Capítulo 3

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"Eu tenho essa sensação, sim, você sabeDe que estou perdendo todo o controleEu tenho essa sensação em minha almaVá em frente e jogue suas pedras"

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"Eu tenho essa sensação, sim, você sabe
De que estou perdendo todo o controle
Eu tenho essa sensação em minha alma
Vá em frente e jogue suas pedras"

- Bones
- Imagine Dragons

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✰ 03 de agosto, segunda-feira ✰

Depois de virar perto de uma árvore, avisto a barraca, de longe. O drama abandona meu corpo, deixando espaço somente para a ansiedade. Vou andando lentamente até lá, adiando o máximo que posso enquanto sinto minhas mãos suarem, apertando a nota de dois reais. Ensaio mentalmente o que dizer. Sinto o aperto no meu peito voltar mais forte, e tento manter a respiração controlada. Estou cada vez mais perto do lugar, e vejo pequenas filas.

"Não é tão difícil — penso — eu só vou esperar na fila, dar... que horas tem agora? Okay, dar boa tarde, pedir um guaravita e entregar o dinheiro para o atendente. Não vou precisar de troco, nem passar cartão, são poucas palavras, eu consigo."

Não estou tão convencida com meus próprios argumentos. Sei que isso parece tão bobo. É bobo até para mim. É uma coisa tão simples, tão comum, e mesmo assim é um mini pesadelo toda vez que acontece. Me aproximo da pequena quantidade de pessoas. Haviam duas filas, uma para fazer o pedido, e outra para retirá-lo.

Tem apenas três pessoas na fila que entro, e para me distrair observo uma moça que está fazendo seu pedido. No caixa, há um homem de uns trinta e poucos anos. Sua voz estava tão entediada quanto a expressão em seu rosto. Isso não me deixa exatamente mais tranquila. Ele estava usando uma touca e um avental, e consigo ver de relance outra pessoa lá atrás também, preparando os pedidos.

Fico alternando meu peso de uma perna para outra, e brinco com o dinheiro que está em minhas mãos, sem deixar de prestar atenção nas pessoas ao meu redor. Seco as mãos na calça quando percebo que estão muito úmidas, e dou um passo à frente quando a cliente vai para a outra fila. Sinto o aperto no peito se intensificar, e continuo repassando meu roteiro na cabeça, repetidamente.

Mais um passo à frente e estou quase lá. Balanço os dedos discretamente para que ninguém perceba. Noto que duas pessoas entraram na fila atrás de mim agora. Me esforço para não olhar para elas. Não deixo de prestar atenção por um minuto sequer ao moço que está a minha frente, fazendo seu pedido. Tomara que não pensem que estou obcecada. Ele finalmente passa para a outra fila e me aproximo do atendente e sua cara de tédio.

— Boa tarde, em que posso ajudar?

— Boa tarde — "isso, seguindo o roteiro". — É... — hesito, e minha voz sai mais fina do que o normal. — Vou querer um guaravita, por favor. — Ele digita alguma coisa e me repreendo mentalmente por ter hesitado. Não é tão difícil assim.

A Estrela que FaltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora