Capítulo 5 - A "Consulta"

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     Fazenda Apalaches

     Isabel passou a noite inquieta, pensando no momento que havia presenciado no escritório: seu irmão mandando Gonzáles fazer alguma coisa. E algo lhe dizia que nada bom poderia vir disso. E algo tinha ver com alguma coisa que Afonso poderia ter aprontado.
    
     Ela foi até a baia dos cavalos, onde o peão se encontrava cuidando de seus afazeres. Os dois trocaram olhares novamente. Isabel não podia negar que o jeito xucro de Gonzáles era até um pouco atraente, e ao que parecia, ele também também demonstrava interesse por ela. O pior era que Isabel sabia disso, e por essa razão sempre o provocava.

Isabel: O que o meu irmão queria com você?

González: Assunto dele, Senhora.

Isabel: Não acha que está ficando muito atrevido, peão?

Gonzáles: Perdoe-me, Senhora. Não quis ser desrespeitoso. Só disse a verdade. E a senhora sabe muito bem como é o patrão.

Isabel: Sim, eu sei. ... Ele e minha mãe são cheios de mistérios. ... E o que meu filho tem a ver com isso?

Gonzáles: Se me permite uma sugestão... Por que a senhora não pergunta a ele?... Meu trabalho é cumprir o que me mandam.

Isabel: Mas... Se eu te compensasse? — Disse se aproximando do peão e acariciando seu rosto. — Me contaria?

Gonzáles: Que compensação poderia me dar?

Isabel: Apenas me diga o que você quer.

Gonzáles: Por favor, Senhora. Não provoque. — Ele possuía uma expressão lasciva em seu rosto.

Isabel: E se eu me recusar?... O que vai fazer?

     De repente, Gonzáles e a agarrou pela cintura, colando seus corpos.

Gonzáles: Me solte, peão! Como ousa?! — Exclamou Isabel. — Prefiro dormir no chiqueiro mais imundo, do que me deitar com alguém como você. — Disse se soltando dele e saindo com um sorriso de deboche.

     "Algum dia, Isabel... Você vai ser minha!" Pensou González.

     ***

     Delegacia de San Ricardo

     Lorenzo estava em sua mesa fazendo o que mais detestava: preenchendo relatórios. Ele achava aquilo chato, maçante e o enchia de tédio. Porém, o jeito como Santiago chegou, jogando coisas em cima da mesa, parecendo bastante aborrecido, acabou por chamar a atenção do delegado.

Lorenzo: Bom dia?

Santiago: Hã?... Desculpe, Chefe. ... Bom dia. — Ele respondeu sério.

Lorenzo: Aconteceu alguma coisa?

Santiago: Sim, Chefe, aconteceu. Mas não sei se quero falar sobre isso agora.

Lorenzo: Entendo. ... Santiago, se não estiver bem, pode tirar o dia de folga.

Santiago: Não, Chefe. ... Eu tô bem. Prefiro ficar aqui, me concentrando no trabalho. Se eu for pra casa, vou ficar pensando na... Deixa pra lá. — Disse um formulário de relatório e começando a preencher.

     Lorenzo não era bobo. Conhecia o semblante de um homem magoado por uma mulher de longe. Algo lhe dizia que as coisas não andavam bem entre Santiago e Adelaide. Mas não perguntou nada, não queria pressioná-lo a falar no assunto.

     Foi então que o telefone tocou. O próprio Santiago atendeu e na mesma hora olhou para o Delegado.

Lorenzo: O que foi, Santiago?

A viúva de San Ricardo Onde histórias criam vida. Descubra agora