Beomgyu se lembrasse de cada detalhe, como ele fazia, mas ele ainda não sabia como lidar com isso de qualquer maneira. Então, ele não tinha ideia do que fazer ou dizer.

     — B-bem. – ele apensa respondeu, forçando um sorriso. — E você?

     Beomgyu riu, sacudindo os ombros e confundindo o mais jovem.

     — Há algumas horas você estava: "Beomgyu, eu gosto de controle", "Beomgyu cala a boca", "Beomgyu, você está muito inquieto", "Beomgyu, Beomgyu, Beomgyu". – o mais velho zombou levantando uma sobrancelha. Taehyun ficou completamente vermelho. Beomgyu pousou as mãos no peito de Taehyun. — É um pouco implausível que eu esteja bem.

     O mais novo morde o lábio inferior. Ele teve que admitir que estivera criando coragem para contar tudo a Beomgyu por mais de uma semana, mas, naquele momento, nenhuma palavra conseguiu sair de sua boca.

    Mas parecia não ser necessário, porque, estando completamente mergulhado em seus pensamentos, a única coisa capaz de tirá-lo de lá foram os lábios de Beomgyu pousando nos seus.

     Beomgyu se acomodou de forma que ficasse sentado no abdômen de Taehyun e enredou os dedos no cabelo que crescia na nuca do menino, que instantaneamente derreteu ao toque, ligando sua língua à de Beomgyu.

     Kang recostou-se na cabeceira da cama, sentando-se, deslizando Beomgyu sobre seu estômago até que sua bunda caísse em sua virilha. O moreno acomodou-se, movendo os quadris contra os do menor, ao que este não pôde deixar de ofegar no meio do beijo, apertando os olhos e afastando o mais velho, que o olhava com saudade e brilho nos olhos, com lábios inchados e avermelhados.

     — Não posso, B-Beomgyu... Não posso... – murmurou o loiro, passando a mão no cabelo. –

     — O que você não pode? – perguntou Beomgyu, levantando uma sobrancelha. Taehyun hesitou várias vezes antes de olhar para ele, mas no final, ele conseguiu. –

     — Eu não posso fazer nada com você até que você saiba... tudo. – Taehyun confessou, mordendo o lábio inferior. Beomgyu sorriu, com compreensão brilhando em seu olhar. Taehyun teve que se conter para não se jogar nele naquele momento. –

     — Bem... comece. – Beomgyu murmurou, acariciando levemente as clavículas da criança. –

     — Primeiro... sente-se em outro lugar, eu não consigo me concentrar se você estiver sentado em cima do meu pau. – Taehyun o deixou saber, apontando para um lugar próximo à cama. –

     Beomgyu solta uma risadinha travessa e se acomoda onde Taehyun apontou.

     — Agora, comece.

     O mais jovem lambeu os lábios ansiosamente.

     — Eu sou um sátiro. – ele confessou de uma vez, fazendo Beomgyu pular. –

     — Uh... bem... eu acho...

     — Eu ainda não terminei. – ele o interrompe. — A primeira vez que fiz sexo, foi aos dezesseis anos. Foi com uma garota e foi... horrível. Deu tudo errado. – a careta de nojo que Taehyun fez naquele momento fez Beomgyu rir. — Só tentei de novo meio ano depois... mas foi, dessa vez, com um menino. Ele não queria me deixar ser o ativo por causa da minha falta de experiência, mas eu me recusei a ser o passivo, então... naquela noite apenas nos tocamos e não fizemos sexo oral. Apesar disso, foi uma das melhores noites da minha vida. Então pensei que o problema eram as garotas. – Taehyun faz uma pausa. — Então, eu pesquisei sobre o assunto se sexo homossexual e começei a fazer isso com garotos... frequentemente. Não podia passar um fim de semana sem estar estre as pernas de um garoto... com o tempo foi piorando porque meninos não eram suficientes para mim. Por mais que eu tenha ficado traumatizado com a questão das meninas, não pude resistir. Começei a fazer isso com meninos, meninas e os dois ao mesmo tempo. Cheguei a um ponto em que não conseguia passar um dia sem fazer sexo. Minha resistência tornou-se aterrorizante... – Taehyun fez uma cara de angústia. –

     Ele arrumou a postura um pouco nervoso.

     — Poderia fazer isso cinco vezes seguidas... e ainda podia sentir que às vezes não estava satisfeito. Minha família percebeu... foi a coisa mais embaraçosa que eu tive que admitir para eles, mas, àquela altura, eu já sabia há muito tempo que eu tinha um problema hipersexual. Então, fui fazer tratamento por um ano e meio. Quando saí, tinha dezoito anos, altura em que fiz uma troca. Quando cheguei a América, percebi que estava a atrair muita atenção, garotas e garotos literalmente caíram em cima de mim, em todo lado. Então eu percebi que não seria bom para meu autocontrole se eu fosse tentado tão de perto. Sempre fui um menino muito tímido, então me fechei. Pereceu funcionar porque ninguém estava prestando atenção em mim... – o menino cobre o rosto com as mãos. — Até que tive que voltar para a Coréia e depois para a Universidade e depois tive que entrar para o time e agora todos estão atrás de mim de novo...

     Taehyun de repente ficou em silêncio. Talvez uma confissão apressada depois de uma história tão patética não fosse uma boa ideia... era melhor esperar pela reação de Beomgyu.

     Então ele se virou para olhar Choi, encontrando os olhos adoráveis de Beomgyu arregalados e perdidos no nada, processando a informação recém-recebida.

     — Bem... eu... eu não sei o que te dizer. – Beomgyu admite, encolhendo os ombros. — Tudo o que posso pensar é que não vai adiantar nada reprimi-lo sexualmente. Tudo vai piorar. Além disso, você tem as bases do seu tratamento e as orientações, então, você saberá o que fazer quando sentir necessidade de fazer sexo... como você fez... todo esse tempo?

     — Há um problema maior do que isso... – Taehyun murmura, olhando para ele. –

     Beomgyu retribui seu olhar, aparentemente confuso.

     — Qual é o problema? – pergunta o mais velho, movendo-se para voltar à posição anterior, no colo do mais novo. –

    Taehyun engole em seco, mudando o olhar de seus lábios para seus olhos do mais velho repetidamente.

     — Eu gosto de você.

《'𝐹𝑎𝑙𝑜𝑓𝑖𝑙𝑖𝑎》Onde histórias criam vida. Descubra agora