Caco de vidro

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A dor da solidão eu conheci desde os primeiros minutos de vida, fui criada pelas freiras, aos onze anos fui encaminhada a um internato no interior, onde o pesadelo se tornou pior.
No convento mesmo com a rigidez das freiras e os castigos severos, eu ainda possuía a inocência, segurança, infância...
Sempre fui calada, quieta, tinha pesadelos onde eu sempre ela levada pra um lugar escuro e ruim, algumas vezes eu tentei conversar com a Madre e fui levada a uma espécie de aconselhamento espiritual pois elas achavam que poderiam ser coisas do mal, e por algumas vezes eu tinha que ficar isolada das outras crianças e era muito solitário mas não me assustava, até que parei de contar e mentis falando que nunca mais me ocorreu nenhum sonho, acho que por isso eu vim parar aqui...
O primeiro abuso aconteceu no começo da minha puberdade aos onze e hoje eu já tenho quinze anos e esse nojento ainda me ameaça e abusa de mim, eu já tentei fugir daqui e fui pega nas três vezes, levei uma surra e fui torturada, eu não tenho amigas, nas aulas ninguém fala comigo, eu não foi ao refeitório no mesmo horário que elas, nunca sou chamada para nada, não tenho com quem falar, aqui não temos aparelhos celulares e nenhum meio de comunicação, eu não sei o que fazer e por diversas vezes já tentei me matar ou me machucar para ir a um hospital de verdade.
Na primeira vez que aconteceu o abuso eu choquei a minha cabeça com força contra a parede, desmaiei e fui levada a enfermaria, me passaram analgésicos e eu aleguei ter ficado tonta o que teria causado a minha queda, na segunda eu roubei alguns remédios e ingeri tudo junto, infelizmente só tive uma reação alérgica e eles me ficharam como tentativa de usar drogas, me intoxicaram e fui liberada, comecei a me auto multilar, mas por ordem do diretor eles nuncam me questionam e nem me ajudam, o infeliz diz que meu sofrimento é prazer pra ele.
Enquanto o monstro faz a atrocidade comigo, eu choro e só peço pra morrer, eu do queria algo bem pontudo e afiado, eu não aguento mais.
Na minha cama chorando e olhando o céu escuro pela janela, em poucos movimentos e bem ágil surge a ideia, pego o meu livro mais grosso e o atiro pela janela, o vidro é quebrado e fica algumas pontas pontiagudas, encolho as mangas do casaco e corto meus pulsos, sinto o sangue escorrer e começo a me sentir fraca, só escuto a porta ser arrombada e alguma aluna com a voz muito fina diz que ouviu barulhos do meu quarto e parecia que eu tinha fugido mas a garota da um grito muito alto quando vê o meu sangue e isso é a última coisa que escuto antes de apagar, será que consegui? Porque não pensei nisso antes?

As mágoas de uma menina Onde histórias criam vida. Descubra agora