After the war

03 - Micaela Flores

Ele tinha conseguido chamar minha atenção. Sabia da beleza que a família italiana tinha nas suas costas, sabia muito bem que o traço de seu olhar intenso vinha de gerações antigas.  Mas eu realmente não acreditava que ele roubaria minha atenção. Quando meu pai falou para ter cuidado com os príncipes, eu simplesmente ignorei, mas agora, enquanto eu andava em sua direção, eu me arrependi de não ter ouvido meu rei. Eu sabia onde estava me metendo, tinha que ter cuidado, mas aqueles avisos sussurrantes na minha mente desarvoraram totalmente dos meus pensamentos, enquanto suas costas se viravam para o guarda, e agora eu tinha roubado sua atenção.

— Alteza Flores, espero que a bebida esteja de bom agrado para a senhorita. — sua voz era calma, mas grossa. Um tipo de arrepio percorreu pelas minhas costas.

— Está ótima, Alteza Lancellotti. Mas esta tudo bem? Percebi que estava conversando com o guarda, espero que a segurança esteja conforme os planos, principalmente depois dessa guerra. — sentir que o clima ficou meio tenso, e eu não sabia se era pelo assunto que eu puxei, ou outra coisa. Minha mente acreditou que era a segunda opção, já que não tinha motivos para ficar tenso com o assunto de guerra. Na verdade tinha, mas prefiro ignorar essa parte pessoal, não é exatamente o que herdeiros deveriam dialogar na sua primeira conversa.

— A segurança está nos eixos, não precisa se preocupar. Nem com a guerra, duvido que vá acontecer novamente um evento como esse ou outro do tipo.

— Não estou preocupada com a guerra ou algo do tipo, se isso acontecesse no meu país eu conseguiria lidar muito bem. Treinada para isso desde pequena, creio que seu treinamento não tenha sido muito diferente que o meu, apesar de toda a cultura ser diferente. — percebi que tinha pegado um pouco pesado, depois de ver sua expressão facial sem nenhuma reação. Era algo pessoal, e quase me matei por ter falado desse jeito. — Me desculpa, acabei pegando pesa-

— Não peça desculpa, acho que também foi treinada para isso. Eu sei muito bem separar coisas pessoais e formais, lidei com a guerra da melhor forma possível, e sei o que faria se outra começasse. — seu tom saía meio rude, com toda razão. Ninguém deveria mexer com feridas ainda abertas.

— Certo, se sabe separar tão bem o que é oficial e o que não é, porque não me chama para dançar? Ou vai ficar ai, em posição de ataque? — um sorriso de lado foi brotando em meus lábios carnudos, enquanto entregava minha taça para um dos garçons. Ele não fez muito diferente.

Não nego que assim que me tomou pela cintura, a mão em um aperto firme, um calor passou pelo meu corpo. Estava me guiando para a pista de dança, e provavelmente me faria dá piruetas por ali. Sinalizou para os músicos, o ritmo calmo começando. Uma mão foi para o seu ombro, enquanto a outra roçava em meu próprio vestido. O olhar dele era intenso, se eu não soubesse o que ele perdeu para está aqui, e tudo que ele vai ter que recuperar, juraria que era o homem. Talvez fosse como acontecesse eu vários livros: A mocinha se apaixona pelo o vilão. Mas eu não estava e nem ficaria apaixonada por ele, não podia. Ele não.

— Está gostando da dança, ou vai continuar quase babando no meu ombro? — levanto meu olhar encontrando com seu sorriso ladino.

— Olha, eu dou babando porque a dança realmente está chata. Acho que isso pode responder a duas coisas, não? — meu sorriso não era nada diferente do dele, que logo se transformou em exclamação de surpresa quando ele agarrou com mais firmeza minha cintura, e trouxe meu corpo para mais perto do dele.

— E agora? Está de ótimo tamanho para Vossa Alteza? — seu tom era sarcástico, me fazendo arrepiar mais ainda. Minha mão vai para seu pescoço, podia jurar que eu tinha causado a mais reação na pele dele.
Não precisei de muito tempo para perceber os olhares da gente. Nossas mães nos olhavam sugestivas, o irmão dele, Dante, nem se importou, parecia na verdade segurar uma grande risada. Mas foi o olhar dos nossos pais que me fez separar dele e me afastar. O rei mexicano parecia que iria me estrangular, já o italiano, eu jurava que nunca tinha visto um sorriso tão diabólico como aquele.

— Foi uma ótima dança, espero poder desfrutar de outras. — na verdade não. Eu precisava manter distância, muito mais que só alguns metros durante o resto do baile.
Eu precisava guardar meu coração. Eu precisava guardar meus sentimentos. Precisava manter aquilo que estava no maldito contrato.
               
                               ☆ﾟ.*･｡ﾟ
Caminho pelo corredor, aonde tinham me mostrado meu quarto. Os saltos já estavam machucando meu pé, não era algo surpreende na verdade. Aquele castelo era enorme, próprio para eventos gigantes, e receber todos os reis do mundo inteiro. Bem, isso era antes do atual rei tomar conta do país e a guerra acontecerem. Andar pelos corredores estava sendo tranquilo, apesar de não ter muitos guardas, já que rodavam mais o quarto principal, e dos príncipes, era tudo iluminado. Os poucos guardas que passavam por mim, faziam suas habituais revências. O castelo era tão grande, que cada príncipe tinha sua área sozinha, um corredor para cada um, uma porta que dava para o quarto imenso deles, afastadas um do outro. E foi isso que acabou me chamando atenção.

Quase subindo o ultimo lance de escadas, para meu quarto, certo corredor passou pelo meu olhar. Sem guardas, e quase sem nenhuma iluminação. Eu nunca tinha aprofundado nesse castelo quando vinha para cá há anos atrás, ou seja, quando nem sete anos ainda tinha. Não sabia que corredor era aquele, mas sabia que não era para ir lá. Meus pés ganharam vida e foram ao longo do corredor escuro podia perceber que tinha desenhos pela parede. Pintados, desenhados ou entalhados. A porta no fim daquele estendo lugar, tinha detalhes únicos, bonitos, um toque feminino de criança. Foi quando a ficha tinha caído, já sabia onde estava. Era a área real da princesa. A princesa que ninguém sabia onde estava. Que todos acreditavam está morta há muito tempo. Menos eu. Eu sabia onde estava, e podia afirmar que estava mais viva do que nunca.
                            ☆ﾟ.*･｡ﾟs