1. Bad idea

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Má ideia

O CÉU, OUTRORA AZUL como o mar, se encontrava preenchido por densas nuvens cinzentas, apenas deixando penetrar míseros raios de sol entre as folhas amareladas pertencentes às grandes árvores do terreno.

O outono havia chegado recentemente, e, com ele, as brisas calmas que passavam suavemente as páginas dos livros que eram lidos pelos alunos nos belos jardins da propriedade tão aclamada por todos.

A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era o lar de centenas de pessoas cujos dons eram inúmeros e incontáveis. Bruxos e bruxas vindos de vários cantos do Reino Unido se animavam ao receber a carta para estudar na melhor escola especializada em bruxaria de todo o mundo mágico.

Criada antes mesmo de Merlin existir, Hogwarts continha vários segredos, assim como os alunos que por ali passavam. Desde maldições a profecias, tudo era visto por dentro das quatro grossas paredes do castelo — e como já se era de esperar, ninguém estaria a salvo enquanto os boatos tivessem lugar.

Com a tão falada June Jones não era diferente. Os rumores acerca dela eram ainda maiores desde que a garota fora mandada para uma detenção no seu primeiro ano ao quase azarar uma colega de casa que a tentou abraçar depois da vitória da Corvinal num jogo de quadribol.

Maluca, anormal, diferente, esquisita. Essas eram algumas das inúmeras e variadas alcunhas das quais a bela garota fora destinada a ter que ouvir durante os seus sete anos de estudos.

Desde o ano em que fora destinada para a casa dos criativos e de mente aberta, repetia um mantra para si mesma sempre que os cochichos a seu respeito eram ouvidos com mais intensidade.

"Todos temos um pouco de loucura dentro de nós, eu apenas a deixo à vista para todos."

O mal da nossa espécie parecia estar unido todo contra ela, especialmente vindo dos quatro grifinórios do mesmo ano dela.

James Potter, Peter Pettigrew, Remus Lupin e Sirius Black, esses eram os marotos: um grupo de quatro amigos com um prazer especial em fazer pegadinhas e azarar pessoas.

James Potter era aquele que muitas vezes parecia liderar o grupo. Era apanhador do time de quadribol da Grifinória e monitor; nutria uma paixão por Lilian Evans, que recentemente foi descoberta como recíproca e então, chocando ainda mais todo a castelo, um romance se desenvolveu entre ambos.

Peter Pettigrew era aquele que seguia os amigos para qualquer lado. Podia não demonstrar para quem assistia de fora, mas muitas vezes as ideias mais maldosas vinham de sua parte. A sua personalidade de garoto tímido e medroso também o ajudava a compreender os pontos fracos de outras pessoas para os usar contra os mesmos.

Remus Lupin era o mais calmo e simpático de todos os quatro; aquele em que se pode confiar e, instantaneamente, aquele que sofria mais — talvez fosse por isso que nutria uma certa empatia pela corvina, tentando diminuir sempre o impacto das brincadeiras com a loira e tentando nunca estar por perto quando as mesmas aconteciam.

Sirius Black era o rebelde, o ousado e aquele pelo qual todas as garotas pagariam apenas por uma noite com ele. O que tinha de irresistível tinha de irritante. A sua fama com o sexo feminino, e até mesmo com o masculino, era conhecida por todos, talvez fosse por isso que era visto muitas vezes como arrogante e egocêntrico. Dono de um prazer especial em irritar duas pessoas: Severus Snape, um sonserino que construiu uma inimizade faz anos; e June Jones, a corvina "anormal" que nunca tinha demonstrado interesse por ele.

Não se sabia ao certo quando ou porque começou, mas estima-se que tenha sido em metade do segundo ano quando as brincadeiras de mau gosto foram começadas a ser direcionadas mais para ela do que para qualquer outro aluno.

Dona de uma maldição assombrosa, June estava destinada a passar o resto da vida sozinha. Apenas aqueles com que compartilhasse o mesmo sangue ou alma teriam o direito de lhe poder tocar sem serem assombrados.

"Aquela nascida sobre a última lua cheia do décimo mês estará amaldiçoada. Apenas aqueles com quem partilha o mesmo sangue ou alma lhe poderão tocar sem nada temer. O toque mais simples trará medo e terror. Àqueles que tocarem na Amaldiçoada estará destinada uma vida de pesadelos cada vez que adormecerem."

Mas a questão a ser posta é: como assim a mesma alma?

Chamas gémeas.

Ao contrário do que muitos pensam, não existem apenas almas gémeas, chamas gémeas também fazem parte do nosso tão extenso vocabulário.

Almas gémeas são aquelas que nos foram destinadas a despertar o melhor de nós, zelando para mostrarmos o nosso melhor lado. Chamas gémeas acontecem quando a nossa energia se divide em dois corpos, criando a nossa cara-metade, aquela que estamos destinados a passar a vida a procurar, e apenas quando a encontramos é que nos sentimos completos. São duas almas iguais mas destinadas a viver atrás uma da outra, duas almas que foram separadas e que então, mesmo quando afastadas, estão eternamente ligadas por algo mais forte do que já alguma vez foi visto.

A profecia sempre fora um segredo para toda Hogwarts, e continuaria assim caso dependesse de June, das suas duas únicas amigas e do restante da sua família.

Tenho uma ideia. — Peter soltou enquanto observava a misteriosa Jones a falar com o irmão e com uma das suas amigas, trazendo a atenção dos amigos para ele. O tão famoso grupo composto pelos quatro grifinórios estava junto ao lado negro, a apreciar o início de uma tarde de outono.

O quê? Se for outra pegadinha eu juro que... — Aluado suspirou, passando as mãos pelos cabelos e deixando o final da frase no ar.

Uma aposta com a nossa corvina favorita e — o que se transformava em rato parou para observar os amigos, procurando pela vítima para completar a diversão que lhes seria trazida. — o nosso cachorrão!

É melhor nã...

Aceito! — o de cabelos negros interrompeu Remus, que voltou a atenção para o seu livro, bufando descontente. Sirius Black era conhecido por nunca recusar uma aposta. E, no seu último ano de estudos, a maturidade ainda não se tinha instalado na sua cabeça, o que fazia dele um alvo fácil para Pettigrew e o seu plano. — O que tenho que fazer? Jogar bombas de bosta no dormitório dela? Ou enfeitiçar o suco de abóbora dela? — ele questionava exasperado. A ideia de uma pegadinha com a anormal, mesmo por mais pequena que fosse, o animava logo.

Não, muito mais simples, na verdade. Fazer ela se apaixonar por você! — explicou como se tivesse acabado de ter a melhor ideia já alguma vez pensada. — E não vale dizer que não, ou você está com medo? — Pettigrew provocou enquando se divertia com a cara apavorada do Black.

Isso pode acabar dando muito mal... — James murmurou.

Exato, vamos deixar essa ideia sem futuro de lado e...

Vamos nessa! — Pontas completou a frase ignorando os resmungos de Remus sobre não o deixarem terminar uma única frase.

E então, Almofadinhas?

O deserdado da família Black olhou para os amigos revisando mentalmente no que se estava a meter. Era cinquenta por cinquenta. Cinquenta porcento de chances de tudo correr bem, e cinquenta porcento de chances de tudo correr mal, e, na cabeça do moreno, as chances de tudo correr bem e da corvina, que nunca tinha demonstrado interesse por ele, se apaixonar e acabar por se dar mal, tendo que lidar com a paixão por ele, eram muito mais atrativas.

Eu nunca recuso uma aposta. — falou antes de passar a observar a corvina do outro lado do jardim que, como se tivesse ativado um sexto sentido, olhou para ele fazendo um arrepio passar pelo mesmo. Os olhos cor de outono dela o despiam, quase podendo ver a sua alma, e o receio tomou conta dele.

NOTAS:

Oii, tudo bem?
Eu comecei essa fic já no ano passado mas sempre a deixei nos rascunhos, logo é possível que a minha escrita não esteja a melhor, mas vou revisar e corrigir tudo o que conseguir!

Tentei mostrar como é que eu vejo o Peter, como alguém manipulador, pelo menos no seu último ano, onde nos é dito que ele se junta a Voldemort.

𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐄𝐓, Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora