Capítulo 6

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ARES/ON

Encontra-la depois de anos, e perceber que seu rosto praticamente não mudara, nem seus olhos em sua essência, era estranho. Um magnetismo, uma sensação estranha, e até digo maluca, pois, comparando comigo, essa humana, com a essência de minha Afrodite, é apenas uma criança comparando comigo e com meus anos, ela é uma menininha assustada, forçada a vivenciar essa linha do destino trágica, apenas por ser abençoada, ou amaldiçoada pela cobiça dos deuses. Nem sei, qual seria tal resposta coerente para isso, pois vejo em seus olhos, o que ela queria. Ser uma humana normal, com lembranças de Chipre e sua família. Este era seu desejo.

Uma família.

Talvez, eu pudesse fazer isso possível, mas, enquanto estava na fonte de Métis, eu vi o destino.

"Quando a lua e o sol se encontrarem numa linha tênue, o destino da dor e do amor será cortado eternamente. E uma Supernova eclodirá no céu nublado de Chipre, no ponto mais alto da guerra, as ondas retroagirão e o sucessor dos céus nascerá, da dor e do amor, se chamará Théos, e junto com a filha da noite, que brilha, serão um só e reconstruirão o mundo dos deuses."

Um de nós morreria para dar lugar ao futuro. Mas, quem raios era Théos, ou filha da noite? Não faz sentindo algum, a profecia de Théos foi destruída eras antes, de sequer eu nascer.

Théos, era o próximo na linha de sucessão de Zeus, ele tomaria o trono, mas meu amado pai, o matou, prendendo-o dentro de meu avô, Cronos, e teve sua história apaga pela eternidade, condenado a dor e a morte, mas ele nunca foi para o submundo, ou a habitação de Tânatos, sendo um ser com sua essência perdida no universo pela eternidade.

Voltei meus olhos para a menina no sofá, que me encarava rígida, e claramente amedrontada e acuada, em certos momentos como esse, era como seu eu tivesse um dejá-vu, e visse, novamente minha querida Afrodite, com sua típica sensação de desconfiança e força, uma, que seu título, nem sua capacidade física dava, mas sua resistência e resiliência, mas, principalmente, sua capacidade de deixar o passado para trás, e ali, olhando para Dóris, em frente a uma próxima guerra dos deuses, eu entendia. Estava na hora, de deixa-la para trás, de deixar sua memória livre para ser preenchida pela menina a minha frente, que logo tomaria a frente de batalha, e talvez, quando eu partir, o posto de rainha dos deuses, com Théos, seja lá quem ele for.

- Quero explicações completas, não meias verdades. – Sua voz era severa e de ordem, exatamente como imaginei de uma deusa. – Já cansei dessa brincadeirinha de gato e rato, e não estou nada feliz com o lado da guerra em que estou.

- Você não mudou nada... – Meu caro amigo Dionísio, mais conhecido no mundo dos humanos como Taehyung se pronunciou sarcástico e exasperado, com sua típica ironia e cara apática de sempre.

- Tudo bem, temos que conversar e achar um ponto coerente para tudo, não? – A jovem sentada ao lado de Dóris se pronunciou perdida, claramente tentando acompanhar a situação.

- Pelos deuses... – Novamente ele se pronunciou exasperado com a situação.

- Você está em uma guerra, onde dois lados lhe odeiam. – Fui direto, pois, odiava rodeios, e eras atrás eles mataram muitos. – De um lado, Zeus lhe quer longe de mim, ou morta, e do outro lado temos Hefesto, que não vai descansar até destruir a mim e você, e posteriormente, o Olimpo, deixando um assassino no trono do Olimpo, impune de suas atrocidades.

- O próprio Zeus... – Ela murmurou atônita, deixando as palavras se perderem na frase.

- Temos que capturar Hefesto, e protege-la, até que Théos apareça para reivindicar seu trono, e a proteja.

- Antes que Hades, ou nossos irmãos corte nossas cabeça, caro Ares. – Dionísio falou sarcasticamente, como de costume.

- Por que Hades o odeia? – Ela olhou Dionísio irredutivelmente, ativando o olhar intimidador, que pareceu não surtir nenhum efeito nela.

- Ele não me odeia minha cara, mas não vai medir esforços para manter Perséfone e Cora seguras. – O olhar dele veio ao meu, que entendia agora, o "filha da noite", apenas por seus olhos.

Aparentemente, Théos não tomaria Afrodite para si em amor, mas sim, Cora, sua prometida pelo Oráculo de eras, aquela que reinaria ao seu lado com justiça, amor e paz.

O quão irônico essa situação poderia ser?

Mas a pergunta que me traz devaneios insistentes é:

"Onde Afrodite se encaixa nisso?"

- E o que eu tenho haver com isso? – Ela exclamou altivamente, erguendo-se de modo exuberante e estonteante, como uma linguagem efêmera jamais ousaria pronunciar tais adjetivos transitórios e inconstantes, deixando-me como seu humilde servo fiel e submisso. – Não mexo com crianças, nem com outras pessoas que claramente não tem nada haver comigo, ou minha maldição abençoadora.

- Não seja egoísta humana ingrata, passamos por muita coisa para vê-la choramingar, o quão triste é sua história. – Paciência, nunca foi muito o forte do deus do vinho, ou do prazer.

- Não sejas rude Dionísio. – Sra Póllis se pronunciou irritada com a situação.

- Desculpe-me, se um deus, não sabe o que é sofrer na carne, ou sentir dor. Se és tão apático à ponto de ser negligente e grosseiro a dor dos outros.

- Vocês parecem duas crianças birrentas. – A menina cacheada se pronunciou tão irritada quanto, olhando-os com ardor, sendo correspondida pelo olhar do meu amigo, tão intensamente, como uma competição muda.

- Mas então, vamos fazer o quê? – Ela suspirou alto, tensionando os músculos da face e ombros, com os olhos direcionados a mim, ganhando completamente minha atenção. – Não me diga que vamos ficar aqui batendo papo.

- Não. – Exclamei, encarando Taehyung de maneira ríspida, exigindo respeito e atenção. – Vamos para um lugar mais afastado, deixarei você com Taehyung, e irei até meu tio Poseidon, saber se está tudo pronto, e quando iremos agir sob seu comando.

- E o que seria esse agir? – A moça perguntou torcendo os dedos magros e delicados.

- Ir à guerra.

- Como é? – Ela gritou arredia, pronta para fugir da situação.

- Eu, ele e os cavaleiros de Poseidon com o mesmo iremos à guerra em nome de Afrodite e da Liberdade do Olimpo. – Falei calmamente, tentando me adaptar as gírias, e explicar as coisas de uma maneira que as meninas entendessem. – Tomaremos o Olimpo, e iniciaremos uma Nova Era, com certeza com guerras e mortes, mas com vitórias e conquistas também.

- E esperam que eu participe, ou seja o prêmio Nobel de alguém? – Exclamou batendo os pés.

- Esperamos que seja útil e menos falante. – Tae cruzou os braços colocando suas palavras ao desdém.

- Esperamos que distraia o Olimpo e que aprenda a lutar, pois você é quem guiará Théos e Cora ao reinado. Você protegerá as crianças, e com amor e humildade, os ensinará a serem bons líderes, bons rei e rainha.

- Querem me jogar na cova dos leões sem nem me consultarem?

- Sinto muito querida, mas você já está na cova há mais de 11 anos Dóris. – Andei até ela, sem me importar com mais ninguém, segurando suas pequenas mãos geladas nas minhas mãos quentes, fervendo em ansiedade. – E eu pretendo salvá-la, arrancá-la daquele quarto, para nunca mais voltar. Pretendo salvá-la, nem que seja de si mesma, para sempre.

Até de mim mesmo também...


COMEÇA A MARATONA!!!

Finalmente livre da escola por duas semanas, ajeitando tudo, e agora, oficialmente começa a maratona de 1 semana de capítulo de Ares, que seguirá até quinta que vem 22/07

Espero que gostem e peço que comente, curtam e compartilhem muito, para ajudar na divulgação e engajamento, pois ajuda muito na motivação de quem escreve.

Amo vocês, e aproveitem...

༻ARES༺Onde histórias criam vida. Descubra agora