Capítulo 1

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"Sei todos os seus segredosVocê sabe todos os meus favoritosAcho que algumas coisas nunca mudamNós sabemos o que isso significaQuando olho para você é como se eu olhasse para mimMinha vida realmente seria terrívelSe eu estivesse sozinhaSozinha sem...

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"Sei todos os seus segredos
Você sabe todos os meus favoritos
Acho que algumas coisas nunca mudam
Nós sabemos o que isso significa
Quando olho para você é como se eu olhasse para mim
Minha vida realmente seria terrível
Se eu estivesse sozinha
Sozinha sem você

– Flying Solo
-JATP

— ✩✩ —

✰ 03 de agosto, segunda-feira ✰

Estava andando pelos corredores infinitos da escola. As portas pareciam se multiplicar conforme eu andava, mas eu não conseguia abrir nenhuma delas. Tudo estava estranhamente quieto, eu só podia ouvir a minha respiração acelerada e o barulho estalado que meus pés faziam ao se encontrar com o chão. O calor ali era absurdo, e eu quase não conseguia raciocinar enquanto caminhava. Estava procurando alguém, que eu não sabia exatamente quem, olhando para todos os lados sem deixar que minha velocidade diminuísse. 

Avistei um corredor paralelo à direita e fui até ele, encontrando uma grande abertura. Logo me vi em um campo enorme e aberto. Continuei andando, sentindo um vento forte que veio de repente no meu rosto, e a grama nos meus pés. O silêncio foi substituído por uma linda melodia cantada pelos pássaros. Continuei andando, ainda olhando para os lados, buscando algo que eu nem me lembrava mais o que deveria ser. O vento atingiu meu rosto de novo e a grama parecia se mexer. O canto dos pássaros começou a ficar mais alto. Agora já não era mais suave. Era alto e insuportável. O vento me atingiu novamente.

Abri meus olhos subitamente e demorei alguns segundos para processar o que estava acontecendo. Eu estava deitada na minha cama, com um pouco de saliva escorrendo pelo canto da boca, o peito subindo e descendo rapidamente e o barulho do despertador tocando alto. Estiquei o braço em direção ao meu celular, que ainda tocava, na cabeceira da cama.

Desliguei a melodia de pássaros e tirei o aparelho do carregador. Não sei onde eu estava com a cabeça quando pensei que seria uma boa ideia colocar esse som como alarme. Esfrego os olhos, finalmente me acalmando e sinto algo se mexendo embaixo das cobertas, perto dos meus pés. Sorrio ao ver que a grama do meu sonho na verdade era Estrogonofe, meu gatinho laranja. Eu sei, clichê. Mas vai, é legal.

Levanto da cama depois de cinco minutos, tempo que a minha alma levava para voltar ao meu corpo. Pelo menos o suficiente para me fazer levantar. Pouco tempo depois estou pronta, em pé no ponto de ônibus. Uma brisa fria me atinge, soprando meus longos fios castanhos e bagunçando a minha franja, e fico grata por estar usando um moletom e uma calça jeans escura, mesmo que a última fosse peça obrigatória para o código de vestimenta da escola. A blusa polo branca e sem graça do uniforme quase não podia ser vista por conta do moletom, que a tampava e deixava apenas a barra inferior e a gola de fora. 

O ônibus chega, e assim que entro agradeço mentalmente ao ver que o banco único está vago. Fico aliviada por saber que poderei ouvir minhas músicas sem me preocupar caso algum estranho sente ao meu lado. Ou mesmo algum aluno da minha escola. Minha alma só está em 70% agora e não estou pronta para interações sociais ainda. Nunca sou boa com elas, na verdade. Tudo o que eu menos preciso agora é botar minhas habilidades sociais de qualidade duvidosa para jogo. Intercalo o olhar entre a paisagem do lado de fora e meu all star preto levemente surrado. Preciso mesmo lavá-lo.

A Estrela que FaltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora