XVIII

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Daqui em diante, uma série de condutas arriscadas que não deveriam ocorrer, repetir e muito menos glorificar

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Daqui em diante, uma série de condutas arriscadas que não deveriam ocorrer, repetir e muito menos glorificar.

Um mundo diferente à bordo de um Cadillac recheado de emoções. Ainda no clima karaokê, Rihanna cantava sobre encontrar o amor num lugar sem esperança tendo os piores backing vocals do mundo. Na imaginação fértil da carona, a fumaça do escapamento saía colorida pra acompanhar a vibe psicodélica que deu tema ao início da madrugada. Beirava a meia noite segundo o rádio velho. O aviso de que no próximo bloco começaria a sessão só com músicas de décadas passadas disputou espaço com as altas gargalhadas. Passaram o sinal amarelo numa expressão simbólica de que nada os pararia. Gargalhadas pela poeira que fizeram os perseguidores imaginários da fantasia de um casal fugindo de perigos comerem.

Sasuke incorporou a ideia de um retorno temporário às raízes, disposto a tudo para apresentar à Sakura uma versão sua e de sua terra que até ele esqueceu existir, se apegando ao volante e estalando o pescoço pra começar com tudo. Segura!, avisou à acompanhante ao pisar fundo para uma última arrancada ao sair da Route 25 para la Calle Norzagaray. Marcas no chão, ironia pra quem não podia deixar rastros. Em defesa própria, só que vem pra no personagem com estilo antes de retomar a direção consciente, tanto para passar despercebido pelos guardas de trânsito quanto para que Sakura pudesse apreciar os casarões coloniais coloridos pelo caminho. Contraste marcado pela trilha sonora que foi do agitado eletro-pop à tranquila voz de Gilberto Santa Rosa. De primeira, a graça de lembrar dessa como uma das músicas oficiais da barraca que um dia sua mãe teve na feira antes da prostituição. Curtiu a nostalgia dos velhos tempos e voltou à atualidade onde a letra sobre "la Conciencia gritando que não se podia querer alguém que o coração clamava para amar" combinava com o misto de sentimentos nutridos pela maluca que o fez parar de repente para apreciar o famoso jardim daquela via.

De rapper à fotógrafo de sua cereja envolta de algumas poucas plantas expostas no horto fechado, ignorando as abas de novas DMs para preservar a privacidade dela e à sua ignorância sobre possível concorrência. Achou ser o único a ver nela uma beldade? Todas as suas garotas lhe eram garantidas simplesmente por ser Sass e agora penava nas mãos de uma fã que desrespeitou o protocolo de se satisfazer com sua mera companhia e isso deixou de ser um ponto positivo quando lembrou o que eram os ciúmes. Quando assumiu sentir falta das coisas banais do dia a dia, não falava dessa merda! ¡Ay, bendito! Começou reforçando várias vezes que seria só uma ficada e agora tava lá com medo de perder la hermosa para alguém pior pero com maior frequência afetiva. Meio cedo pra isso não? Por mais 7 dias ela aceitou ser só sua e melhor seria marcar-se como um amante dedicado que um sofredor antecipado. Onde parou? Ah, nas fotos dela e das plantas. Se era brega? Que sua audiência mediana no Instagram julgasse – e torceu para que fossem mais gentis que o moço risonho a tiracolo. Voltou ao carro de braços cruzados e bico nos lábios tentadores ao beijo recusado. Para ele, fascinante que expressasse tantos desconfortos com besteiras e pra ela um início de picuinha.

Offline • SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora