02 - Luca Lancellotti

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Estava condenado a guilhotina. Enquanto andava a passos apressados pelos os corredores, trombando em todos os criados nas curvas, podia ouvir o zumbido da lâmina descendo e levando carne e ossos ao demônio. Esses dias tinha me esforçado mais que o habitual, tenho que fazer por merecer. Honrar o nome do meu pai, quando ganhasse aquela coroa pesada e foleada a ouro.

Passei o dia todo dentro do escritório, trabalhando. Issac tentou me tirar de dentro daquelas quatro paredes com papel cetim marrom, mas não podia. Todo aquele evento iria me custar tempo. Por que diabos o conselho aceitou a união, justamente agora? Pelo os olhares que os mesmos laçavam para mim, em dezenas reuniões, já imaginava a resposta. De um jeito claro e simples, estava estampado na testa de todo mundo aquela maldita palavra que em um tempo mais jovem eu sorria imaginado o dia, mas hoje em dia, me causava pesadelos.

Casamento. Vinte quatro anos na cara, e ainda não tinha uma pessoa para dividir a vida. Na verdade tinha. Deste aos quatorze anos que eu sempre pude contar com uma pessoa, tanto nas madrugadas escondidas um no quarto do outro, quanto em simples passeios na frente de todos, como se fôssemos simples e verdadeiros amigos. Todavia, sempre fomos assim. As coisas só começaram a esquentar naquela madrugada serena e quente. Quando todo o pesadelo começou a caminhar.

Porém aquilo era o menos importante no momento. Eu só tinha que conseguir abotoar aquele maldito terno preto, e chegar a tempo. Mas já estava ferrado mesmo. E consegui comprovar aquilo assim que abrir a porta lateral do salão e dei de cara com os olhos azuis reluzentes do rei me encarando. Engolir em seco, e caminhei até meu lugar, ainda lutando com aquele pedaço de seda.
Assim que fiquei entre meu adorável irmão e minha mãe, ouvir a comitiva chegando. A postura digna de um futuro rei se toma presente em meu corpo alto. O rei do México se aproxima aos poucos, sua voz grossa me pegou de supressa. As duas famílias são reverenciadas, e quando volto meu corpo para cima, um par de olhos intensos e misteriosos me encarava. Fico estático no lugar. Seus olhos profundos era uma cor tão marcante. Pretos intensos, se destacando em usa pele clara.

Sou tirado da minha fascinação pela a moça, quando ouço a voz grossa do rei do México. Obrigado a cortar o contato visual, dirijo meu olhar agora para o corpo robusto a frente de meu pai. A pele morena se destacando assim como os olhos negros profundos. Assim que meus pais trocaram algumas palavras com ele, o corpo mediando do rei se aproxima do meu. Naquele momento eu estava me sentindo um adolescente de quinze anos.

- Então esse é o futuro rei da Itália, é um grande prazer conhecê-lo, alteza Lancellotti.
- O prazer é todo meu, majestade Flores - pelo menos o sobrenome deles eu tinha gravado. Aceno com a cabeça cordialmente. Assim que seu corpo se locomove para frente de Dante, meus olhos voltam a encarar aquela donzela, que estava a cochichar com sua mãe. Provavelmente estava na cara que eu olhava diretamente para ela, pois ouvir uma garganta ser arranhada atrás de mim. Sabia quem estava fazendo a guardo do salão, sem ao menos olhar para o rosto do guarda. Troco o peso da perna, me sentindo incrivelmente desconfortável naquele momento.
Estava tão hipnotizado naquele sorrindo livre, estampado na pele que brilhava pelas as luzes espalhadas por todo o local, que recebia os olhares atentos da rainha e herdeira do México, que não reparei os reis saindo lado a lado indo até o bar. Só quando ouvir a voz doce e aparentemente casada da rainha Alessia ao meu lado.

- Seu pai deve está furioso pelo seu atraso, meu filho - olho para a mesma, seus olhos castanhos profundos me pegando de surpresa. Muitas famílias que tinha o pai com olhos azuis herdavam isso, mas aqui foi completamente ao contrário. A genética da minha mãe era a mais forte, até por ela ser a herdeira de sangue da coroa, assim como eu. No fundo eu agradecia por isso. Era melhor encarar os mesmo olhos castanhos todo dia no espelho da mulher guerreira na minha frente, do que os olhos azuis daquele assassino. Mas também significava lembrar a cada momento, que olhava para meu reflexo, os olhos brilhantes e sonhadores daquela pequena e ingênua menina de anos atrás.

- Eu sei, mas tive meus motivos. As papeladas só crescem cada vez mais, me perdoa. - seu suspiro foi possível de se ouvir, apesar da música do salão começar a tocar.

- Sabe, se tivesse alguém ao seu lado, uma esposa, o trabalho seria menor - meus ombros caem. Novamente aquele assunto no ar. E ficaria assim, no ar. Pego a bebida forte da bandeja que passa perto do meu corpo. Por que as pessoas se preocupavam tanto assim? Procurar uma esposa, ganhar a coroa, ter filhos.

Uma família. Essa palavra martelava na minha cabeça desses a pré-adolescência. Ter uma família, mas não com quem podia. Talvez o mundo tivesse virado a cara para mim, e fez tudo que ruim acontecer hoje. Não que ouvir sua voz me chamando baixinho era algo ruim, mas no momento não era conveniente para nenhum dos dois.

- Algo está te incomodando, senhor Belverdon? - meus olhos encontram aquela imensidão azul dos seus, que me fizeram sonhar com coisas impossíveis por tanto tempo.

- Não, alteza. Tem algo que eu possa fazer por sua pessoa? - tinha. Tinha sim, mas não podíamos. Não agora, então minha cabeça faz um gesto de negatividade. Se não fosse pela voz doce atrás de mim, ficaria com o copo na mão até o fim da festa, babando nos olhos dele.

After the warOnde histórias criam vida. Descubra agora