Epilogue

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Dez minutos se passaram desde que o detetive Harry anunciou que eu realmente era a Weasley perdida, mas tudo o que eu conseguia pensar era se conseguiria olhar no rosto dos meus verdadeiros pais.

– Podemos fazer isso aqui mesmo ou podemos te levar até a casa deles.

Olhei para Scorpius em busca de respostas, porém ele apenas sorriu para mim. Eu poderia escolher o que eu quisesse que ele me apoiaria. Olhei novamente para o homem moreno a minha frente e pedi para conhecê-los onde eles se sentiriam mais confortáveis em receber a notícia e, pelo sorriso que recebi em resposta, eu diria que estaríamos a caminho da casa dos Weasley.

Parecia que a temperatura havia caído, minhas mãos estavam congeladas e eu sentia uma tremedeira. Scorpius ficou abraçado comigo no carro, brincando com os meus dedos enquanto o detetive Harry entrava na casa. Ele respirou fundo e fez uma cara séria antes de entrar, parecia que ele ia dar a notícia do mesmo jeito que fez comigo.

– Será que é assim sempre que encontram uma pessoa perdida? – perguntei a Scorpius enquanto encostava em seu ombro.

– Posso te dizer que você está recebendo tratamento especial. – Scorpius beijou o topo da minha cabeça antes de continuar – Também posso te contar o que sei deles antes de entrar.

– Não. – falei me levantando abruptamente – Eu quero conhecer eles. Ou reconhecer eles.

– Bom, tenho certeza que vamos ficar aqui por um tempo antes de você entrar. – Ele falou rindo e colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. – Seu tio gosta de fazer um drama.

– Meu tio?

– O detetive Harry. Harry Potter.

– AH MEU MERLIN! – exclamei colocando as mãos na boca e olhando para a casa. – Eu me esqueci disso, ele disse que era cunhado do homem da foto.

– Também conhecido como Ronald, seu pai?

– É, meu pai. – Era estranho, mas eu não conseguia chamá-lo assim, pelo menos não no momento.

Continuamos em silêncio enquanto Scorpius fazia carinho em minha cabeça e esperávamos para entrar. Eu não sabia como deveria agir, eles são meus pais, não são? Mas eu tenho certeza que vai ser um encontro estranho: olha aqui sua filha sumida há anos, basicamente uma adulta no lugar da criança que vocês perderam.

Harry bateu na janela do carro e eu achei que fosse vomitar. Eu não sabia o que esperar. Eles seriam estranhos, contudo, que, sanguineamente falando, são meus pais. E se eu não for o que eles esperam? Parei no meio do caminho. Scorpius me empurrou de leve falando que eu conseguia, mas eu sentia a necessidade de sair correndo.

Entrei na casa e absorvi cada detalhe daquele lugar, tão diferente de onde eu cresci. Aconchegante. Havia um lindo sofá alaranjado na frente de uma lareira acessa, na mesa de centro encontravam-se três xícaras, levantei os olhos para a família na minha frente. Os três estavam com lágrimas nos olhos.

A morena, Hermione Granger-Weasley, seu cabelo estava preso em um coque volumoso no topo de sua cabeça, ela não usava qualquer tipo de maquiagem e vestia um roupão vermelho por cima do pijama dourado. Ela tinha o olhar mais doce que eu já vi.

O ruivo mais velho, Ronald Weasley, teve que se sentar ao me ver, ele usava uma calça xadrez e um grande moletom com um R no centro, eu podia ver todas as suas sardas ressaltadas pelo rosto vermelho e os olhos lagrimejando.

O ruivo mais novo foi o que mais me chamou atenção, Hugo Weasley, quem diria que eu tinha um irmão. Ele chorava, porém parecia mais preocupado com os pais do que em processar a situação.

Eu não soube muito bem o que fazer, eles pareciam estar absorvendo o choque de me ver e eu não conseguia sentir vontade de chorar, eu sabia que eles eram a minha família, mas, para mim, eles ainda eram estranhos.

Tudo mudou quando Hermione correu em minha direção e me abraçou. Aquele toque, aquele aconchego, aquele cheiro. Eles eram familiares, eles me trouxeram à tona. Eu abracei a mulher na minha frente como eu nunca havia abraçado a mulher que se passou por minha mãe. Ela se afastou e segurou meu rosto, os olhos inchados de chorar e as lágrimas molhavam sua face, contudo, ela era a mulher mais bonita que eu já havia encontrado. Eu senti vontade de limpar o local qu estava molhado, mas eu não conseguia me mexer.

– Oh, – ela se afastou e eu senti um frio me cercando – me desculpe, eu não sei se você gosta de abraços.

– Não precisa pedir desculpas. Eu gostei. – Falei olhando para o chão.

Ronald se aproximou da esposa e eu levantei meus olhos novamente. Ele chorava ainda, mas eu não consegui deixar de perceber as olheiras. Passei a olhar os dois abraçados a minha frente, inseguros de como agir. Possivelmente estranhando a minha reação.

– Sabemos que isso deve ser um tanto estranho para você, mas perdoe esse casal que sonha com esse momento há anos. – Ronald falou sorrindo para mim.

Hugo foi o último a se aproximar, ele apenas esticou a mão para mim, chacoalhando nossas mãos e se apresentando. Eu não pude deixar de sorrir, foi o cumprimento mais estranho que eu já tinha visto.

Olhando os três novamente me senti segura e um certo calor surgiu em meu peito. Aquela era a minha família, com certeza aquela era a minha família. Não estava falando só porque nós éramos extremamente parecidos, mas porque eu senti algo que eu nunca havia sentido na fazenda. Amor.

Os Weasley eram a família mais animada que eu conheci, Ronald passava a maior parte do tempo fazendo piadas ruins, enquanto Hermione o encarava com a cara de quem pensava como um ser humano adulto era capaz de fazer piadas tão ruins. Os dois conversaram animadamente sobre absolutamente tudo o que era possível, descobri que Ronald também era detetive e parceiro de Harry, desde sempre; ao passo que Hermione era, nada mais nada menos, do que a melhor Defensora Pública da cidade, com direito a prêmios.

Hugo poderia ser descrito como um palhaço humano. Ele ainda estava no colégio, e era dois anos mais novo que eu. Pelo jeito ele era extremamente apegado aos pais e eu honestamente não o julgaria, deve ser estranho crescer sabendo que você tem uma irmã, mas que não cresceu com ela por ter sido tirada dos seus pais.

Eles falavam de coisas que gostavam, de como eles costumavam agir, de hábitos que tinham, até como era a rotina na casa. Sempre que falavam sobre algo, eles possuíam sorrisos genuínos. Mas também perguntaram muito sobre mim, tentando evitar o tópico dos Nott, mas de como eu era, os meus gostos, o que eu gostava de fazer.

Eu passei uma semana indo na casa dos Weasley, todos os dias, passando o máximo de horas possível. Conhecendo a casa, as pessoas que ali moravam e me habituando com o lugar. Scorpius sempre me acompanhava, ele fazia questão de ficar do meu lado em todos os momentos, de segurar a minha mão e de me escutar falando sobre o dia quando voltávamos para a casa dele.

Eu estava me sentindo cada vez mais confortável, Scorpius via isso nos meus olhos e até achou que seria melhor se ele parasse de ir comigo. Mas eu não queria isso, eu o queria comigo, eu nunca mais queria estar afastada dele e nem daquelas pessoas maravilhosas. Scorpius estava ali, sendo a minha âncora e o meu porto-seguro. Ele foi esse tempo todo a pessoa que mais me apoiou.

Acho que ele fez com que todos os processos fossem mais fáceis, e tive certeza disso nos momentos que se seguiram. Ele ficou do meu lado quando eu conheci meus padrinhos, Harry e Gina Weasley; quando conheci meus avôs, todos os quatro; quando conheci o restante da família Weasley, eram muitas pessoas. Scorpius foi a pessoa que me ajudou a aprender quem era quem, que riu da minha cara quando eu falei que tinha medo de não conseguir me ajustar, foi ele que me guiou em muitos aspectos dentro da minha nova vida.

Depois de tudo o que eu passei, Scorpius provou que ele seria para sempre o meu final feliz. 

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