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Mais um dia de trabalho tinha terminado e Luke estava voltando a pé para casa, a cafeteria não ficava longe de onde mora então era fácil ir e voltar andando. Outro ponto positivo de trabalhar lá. Aquele tinha sido um ótimo dia, ele ganhou boas gorjetas, ninguém encheu seu saco, estava tudo indo bem.

O bairro estava calmo também, sem nenhum carro na rua e até tinham algumas crianças brincando na frente de suas casas. O loiro tentou passar o mais longe possível delas, crianças são barulhentas demais e sinceras. Michael era exatamente como uma criança.

Será que o seu entretenimento diário iria querer falar com ele hoje? Luke não sabia se queria aquilo, mas as discussões com aquele garoto o empolgavam. Era como um combustível.

Assim que se aproximou de sua casa, Hemmings caminhou até a porta, mas antes de pegar a chave para abri-la, ele virou o olhar para a casa dos Clifford, apenas para checar. Para sua surpresa, Michael estava lá na frente. Sentado no gramado abraçando as próprias pernas. Juntando aquilo com as roupas pretas, era a cena mais triste que o loiro já tinha visto. Será que ele deveria ir até lá? Mas se fosse, o que ele iria falar? O garoto parecia entediado vendo dali, talvez ele nem esteja realmente triste.

Luke guardou as chaves no bolso novamente e foi até o jardim da casa ao lado, onde Michael estava sentado. Assim que o loiro se aproximou, o outro levantou o olhar para ele. Clifford tinha uma expressão calma e entediada no rosto, o loiro não sabia dizer se ele estava triste ou com muito, muito tédio.

─ O que tá fazendo? Esperando o caminhão de lixo? ─ Luke perguntou, mas logo se arrependeu de ter dito aquilo. Era algo muito idiota, ele não costumava ser assim.

─ Eu não preciso do seu mau humor contagiante hoje, ok? Me deixa em paz. ─ Michael voltou o olhar para os próximos pés enquanto brincava com um pedacinho de grama entre os dedos. Hemmings se agachou para ficar mais próximo dele, olhando para o rapaz como se perguntasse o que aconteceu. ─ Eu não vou falar com você sobre isso.

─ E tem mais alguém pra você falar? ─ Luke não sabia exatamente porque estava interessado naquilo, mas Michael o fitou derrotado e soltou um suspiro triste, então funcionou.

─ É uma boa notícia pra você, na verdade. Minha banda acabou. Pode comemorar, soltar fogos, sei lá, faz o que você quiser. ─ Ele apoiou o queixo em uma das mãos, deixando o cotovelo sobre o joelho dobrado. Clifford tinha um olhar distante, parecia que evitava olhar para o loiro.

─ O que rolou? Eles perceberam que o som era horrível? ─ Luke se sentou ao lado dele no gramado.

─ Dá pra parar com isso, seu idiota? Eu tô passando por um momento de luto aqui, insensível do caralho. ─ Ele olhou para Luke e pelo seu rosto, parecia ter ficado realmente mal por aquilo.

─ Ok, parei. ─ O loiro levantou ambas as mãos em redenção. ─ Mas o que aconteceu? Eles saíram do nada? Não que eu me importe, só fiquei curioso. . .

─ Aham. . . Eles decidiram que vão focar nessas coisas inúteis, tipo faculdade, e a banda tava atrapalhando eles em seguir com o futuro brilhante. Espero que o Ashton e o Calum explodam. ─ Ele disse ainda parecendo estressado, Luke apenas o ouviu com atenção. ─ Às vezes eu queria que as pessoas olhassem o mundo como eu, sabe? Você vai achar isso idiota, porque você é chato. Mas eu acredito que todo mundo deveria ir atrás do seu sonho, não seguir o que os outros esperam de você. Tipo, eles não querem ir pra faculdade, eles querem continuar com a música, eu sei disso.

Era interessante a forma como Michael pensava, mas aquilo não fazia muito sentido na cabeça de Luke. Para ele, tudo era preto ou branco, você deveria sempre escolher o que vai ser melhor para seu futuro, independente de sonhos ou não. Talvez ele pensasse assim porque não tinha nenhum sonho, ou pelo menos não um grande e importante.

noisy boy ── muke!Onde histórias criam vida. Descubra agora