If you leave

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- Você não pode me dizer não agora que o cargo de melhor amigo será completamente seu! - Albus falava em um tom misto de braveza e choro forçado, e apesar de ser engraçado um nó se formou em minha garganta quando perguntei o porque daquela declaração, recebendo como resposta um simples:
- Ué, agora que o Malfoy vai para a Alemanha só me resta você!

Não prolonguei mais a ligação, me limitando a concordar com o local de encontro daquela noite, sentindo que o nó em minha garganta havia passado para o palpitar em meu coração. Scorpius iria realmente embora?

Não que isso fosse estranho, as aulas haviam enfim acabado e nada mais nos prendia aqui. Eu mesmo lidava com a possibilidade de uma mudança para França na casa de parentes de minha tia para melhorar meus estudos em quadribol e quem sabe fazer parte de algum time.

Mas ainda sim, era apenas uma possibilidade e não uma declaração de mudança como a que Albus havia feito a respeito de Malfoy. E isso fazia com que levantar meu corpo daquela cama e começar a me arrumar parecesse uma tarefa dolorosa demais de se realizar, além de inútil, já que diferente do que Albus parecia querer eu não sentia como se tivesse algo de fato para comemorar.

Era quase engraçado como Albus era o responsável por ambas as sensações que habitavam o meu corpo agora, tanto a tristeza pela notícia da partida de Malfoy quanto a raiva por ele estar partindo sem ter tido coragem de confessar na minha frente o que Albus havia confidenciado há uns meses atrás, embriagado, jurando que havia conseguido no dia seguinte me obliviar a ponto de não lembrar de suas palavras. Infelizmente, ou felizmente, Albus não era bom feitiços como esse - ou talvez em quase nenhuma - ficando com seu dom todo guardado para poções. Gosto esse que ele dividia com o pai de Scorpius, fazendo a história ser tão absurda quanto engraçada. Até porque, em que mundo o filho de um Malfoy seria tão ligado ao tio Harry pelos mesmos gostos acadêmicos e por quadribol enquanto meu primo tão ligado ao Malfoy mais velho pelo amor estranho por poções?

Pensar nisso clareava em minha mente o motivo pelo qual Scorpius provavelmente inventou de deixar a Inglaterra. A Alemanha sempre seria o melhor lugar no mundo bruxo para estudar dragões como ele tanto adorava. O que me fazia lembrar a primeira vez que meu tio contou sobre como foi sua tarefa no campeonato Tribuxo contra um dragão, e com isso me trazia a lembrança da primeira vez aos meus treze anos que eu reparei em como o olhos do Malfoy ficavam bonitos enquanto ele prestava atenção no que meu tio falava, assim como ele conseguia ficar ainda mais bonito enquanto sorria envergonhado ao ser elogiado pelo meu tio por saber uma curiosidade sobre aquele tipo de dragão.

Suspirei me dando por vencida jogando meu celular na cama que antes meu corpo habitava e indo para dentro do meu closet em busca de algo bonito o suficiente para aquela noite. Por mais que a o desânimo com a notícia que Albus me dera fosse o maior responsável por movimentar meu corpo nesse momento, algo em mim sabia que aquela era a minha possível última noite para impressionar o Malfoy e com sorte o fazer ter coragem o suficiente de dizer o que Albus já havia confidenciado por ele.

Ri sem humor ao abotoar a camisa rosa que eu vestia, não era de fato engraçado nutrir sentimentos pelo único cara no mundo que meu pai jamais aprovaria. Muito menos ter passado sete anos fugindo de qualquer sentimento que eu pudesse sentir por ele enquanto o mesmo adentrava dia após dia cada vez mais a minha vida e a de minha família, fazendo ser impossível não pensar sobre o quanto ele combinava com a bagunça que era A Toca nos natais ou em como ele ficava estranhamente mais charmoso ao usar o suéter tricotado por minha avó pelos corredores de Hogwarts enquanto eu e Albus nos limitamos a usar ele apenas nas festas. Scorpius sempre fazia tudo parecer terrivelmente agradável, mesmo quando meu pai não era dos mais receptivos ele seguia o tratando como tratava o tio Harry, o convidando para a páscoa na ilha de seus pais e sempre conseguindo apenas levar meu tio e a sua parte da família para a festividade.

Why Can't We Be Friends?Onde histórias criam vida. Descubra agora