CAPÍTULO SETE.

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Mamãe, ohNão quis te fazer chorarSe eu não estiver de volta amanhã a esta horaContinue, siga em frenteComo se nada realmente importasse

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Mamãe, oh
Não quis te fazer chorar
Se eu não estiver de volta amanhã a esta hora
Continue, siga em frente
Como se nada realmente importasse

BOHEMIAN RHAPSODY
Queen

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NARRADOR.

Rosalie estava ao piano, seus dedos dedilhando todas as teclas com uma calma que há muito tempo não sentia. Era uma melodia suave e Esme escutava com adoração sua filha tocar. Ela não era tão talentosa quanto Edward, era verdade. Odiava admitir que não era perfeita em algo, então jamais diria aquilo em voz alta.

No sofá, Alice desenhava o próximo vestido que faria, querendo renovar todo o guarda-roupa de Bella Swan agora que ela era uma Cullen. E, de quebra, desenhou alguns modelos mais unissex, pensando na irmã alta da nova cunhada e, que em breve, também se juntaria para a família. Sorrindo, ela se lembrou da visão que tivera, de Rosalie e a Swan juntas, mas de repente seus olhos viraram, sua postura se tornou tensa e o futuro se desenrolou a sua frente.

Em um segundo Jasper estava ao seu lado, sendo o marido preocupado que sempre era.

— O que está vendo, Alice? — A voz baixa, quase não dita, chamou a atenção dos outros parentes na sala. Rosalie sentiu seu peito apertar, se seu coração fosse algo diferente de um órgão empedrado, ela teria sentido ele querer pular de seu lugar de origem.

Sentia que algo não estava certo no exato momento que os olhos dourados de Alice se prenderam nela.

Do outro lado da cidade, dirigindo calmamente na madrugada, Joan falava ao telefone com seu colega de banda enquanto voltava para casa depois de um dia exaustivo em Port Angeles, tentando achar uma peça para a guitarra velha que tinha deixado em Forks antes de se mudar. Estava concentrada na estrada, no entanto, e ninguém poderia culpá-la de ser menos do que cuidadosa enquanto mandava Jack Solem ir se foder.

Mas infelizmente o outro motorista não era tão cuidadoso, ou tampouco estava sóbrio o suficiente para ser. Era um velho caminhoneiro, cansado e bêbado, que perdeu por alguns instantes a consciência para o sono.

Alguns instantes suficientes para atingir a lateral da caminhonete laranja com tudo, pegando em cheio Joan Swan que não teve tempo e nem chance de se proteger.

Quando Rosalie chegou lá ela já estava afogando no próprio sangue, o corpo quebrado de tal maneira que não conseguiria se recuperar. A tirou daquele monte de sucata, pouco se importando com o caminhoneiro que estava sangrando na cabine do outro lado da rodovia. Seus olhos se encontraram com os verdes da garota, nublados por dor e uma inconsciência que a desesperava e então fez a única coisa que podia fazer.

O fogo pareceu consumir Joan de dentro para fora, e os gritos eram tão ensurdecedores que Rosalie se encolhia no canto cada vez mais. A dor reverberando nela mesma enquanto olhava para a garota se debatendo na mesa hospitalar no escritório de Carlisle. Os outros Cullen estavam no andar de baixo, todos sabiam como era a transformação. A dor, o veneno entrando como ferro derretido, como lava, queimando tudo.

Alice tinha ligado para Charlie Swan e avisado que Joan ficaria na casa dos Cullen por alguns dias, pensando em uma parceria com a estilista para fazer um novo figurino para a banda. Rosalie falou com Jack Solem, tranquilizando o amigo que tinha escutado o acidente de primeira mão, já que estava falando com Joan na hora do acidente. Falou que não tinha sido nada grave, quando na verdade tinha sido um acidente que custou a vida de Joan Swan.

— Eu não tinha o direito. — Rosalie murmurou enquanto olhava para o corpo da mulher à sua frente. Alice, ao seu lado, apertou sua mão tentando confortar a garota. — Roubei o futuro dela sem nem mesmo perguntar...

— Ela não tinha um futuro, Rose. — As palavras foram ditas quase que em um sussurro. — Se não fosse por você, Joan estaria morta.

— É questão de tempo até ela estar.

— Não é o fim, Rose. Você sabe que não é.

Não tinham falado para Edward o que havia acontecido. Ele estava em sua lua de mel, e se falavam apenas uma vez por dia, isso quando ele ligava. Não queriam preocupá-lo antes do tempo, muito menos Bella.

Era o terceiro dia, os gritos estavam mais fracos e ela se debatia menos. O coração também estava cada vez mais rápido, a pele já se parecia com mármore e estava fria. Rosalie ficou ao lado dela durante toda a transformação.

O único ritmo ensurdecedor na sala era seu coração. Tão frenético que parecia uma fanfarra, batendo rapidamente, tentando lutar contra o veneno mas era em vão. Uma luta perdida desde o começo.

Joan sentia o corpo queimar. Começou nas extremidades e cada vez mais ia para o centro, passando por tudo, subindo e subindo cada vez mais. Os seus próprios gritos pareciam altos demais para os ouvidos que podiam escutar longe, que ouviam cada movimento e cada passo dado há distâncias de onde estava.

Hélices de um helicóptero. Joan Swan sentia seu coração assim, o movimento ritmado e rápido e, em meio a dor, aos pensamento e ao medo, Joan podia escutar a voz de Rosalie na sala.

— Precisaremos dos outros? — Emmett murmurou, ela reconheceu. Os gritos tinham parado e ela também não se debatia mais. Havia apenas o fogo, indo cada vez mais rápido para seu coração que, inutilmente, tentava fugir acelerado.

— Não sei se precisaremos. — A voz de anjo respondeu, baixo, e Joan desejou abrir os olhos para poder ver a face de anjo de Rosalie uma última vez antes de morrer consumida por aquela chama.

— Ela pode precisar ser contida. Joan me pareceu bastante energética quando a conheci. — O silêncio se fez presente. — Você não fez nada de errado, ursinha. Pare de se culpar.

— Sinto como se tivesse roubado a vida dela, Em.

— Você fez o mesmo por mim há anos atrás, e eu só sinto gratidão. Joan estaria a sete palmos da terra se não fosse por você.

Não houve resposta. Apenas um arfar quando as costas de Joan se desprenderam da maca e arqueou, junto de um ruído de dor. O coração mais rápido, batendo penosamente no seu peito enquanto tentava fugir, correndo e lutando com o veneno que consumia seu ser.

Então ele perdeu. Com uma última batida alta e pesada, o fogo foi apagado junto das batidas daquele órgão que tentou resistir. E perdeu.

A prova daquilo foram os olhos se abrindo, tão vermelhos quanto sangue.

𝐔𝐍𝐃𝐄𝐑 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐒𝐔𝐑𝐄, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡Onde histórias criam vida. Descubra agora