O primeiro beijo

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Ficar na fila daquele ônibus ao lado dela naquele silêncio ensurdecedor era sufocante. Minha mente borbulhava de pensamentos e possibilidades. Porém meu coração parecia sufocado. E quando o ônibus finalmente chegou, eu lhe roubo um último abraço.

- Meg, eu te amo. E muito! - Me afasto, encarando seu olhar surpreso. - Mas para mim é amor de irmão. E a nossa amizade é mais do que importante. E eu sinto que ela está perfeita do jeito que está. - Seguro seus ombros com as minhas mãos, para conseguir sua total atenção. - Por isso eu digo de coração que acho melhor deixar como está. E se por algum motivo no futuro a gente se envolver, deixe que o tempo nos dê a resposta. Está bem?

Eu tinha certeza que dizer aquilo a ela era o correto. Não achava justo alimentar uma esperança que não existe. E eu sei que se ela realmente der um tempo, vai conseguir entender.

-Tudo bem, eu entendo. - Ela sorriu para mim antes de me dar um beijo na bochecha e se afastar. Por mais que ela tentasse esconder, estava obvio para mim o seu ressentimento. - Me mande mensagem quando chegar. Só para eu saber se você chegou bem.

- Eu prometo mandar. - Sorri meio sem jeito e me afasto. Entro no ônibus e me sento no lugar marcado, do lado da janela. Olhando para Meg que acenava para mim, apertando os lábios em um sorriso triste.

Fico o caminho todo olhando para a estrada de volta para a faculdade. Eu não conseguia parar de lembrar daquela tristeza em seu olhar. Mas foi melhor assim....O tempo iria resolver tudo. E eu espero e desejo que ela consiga encontrar alguém gentil e que realmente a mereça.

Minutos se passaram, e por sorte uma das paradas do ônibus era na frente da faculdade. Eu fui direto para o dormitório, me sentindo um pouco cansado. Mas sou surpreendido quando encontro Dean jogado na cama, mexendo no celular.

- Ei, achei que você iria passar a semana fora - Comentou ele, se sentando e guardando o aparelho no bolso do Jeans.

- Fiz apenas uma visita. Mas e você? Achei que iria para a casa dos seus pais. - Fecho a porta atrás de mim e me aproximo da minha cama. Sentando e começando a tirar a jaqueta.

- Meus pais moram na Alemanha. E meu irmão tem a namorada dele. Então...Estou sozinho! - Ele aperta os lábios e ergue os ombros num gesto indiferente.

Fiquei um tempo te encarando, achando um pouco solitário da sua parte. E por fim me deixando levar para o sentimentalismo.

- Bom... Eu não vou a lugar nenhum o resto da semana. - Minhas palavras fizeram Dean dar um sorriso galante. Eu me levanto mais uma vez, o encarando. - Quer dar uma volta?

- Eu estava esperando o convite - Diz ele de um jeito convencido, parecendo se divertir com a ideia. - Que tal um cinema?

- Cinema? - Pergunto surpreso.

- Claro. Estou louco para assistir: "O sobrenatural".

E pensar em ir ao cinema sozinho era deprimente. - Dean vai até o guarda-roupa pegar sua carteira e colocar uma blusa. - Vamos? Eu dirijo.

Fiquei surpreso em saber que ele tinha um carro, mas ainda assim o acompanhei até o estacionamento. Dean tinha um Impala 67 preto, muito bem cuidado e polido. E pelo que eu saiba, era um carro de colecionador.

- Conheça o meu bebê. Essa belezinha tem um motor 327 e um carburador Barrel Quatro. - Ele vem até o lado do passageiro para me abrir a porta. Saber que ele era fascinado por carros era interessante. - Com certeza você não conhecerá um carro tão rápido e confortável como esse.

- Eu imagino que não... - Dou risada, achando graça da situação. Acho que agora entendi porque ele estava procurando na internet como tirar graxa da roupa branca semana passada.

Ele entra no carro e finalmente fomos até o cinema. Compramos os ingressos, as pipocas e fomos correndo para a sessão para não perder o filme. Estava tudo normal, até que fui apoiar o meu braço na cadeira e não percebi o seu braço apoiado no lugar. Recuo por reflexo, mas sou surpreendido quando sinto seus dedos puxarem minha mão para mais perto dele. Viro o rosto para te olhar, e havia um sorriso misteriosos em seus lábios.

Reprimo um sorriso com seu gesto e entrelaço nossos dedos, voltando a assistir ao filme. Era difícil me concentrar, sento que o tempo todo ele acariciava minhas mãos. Suas atitudes muitas vezes me deixava confuso. Havia dias que ele parecia se empenhar para me tirar do sério. Mas também havia dias que sua gentileza me subestimava.

Quando o filme terminou, tivemos que soltar as nossas mãos para que um senhor de idade pudesse passar. Então nos levantamos e fomos em direção ao estacionamento. O caminho todo eu ouvia Dean dizer o quanto o filme era incrível, e que ele não esperava menos do diretor. Sem contar que ele amou saber que a trilha sonora da obra foi composta pelo Metallica.

Entramos no carro e Dean começa a dirigir de volta para a faculdade. Eu coloco meu cinto e fico atônito quando ele coloca uma de suas mãos na minha coxa.

- Você gostou do filme? Não disse nada até agora. - Perguntou ele, sem tirar os olhos da estrada. Suas mãos era firmes, me fazendo engolir em seco.

- O filme é muito bom. Porém fiquei incomodado com algumas cenas. - Digo sincero, tentando não encarar sua mão. - Os personagens sempre fazem escolhas que ninguém na vida real faria.

- Me dê um exemplo. - Dean pareceu achar graça de meu comentário. Pois era evidente que ele segurava um riso.

- Posso dar vários. Como a mulher que correu na direção de um demônio com uma faca de cozinha... - Falo como se aquilo fosse um absurdo.

E aqueles dois que fizeram sexo no meio do

cemitério.

- Eu faria sexo no cemitério tranquilamente. - Dean me lança um olhar malicioso. Eu não consegui responder aquilo, então apenas olhei para a janela. - Você me parece ser um cara muito 'certinho'. Você é virgem?

- Não... - Menti sem pensar duas vezes. Eu não queria que um cara como ele zombasse por isso.

- Ótimo. - Dean para o carro no estacionamento do dormitório. Porém trancando o carro com a gente dentro. - Posso ficar com a consciência limpa então.

Dean então solta o meu cinto e me puxa para mais perto dele, roubando um beijo intenso. Foi tudo tão rápido que a única reação que tive foi corresponder. Suas mãos percorriam meu corpo com curiosidade, enquanto sua boca fazia movimentos sedutores. Levo minha mão até os seus cabelos, deixando me levar pelo aroma dos seus hormônios tão convidativos.

BIBIBIP!

BIBIBIP!

Dean começa a descer seus lábios até o meu pescoço, ignorando totalmente o seu telefone que tocava.

- Não vai atender? - Sussurro ofegante, quase fechando os olhos com suas carícias. - Pode ser importante. - Mordo o lábio inferior, quando sinto sua mão boba desabotoando minha camisa. Olho para o bolso da sua calça, onde estava o celular e vejo o rosto de Sam na tela. - Dean... É seu irmão que está ligando.

Dean suspirou e se afastou de mim, atendendo o telefone irritador pela interrupção. Eu não conseguia ouvir o que Sam dizia, mas pelo olhar de Dean não me parecia algo bom.

- Eu preciso dar uma saidinha. - Ele me olha, antes de desligar o telefone. - A gente se vê depois.

- Tudo bem... - Aperto os lábios, me sentindo envergonhado e saio do carro.

Observo Dean sair do estacionamento com o carro e dirigir rapidamente pela rodovia. Eu espero que esteja tudo bem com Sam.

Destiel ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora