Capítulo 9

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"Talvez o mistério de outros ventosMe traga de volta aquiEu sinto o vento trazendo algo novoQue ainda vai nascerSobre um novo tempo maravilhosoPra ser quem a gente é"

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"Talvez o mistério de outros ventos
Me traga de volta aqui
Eu sinto o vento trazendo algo novo
Que ainda vai nascer
Sobre um novo tempo maravilhoso
Pra ser quem a gente é"

– Clarão
- Jão

— ✩✩ —

✰ 18 de agosto, terça-feira ✰

Sinto uma gota de suor escorrer pela minha testa. Hoje está muito quente, nem parece que ainda estamos no inverno. Enfim, Rio de Janeiro. São duas da tarde e estou quase chegando no meu destino final. O mesmo destino dos últimos dias. Penso na conversa que tive com meus amigos hoje. Será que esse esforço todo vale a pena mesmo? Não sei. Mas acho que só vou descobrir se tentar. A menina era uma pessoa legal, e mesmo não conhecendo-a bem, consigo sentir.

Ter ela como amiga é uma coisa curiosa. Sei que ela se sente mais confortável comigo hoje do que antes, e isso também aconteceu comigo. Mas como ela gostava de manter esse negócio de ser tão misteriosa. Eu não conseguia entender. Entro no parque e já a vejo de longe. Não demora muito para ela notar a minha presença. Ela sorri para mim e eu sorrio de volta, feliz por não ter cliente nenhum aqui hoje.

— Olha só quem voltou — ela diz quando chego perto o suficiente para que possa ouvi-la. — Sentiu minha falta?

— Do mesmo jeito que você sentiu a minha — tiro a mochila, colocando-a no chão perto de mim.

— Vai pedir alguma coisa hoje ou comeu na escola?

— Comi na escola.

— Imaginei — ela começa a limpar o balcão.

— Como?

— Pelo horário — ela responde com tranquilidade.

— Que horror — finjo estar ofendida. — Stalker você é, né? Agora o seu nome você não diz — ela ri, sem tirar a atenção da limpeza que fazia.

— Você nunca vai desistir, não é? — guarda o pano e se vira para mim.

— Nunca mesmo.

— Que bom. Assim vou lucrar muito com você ainda. Você praticamente tá pagando o meu salário — dessa vez sou eu quem ri.

— Às vezes me surpreende o fato de que você tem um senso de humor — ela ri também. — Mas hoje seu salário terá um corte, graças ao delicioso bife acebolado proporcionado pela escola.

— Que pena, vou cancelar aquela televisão que eu ia comprar então.

— Mas diz aí, como foi seu dia hoje?

— Ah, normal — agora ela lavava uma pequena quantidade de louça suja que estava na pia enquanto eu continuava debruçada no balcão. — Tive aula até meio dia, vim trabalhar, discuti com um cliente, uma criança vomitou ali — ela apontou para um lugar não tão longe de onde estávamos. Não tinha mais nada ali, mas ainda era possível ver uma marca no chão. — Um homem veio me pedir dinheiro, tudo normal. Tava mais movimentado antes de você chegar.

A Estrela que FaltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora