CAPÍTULO 9 - CORRA!

1.1K 106 23
                                    


Lauren Niemberg saiu da sala do Professor Snape e, assim que alcançou o corredor, começou a correr sem rumo. Precisava de ar. Seu coração explodia dentro do peito, sua respiração era curta e lágrimas começaram a descer de seu rosto. Cruzou as grandes portas de entrada do castelo e disparou em direção ao gramado. Parou abruptamente ao alcançar uma árvore, e ali encostou-se e chorou até perder o ar. Naquele dia, o castelo estava praticamente vazio, pois quase todos os alunos e professores estavam no povoado de Hogsmeade. Se não estivessem, veriam a estudante soluçando, sem parar.

A jovem tinha extrema dificuldade de entender o que estava sentindo. Suas emoções eram confusas e plurais. Sentia que fizera uma enorme besteira, que certamente seria expulsa e teria que voltar a viver com o pai.

Matthew Niemberg era um pai amoroso, paciente, porém muito ausente para Lauren. Ela perdera a mãe muito cedo e todos os parentes viviam fora do país. Sua única referência de família era seu pai, que trabalhava demais e quase nunca tinha tempo para ficar com a filha. Lauren era carente de afeto, amizade, cumplicidade e sentia muita falta de ter alguém em quem confiar. Apesar de ser popular em Hogwarts, tinha dificuldade em criar laços fortes de amizades. Seu único amigo era Draco e, durante o período que Hogwarts ficara fechada, os dois se aproximaram mais ainda.

O pai da garota confidenciou que Lucio e Narcisa Malfoy enfrentavam um gigantesco inquérito no Ministério, onde tentavam ganhar sua liberdade delatando outros comensais. Naquele mesmo instante, Lauren sentiu-se na obrigação de trazer Draco para perto e fortalecer alguém que também se sentia sozinho e desamparado. Enviou uma carta para o menino, dizendo que se ele quisesse um lugar para passar os finais de semana, podia contar com ela. E assim, Lauren e Draco viraram melhores amigos. Um, simplesmente entendia, o que o outro sentia e dizia. Ambos tinham falhas familiares e poucos amigos verdadeiros.

Lauren já temia pelo próximo ano, onde Draco se formaria em Hogwarts e ela precisaria sobreviver lá sem ele. Isso se fosse ficar para o próximo ano. Todo o peso de ter beijado o Professor Snape recaiu sobre seus ombros. Achava que iria vomitar a qualquer momento, pois o ar ainda não havia voltado para seus pulmões.

A garota sentia-se atraída pelo Professor Snape desde seu terceiro ano, mas ele nunca olhara para ela. Aliás, Snape não olhava pra ninguém. Vivia absorto em seus pensamentos, passava longas horas no escritório de Dumbledore, ficava longos períodos trancado em seus aposentos. Nos últimos anos, os alunos só o viam durante as aulas, pois nem dos jantares ele participava mais. E Lauren, que sempre tivera vontade de se aproximar dele, observava tudo de longe. Depois da Guerra, ficou sabendo dos atos heroicos do professor, da sua lealdade a Dumbledore, de como protegia Potter e, para sua tristeza, de seu amor por Lílian. Draco também lhe contou como Snape o protegeu durante anos e que, basicamente devia sua vida a ele. A admiração que tinha por ele, só cresceu e a vontade de estar perto, crescia sem limites.

Quando lhe foi aplicada as detenções, sentia que era ali que precisava estar. Junto dele. Ela via tristeza nos olhos de Severo, os quais não tinham brilho algum. Via que estava sempre mau humorado, de cara fechada. Começou a pensar que ele, assim como ela, não tinha mais nada a se apegar. Toda vez que a aluna via o professor, seu coração saltava e sentia que seu corpo era um imã que a puxava para perto dele. Começava a reparar ainda mais no professor, no seu jeito de andar, falar, em seu tom, cheiro. A culpa invadia sua consciência, ao lembrar que o professor tinha nada menos que 23 anos a mais do que ela.

Na primeira noite de detenção, Snape não sabia, mas a garota tinha planejado ficar numa posição onde ele pudesse olha-la. Sabia que sua calcinha aparecia quando abaixava, sabia que ele ficar doido com aquilo. Qual homem não ficaria? Lauren era virgem, mas inúmeros garotos já haviam tentado se aproximar dela e leva-la para a cama. Ela era linda, seus cabelos brilhavam, sua pele era branquinha como a neve, ela era toda delicada e risonha. Recebia muitas cantadas e convites. A garota, porém, sempre resistiu, pois queria que sua primeira vez fosse com alguém especial. Naquela noite, entretanto, Lauren fora dormir totalmente molhada, ao relembrar cada segundo de sua detenção e de Snape a acompanhando até o Salão Comunal.

Na noite seguinte, ficara furiosa ao saber que não poderia ir com Draco para Hogsmeade. Mas seu furor logo foi embora ao se dar conta que poderia passar o dia inteiro com Snape. Queria que ele soubesse que ela se importava com ele. Não planejava, porém, ter feito o que fez. Seu impulso em beija-lo foi além de sua consciência, além da linha do pensamento. A atenção que ele dava ao ler o trabalho dela, sua devoção em ajuda-la. Tudo isso mexera com ela demasiadamente.

Ao sentir os lábios do professor nos seus, Lauren conheceu uma sensação nova, que nunca havia provado: paixão. Tudo que havia sentido antes, como carinho, atração e tesão, se juntavam tudo nesse único sentimento. Os lábios de Snape eram feitos para o seu, o encaixe era perfeito e sua boca contrastava com a delicada e pequena boca de Lauren. Seu beijo era quente e devolvia a ela toda a paixão que ela também sentia. Quando ouviu que Snape a achava perfeita, seu coração parou e tudo explodiu dentro dela. Era emocionalmente imatura e não sabia lidar com tudo aquilo. O que devia responder? A imagem de Snape falando essas exatas palavras para Lílian, passaram pela mente de Lauren. Como podia ela competir com a mulher que ele mais amou no mundo? Como uma aluna que, há três dias atrás, o professor nem fazia ideia de quem era, podia ter uma chance com o solteirão Professor Snape? Com tudo isso queimando dentro de si, a única reação da garota foi sair correndo dali, como se correndo de Snape, pudesse correr de suas emoções.

Mesmo sabendo que ele havia retribuído seu beijo com muita intensidade, ficou preocupada de ele mais tarde ter um de seus comuns ataques de fúria e acabar expulsando a garota da escola. Bom, como fosse, precisaria lidar com aquilo. Já tinha acontecido e agora tudo que podia fazer era esperar. Sentindo-se mais calma, levantou e começou a caminhar de volta para as masmorras. Tudo que queria era deitar em sua cama e ficar lá até o dia seguinte. Em seu caminho para o dormitório, passou na frente do escritório do professor Snape e ele não estava mais lá.

"Deve estar na sala da Diretora McGonagall preparando minha expulsão...", pensou Lauren, com seu coração já voltando a bater forte pelo medo.

O Salão Comunal de Sonserina estava praticamente vazio, com alguns alunos do primeiro e segundo ano estudando e conversando. Entrou em seu quarto, foi até o banheiro, lavou os rostos e as mãos e deitou-se em sua cama, onde pretendia ficar até a hora de sua temida expulsão.

Mestre, Se Entregue!Onde histórias criam vida. Descubra agora