Love and The Rock Princess

Should I Stay Or Should I Go - The Clash

Número de palavras: 6.259

Lumos, 2014.

— A gente matou ela! — Sirius gritou desesperado com as suas duas mãos praticamente coladas ao volante.

— Você matou ela! — James argumentou igualmente agitado pelo susto repentino.

— Ninguém matou ninguém, fiquem calmos! — Remus ordenou de forma pragmática tentando manter a calma entre o trio — Eu vou verificar o estado dela e vocês procurem o hospital mais perto daqui — pediu abrindo a porta do passageiro enquanto se preparava mentalmente para prestar os primeiros-socorros a mulher atropelada.

Tonks o encarou ponderando se deveria ou não revelar a real gravidade da sua dor. O rosto do desconhecido era manchado por longas e evidentes cicatrizes, seus cabelos dourados brilhavam contra os fracos raios de sol daquela manhã, era magricelo e alto como um jogador de vôlei, mas não possuía um porte atlético evidenciando o seu total desinteresse pelo mundo dos esportes. O homem trajava uma calça jeans comportada de tom marrom escuro e uma blusa preta com o símbolo da banda Nirvana, ele não era um pouco velho para usar aquelas camisetas de banda?

Atrás dele, dois homens contrastantes desceram do banco da frente do veículo. O primeiro era um homem alto, com cabelos escuros e com o corpo recheado de tatuagens das mais variadas cores e tamanhos. O segundo homem possuía uma pele amendoada, cabelos fartos e escuros, usava um par de óculos cujo grau era obviamente elevado e, no meio de sua testa entre suas sobrancelhas, um pequeno círculo vermelho revelava as suas crenças hinduístas.

Tonks permaneceu no chão tentando assimilar o que estava acontecendo com o mundo ao seu redor enquanto tentava a todo custo se levantar sem qualquer tipo de auxílio, porém, ao fazer isso, a princesa caiu novamente contra o chão ralando suas mãos e intensificando ainda mais a dor que sentia devido a grave torção do seu pé direito.

— Es-tu aveugle? — resmungou em sua língua materna.

— Você fala a nossa língua? — o homem de cabelos longos questionou como se Tonks fosse um animal de outro planeta.

— Você são cegos? — adaptou a pergunta anterior.

— Você quem atravessou a rua feito uma maluca! —  rebateu, nunca levava desaforo para casa mesmo sabendo o quão errado estava naquela situação.

— Posso ver? — o mais tranquilo entre os três perguntou apontando para o tornozelo deslocado e Tonks concordou com a cabeça permissiva.

— Você só deslocou o osso, não está quebrado — ele informou para o alívio da princesa — Podemos te levar para o hospital se quiser.

— Eu... — queria, mas não podia. Se os seguranças da estação de trem a reconheceram, certamente os profissionais de saúde do país inteiro também a reconheceriam — Eu não tenho plano de saúde e Lumos não tem um sistema de atendimento público. Eu não posso pagar pelos exames — mentiu torcendo mentalmente para que aqueles homens não soubessem muito sobre as políticas daquele país.

— É tão caro assim? Se não for tão caro, podemos pagar, se dividirmos o valor por quatro... — James sugeriu e Tonks maneou com a cabeça indicando que nada poderia ser feito — Aonde você estava indo com tanta pressa? — o homem de descendência indiana perguntou curioso.

— Berlim — se embolou com as palavras — Quero dizer, eu estava indo para a estação de trem, mas acho que perdi o horário — mentiu parcialmente. Ainda podia pegar o trem, mas isso não justificaria o motivo da sua pressa. A sua mentira precisava ser perfeita até mesmo nos pequenos detalhes.