I'm tired and angry, but somebody should be

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Eu não conseguia parar quieto desde o momento que a porta do escritório foi fechada, queria ficar ali tentando escutar o que estava sendo discutido, mas minha mãe me fez voltar para a mesa para almoçarmos.

Era como se não tivessem duas pessoas ausentes na mesa, porque as conversas continuaram, as risadas soavam ao fundo, porém a minha cabeça não queria se concentrar na história que Lily Luna contava, nem no que minha mãe comentava com Hermione sobre o trabalho dela. Meus olhos continuaram a vagar pela casa esperando meu pai e Harry aparecerem.

Quando os dois voltaram, eles pediram desculpas e se retiraram. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas precisava me juntar a eles.

– Scorpius, volte para dentro. – Meu pai falou quando eu fechei a porta do carro – Não queremos você envolvido nisso.

– Tem algo a ver com Rose, não tem? – Perguntei, ainda sentado no carro. Harry me olhou pelo espelho retrovisor, levantando a sobrancelha e lançando um olhar para o meu pai, que permaneceu em silêncio.

– Não sabemos. – Ele voltou a falar depois de uma pausa. – E por isso não podemos falar nada.

– Eu não entendi.

– Isso pode ser muito maior do que você pensa, Scorpius. Deixe-me resolver, conversamos quando eu chegar em casa. Enquanto isso, aproveite o Natal com seus amigos.

Obviamente eu não parei quieto até o momento que meu pai entrou pela porta de casa. Albus ficou comigo em casa, minha mãe queria dormir cedo por conta de uma dor de cabeça e meu melhor amigo viu isso como uma desculpa para me fazer companhia até que meu pai me explicasse o que estava acontecendo.

– Eu ainda não entendi o porquê de você achar que isso pode ter alguma coisa com a sua namorada.

– A gente estava falando sobre ela quando meu pai surtou – não passava na minha cabeça como não era óbvio para Albus, porém eu ainda não entendia o que ela teria de ligação com os casos antigos de Harry.

– Já te falei que não faço ideia de que caso seu pai estava falando. E eu já te falei diversas vezes que meu pai não comenta sobre os casos dele em casa, minha mãe não deixa. Desde que ele ficou alterado por falhar com o meu tio em um caso, minha mãe acha melhor deixar esse tipo de conflito para dentro da delegacia.

Albus já tinha comentado que o último caso que seu pai levou para casa teve relação com a prima dele que foi dada como morta há cinco anos, era uma história triste demais, Albus ficava abalado demais, além de ter causado muitos traumas na família Weasley.

Quando meu pai entrou em casa, Albus estava dormindo no sofá e eu observava os movimentos da TV. Ele parecia ainda mais abalado comparado ao momento que saiu da casa dos Weasley. Não houve uma palavra trocada, apenas a indicação do escritório no final do corredor. Segui-o em silêncio, observei os movimentos calculados, desde a porta sendo fechada até o momento em que ele colocou muito mais que uma dose de whisky no copo. Aguardei apoiado na mesa enquanto ele se acomodava na cadeira e bebia um longo gole.

Draco Malfoy era muitas coisas, mas nenhuma delas era precipitado, ele levaria o tempo que julgava necessário antes de falar algo ou explicar, tudo tinha que ter uma linha completa de raciocínio, de forma detalhada, dentro da cabeça dele. E essa foi a única razão pela qual eu me dei ao luxo de levantar e me colocar na cadeira de leitura da minha mãe, que ficava no canto de escritório.

O rosto dele estava cansado, eu conseguia ver perfeitamente as olheiras de diversas noites mal dormidas, as linhas finas do seu rosto por completo aristocrata ficaram mais ressaltadas com os anos. Ele ficava cada vez mais parecido com meu falecido avô, a única diferença gritante era o comprimento do cabelo, que estava sempre alinhado e arrumado com o gel e, nesse momento, era possível ver fios jogados para frente, sinal de que ele passou a mão demais na testa, coisa que ele só fazia quando estava preocupado.

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