Sei que você poderá me amar
Quando não houver mais ninguém para culpar
Então não se preocupe com a escuridão
Ainda podemos encontrar um jeitoNOVEMBER RAIN
Guns n' roses
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Ter Charlie e Renée no mesmo ambiente era estranho. Eles não se odiavam nem nada do tipo, mas o climão que ficava era horrível. Por isso, quando Renée veio ver como Bella estava na véspera do casamento, e sentou na sala observando como tudo na casa estava a mesma coisa sempre, eu saí correndo de casa sem a maior dignidade.
Deus sabe como eu já tive minha cota de "você parece bem" de Renée para Charlie e "você também" de Charlie para Renée. Então, peguei meu violão, um maço de cigarro fechado, alguns papéis e caneta e me mandei para a praça da cidade. Não ficava muito longe da casa de Charlie, então demorei menos de quinze minutos para chegar.
Me sento no brinquedo velho que havia no parquinho ali, respirando pesado enquanto amaldiçoava meus pulmões sedentários e fumantes.
Coloco os papéis em cima da parte lisa ali, murmurando uma música do a-ha enquanto tiro o violão de dentro da capa.
— Você não parece o tipo que gosta de parquinhos.
Sobressalto, procurando a voz musical que vinha na minha direção e abro a boca, surpresa por encontrar Rosalie Cullen, me encarando com seus olhos dourados. Mordo o lábio, ficando reta e seguro o violão ainda na capa, com o zíper aberto.
— Gosto do silêncio. — Dou de ombros, sorrindo de lado. — Um silêncio bom, no caso. Não o silêncio de pais separados que têm muita coisa para resolver entre si.
Ela assente, como se pensasse no que disse e se aproxima, sentando ao meu lado. O sol estava se pondo a essa hora, deixando a cidade mais melancólica do que ela era e, estranhamente, pela primeira vez gosto daquele cenário. Uma cidade calma, chuvosa e cinza. Nunca foi meu lugar favorito, então na primeira oportunidade dei o fora.
O meu negócio é sol no rosto, uma bebida na mão e música boa tocando. O que eu nunca consegui em Forks.
— Como Bella está?
— Ansiosa, acho? Sei lá. — Dou de ombros outra vez, me curvando para tirar o violão da capa. — Bella nunca foi muito boa em externar seus sentimentos. Então eu acho e suponho que ela está nervosa. Afinal, é o casamento dela.
Rosalie apenas fica quieta. Apoio o instrumento na minha perna, segurando o braço com a mão esquerda e pressionando as cordas, enquanto com a esquerda comecei a dedilhar uma das primeiras músicas que aprendi a tocar.
— Audioslave?
Assinto, entrando para o refrão.
— Like a Stone.
Continuo a tocar, estranhando a aproximação de Rosalie depois do gelo que levei no ensaio de casamento e em todos os outros dias que tive que interagir com os Cullen. Ela parecia inalcançável e, de repente, ela estava ali me ouvindo tocar.
Encaixo o fim da música com o começo de Creep, do Radiohead e, me perdendo na música, começo a cantar baixo a letra, sorrindo quando vejo que ela se encaixa perfeitamente com Rosalie.
— Por que está sorrindo? — Ela pergunta, de repente, e não consigo deter meu sorriso de crescer mais um pouco.
— Gosto de sorrir. — Olho de lado para ela, entrando no refrão da música. But I'm a creep, I'm a weirdo. What the hell am I doing here?
Ela revira os olhos, ajeitando o casaco fino que estava usando. Estranhamente, ela não parecia com frio, e apenas tinha arrumado por uma mania inconsciente.
— Sorrir para o nada é idiotice.
— Quem disse que estou sorrindo para o nada?
I want a perfect body, I want a perfect soul.
— Para o que você está sorrindo então?
— Não é para o que. É para quem. — O final da música se aproxima e dedilho os últimos acordes, sentindo falta da nota prolongada do final da música, junto do solo de guitarra. — E, caso pergunte, estou sorrindo para você.
Termino a música aos poucos, e quando toco a última nota deixo minha mão apoiada em cima das cordas. Levanto meus olhos para Rosalie já que eu estava curvada na direção do violão.
— Joana, certo?
— Joan. — Fico reta, ajeitando minha coluna e percebo que ela é uns bons dez centímetros mais baixa do que eu. — Prefiro que me chamem de Joan. E você? Quer que eu te chame de Rosalie, ou Elsa de Arendelle, pelo gelo que tem me dado?
— Que infantil você é.
Dou de ombros, colocando o violão na capa.
— É um dom, eu diria.
Rosalie revira os olhos outra vez, mas logo levanta a cabeça, olhando para frente. Sigo o olhar na mesma direção e vejo Alice, a Cullen animada, e percebo que não tinha visto ela chegar, ou ouvido qualquer som de passos. Franzo as sobrancelhas. Sempre fui muito observadora nesses casos, será que estive tão absorta na conversa com Rosalie que mal notei outra pessoa se aproximando?
A loira se levanta, pondo as mãos no bolso e me olha de cima. Os olhos dourados parecem perscrutar minha alma e, com um suspiro, percebo que a daria se ela me pedisse.
— Até amanhã, Joan.
Com satisfação, me lembro que Rosalie é meu par no casamento, já que Edward tinha irmãos demais sendo padrinhos e Emmett não fazia questão. Sorrio para ela, deixando que os lados da minha boca se ergam sozinhos.
— Até amanhã, boneca.
Rosalie entorta o lábio e revira os olhos, uma vez mais, antes de seguir Alice, que acena na minha direção. Aceno de volta, com menos animação do que ela e respiro fundo, me decidindo a enfrentar Charlie, Renée e Bella.
Guardo o violão e pego os papéis, percebendo que não escrevi nenhuma linha da música que estava compondo e dou de ombros. Solem que esperasse. Eu estava de férias, e não tinha obrigação alguma de compor para ele, quando se tinham mais membros na banda além de mim. Guardo os papéis na bolsa da capa e me levanto.
Coloco o violão nas costas, seguindo para casa enquanto assovio uma Creep, começando a gostar mais dessa música do que eu já gostava por um motivo muito específico. Creep me lembrava Rosalie, agora.
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𝐔𝐍𝐃𝐄𝐑 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐒𝐔𝐑𝐄, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡
FanfictionJoan Swan era o completo oposto de sua irmã gêmea, Bella. Mesmo que fossem idênticas, a diferença se tornava notável aos olhos rapidamente. Bella era calma, quieta e tímida, Joan era agitada, barulhenta e extrovertida. Se a palavra "opostos" pudesse...